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Brasileiros, incluindo bolsistas do CNPq, estão entre os melhores cientistas da área de Ciências Ambientais
O Research.com - site acadêmico sobre os melhores cientistas, universidades, periódicos e conferências ao redor do mundo - publicou em setembro a segunda edição do ranking dos melhores cientistas da área de Ciências Ambientais do Brasil. Com 59 cientistas reconhecidos, 42 deles bolsistas de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Brasil chega à 20ª posição na área de Ciências Ambientais no mundo. O ranking foi criado com base em informações consolidadas retiradas de uma variedade de fontes, incluindo o OpenAlex, catálogo aberto e gratuito com dados mundiais sobre cientistas, periódicos, artigos e instituições, e do CrossRef, plataforma que conecta pesquisas e cientistas ao redor do globo. A métrica em que o Research.com se baseou para a avaliar as citações foi proveniente de informações bibliométricas adquiridas em dezembro de 2022. A posição no ranking obedece ao D-index (Discipline H-index) de cada pesquisador, que considera apenas artigos e dados de citações de uma disciplina examinada. O limite do índice D para aprovação de um pesquisador a ser considerado é estabelecido em 30, se a maioria de suas publicações for da área de Ciências Ambientais.
A Universidade de São Paulo (USP) é a instituição com maior número de acadêmicos de destaque no Brasil, tendo dezesseis cientistas afiliados figurando no ranking de Ciências Ambientais. A seguir vem o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), com doze pesquisadores. Os demais cientistas de destaque listados se encontram na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Universidade Federal do Ceará (UFC), na Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Universidade Federal de Lavras (UFLA), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e no Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON).
O professor da USP e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Paulo Artaxo, encabeça a lista, com D-index de 113 e mais de 63 mil citações. Ele é o 62º cientista colocado no ranking dos melhores pesquisadores em Ciências Ambientais do Mundo. “No meu caso, faço meu trabalho pensando em ajudar o país e o planeta a lidar melhor com os recursos naturais que temos e como minimizar os danos ao meio ambiente das atividades antropogênicas em geral”, afirma o professor, comemorando o reconhecimento de seus estudos.
Artaxo trabalha em várias frentes de pesquisas ambientais, como poluição do ar e meio ambiente amazônico, e diz que pautou sua carreira por colaborações científicas intensas desde o início. “Os temas com que escolhi trabalhar facilitam muito essas interações e parcerias. Boa sorte também conta”, completa. Artaxo afirma que, por meio do trabalho, buscou também engajamento com a sociedade como um todo, tanto do ponto de vista do aprimoramento democrático, quanto da busca por justiça social. “Acho importante vermos a ciência como algo que visa melhorar a vida das pessoas e ajudar a sociedade a se tornar mais sustentável e justa. Sem uma perspectiva de justiça social, acredito que a ciência fica sem sentido”, comenta ele. Para Artaxo, quem opta pela carreira nas ciências tem de ser perseverante. O professor aconselha quem está começando a trilhar esse caminho a arriscar-se em áreas novas e promissoras e a construir uma rede de colaboradores de longo prazo, que tenham ideais similares. “É importante ser inclusivo, construindo parcerias com vistas a longo prazo. Sempre ter um caráter inovativo e não desistir fácil, pois os fracassos que todos temos são inevitáveis e ajudam a construir um caminho de sucesso na vida”, completa.
O pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta aos Desastres Naturais (Cemaden) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, José Antonio Marengo, segundo lugar no ranking dos melhores cientistas do Brasil na área de Ciências Ambientais, por sua vez, acrescenta entre os conselhos para aqueles que estão no início de suas carreiras na ciência, a trabalhar de forma dedicada, procurar informações de qualidade na respectiva área de conhecimento e a, sobretudo, aprender inglês. “A ciência não é algo que se desenvolve em horário de expediente e não se faz em dias de feriados e em dias de final de semana. A pesquisa acontece a qualquer momento”, ressalta Marengo, para quem os pesquisadores mais novos já não são como os de antes. “Agora qualquer coisa eles procuram no Google, em internet. Muitas vezes caem nas mãos de artigos que não foram revisados. Dificilmente as pessoas vão para bibliotecas. Então, temos de aproveitar melhor a internet, para ter acesso a revistas publicadas em meios internacionais”, diz ele. Marengo também afirma que a necessidade de aprender ou de melhorar o conhecimento em língua inglesa se deve ao fato de a melhor parte da informação de referência se encontrar nesse idioma. “Eu publico majoritariamente em inglês. Às vezes em alguma revista brasileira, em apoio aos meus estudantes, disciplinas ou orientandos, mas sempre com a intenção de que eles irão publicar em revistas internacionais. Essa é a única forma de dar visibilidade a eles, à profissão, ao país e à instituição”, conclui.
Com D-index de 90 e mais de 34 mil citações. Marengo ficou em 242º lugar na lista dos melhores pesquisadores mundiais em sua área de conhecimento e, no ranking da Research.com, aparece como pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), instituição em que foi coordenador científico da previsão climática, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE). Ele diz que sua colocação no ranking tem um significado importante não só pelos lados pessoal e profissional, mas ainda pelo aspecto institucional, devido ao trabalho desenvolvido com pesquisadores da atual instituição, o Cemaden, e com grupos de cientistas de diferentes instituições brasileiras. “Então eu considero isso um mérito não só meu, mas também de outros pesquisadores do Brasil”, afirma. Como frisou o professor Artaxo, Marengo também cita a relevância da contribuição das cooperações com pesquisadores de outros países. “Ainda mantenho meus contatos com os Estados Unidos, com a Inglaterra, temos colaborações com a União Europeia e com os países BRICS. Isso permite, de certa forma, nos mantermos continuamente atualizados e publicar”, lembra ele, que, ademais, cita com atenção especial a colaboração familiar para o desenvolvimento de sua carreira. “Minha família tem sido um apoio fundamental para eu poder conseguir tudo isso”, conclui.