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Bolsistas do CNPq vencem prêmio Programa Para Mulheres na Ciência
Com a rápida disseminação do coronavírus, se tornou ainda mais evidente o papel chave da ciência em solucionar os grandes desafios do mundo e, para ajudar nessa tarefa, a ciência precisa de mulheres, como as 7 ganhadoras da 15ª edição do Programa Para Mulheres na Ciência! Avaliar os efeitos da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental de adolescentes, pesquisar a origem dos raios cósmicos e sua possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas e desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca são alguns objetivos dos trabalhos das vencedoras da edição 2020.
Promovido pela L'Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o programa tem como objetivo transformar o cenário científico por meio do empoderamento feminino na área ,por isso, já premiou mais de 100 pesquisadoras, distribuindo mais de R$4,5 milhões em bolsas-auxílio. A partir desse ano, por sinal, o prêmio ainda traz uma novidade: A UNESCO dará um treinamento para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias, incluindo webinars sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.
E agora, que tal conhecer as novas pesquisadoras do time? Saiba mais sobre as ganhadoras das 4 categorias na matéria. Das 7 vencedoras, 3 são bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
1) CIÊNCIAS DA VIDA:
Vivian Costa:
Com a pandemia do coronavírus, trabalhos como o da bolsista do CNPq Vivian Costa , microbiologista da UFMG, se tornaram ainda mais relevantes. No dia a dia, ela pesquisa soluções para identificar e tratar formas graves da dengue e outras doenças virais, como zika, chikungunya e até Covid-19. "Em casos como esse, não adianta enfrentar só o vírus ou só a inflamação. É preciso desenvolver procedimentos que atuem nas duas frentes, reduzindo a carga viral e a inflamação excessiva causada pelo coronavírus. Estamos muito comprometidos em fazer a nossa parte, inclusive tenho alunos trabalhando voluntariamente nos diagnósticos de Covid-19", afirma a pesquisadora.
Luciana Tovo:
Também ganhadora da categoria Ciências da Vida, a bióloga Luciana Tovo , da UFPEL - RS e bolsista do CNPq, foi reconhecida por sua pesquisa sobre os efeitos da pandemia de Covid-19 no estresse crônico de adolescentes. "Sabemos que a infância e a adolescência são períodos da vida críticos para início de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade", argumenta Luciana. Para medir o estresse antes e após a pandemia, e estabelecer uma medida acurada, a solução dada por Luciana foi a medição de estresse a partir do cortisol capilar. "O cabelo cresce, em média, um centímetro por mês. Avaliamos os três centímetros mais próximos da raiz, de modo a mensurar o estresse vivenciado nos três meses anteriores à coleta", explica a cientista.
Andreia Melo:
Já a oncologista mineira Andreia Melo , pesquisadora do INCA - RJ, foi escolhida pelo seu estudo para aperfeiçoar a imunoterapia contra o melanoma de mucosa, um tipo de câncer raro e grave, para o qual a sobrevida mediana é menor que 12 meses. A proposta de Andreia é um estudo translacional, que envolve desde análises em laboratório até uma proposta clínica. Dependendo das características moleculares dos tumores, um paciente pode enfrentar a enfermidade de forma mais ou menos favorável. "Muito do que se faz hoje, na oncologia, é buscar essas diferentes características para entender qual vai ser o desfecho da doença", explica a pesquisadora.
Fernanda Farnese:
Ainda na categoria Ciências da Vida, a bióloga Fernanda Farnese , do Instituto Federal Goiano foi premiada por desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca. "Previsões apontam para uma redução de até 30% das chuvas no Brasil até o fim do século", destaca Fernanda. Ao perceber os impactos dos veranicos sobre a soja, teve a ideia de aspergir um líquido com substâncias produtoras do gás sobre as folhas da planta. "O óxido nítrico altera o metabolismo da planta, intensificando mecanismos de defesa e, dessa forma, aumentando a tolerância à seca. Constatamos um crescimento de 60% na produtividade da soja", conta.
2) CIÊNCIAS FÍSICAS
Rita de Cássia:
Dentro da categoria de Ciências Físicas, a contemplada da região Sul do país é a física e bolsista do CNPq, Rita de Cássia dos Anjos , da UFPR. Uma das perguntas que motivam Rita é se galáxias em que há intensa formação de estrelas, conhecidas como galáxias starburst - que estão entre as mais luminosas do universo e apresentam fortes ventos - podem ser fontes de aceleração e propagação de raios cósmicos. Como pesquisadora negra, Rita já vivenciou diversas situações de racismo dentro e fora da academia, e acredita na importância de aumentar as oportunidades de acesso e representatividade da população negra nas carreiras de maior prestígio e remuneração.
A cientista colabora com o projeto "Rocket Girls: Meninas na Astronomia e na Astronáutica", que realiza atividades em robótica, arduino e astronomia com meninas de escolas públicas de Palotina, Paraná. A ideia é motivar as jovens a se interessarem pelas ciências exatas, área historicamente excludente e masculina. "Quando você mostra que passou por dificuldades, quando você fala da sua realidade e mostra para as meninas que é possível, elas se animam", reflete Rita.
3) CIÊNCIAS QUÍMICAS
Daniela Truzzi:
A cada ano, os quatorze membros do júri do programa selecionam trabalhos com potencial de encontrar soluções para importantes questões ambientais, econômicas e de saúde, como é o caso do trabalho da química Daniela Truzzi , da Universidade de São Paulo (USP), que busca compreender o funcionamento do óxido nítrico, gás relacionado a diversos processos, como a contração dos vasos sanguíneos, a defesa imunológica e a cicatrização de tecidos. "Sabemos pouco sobre o que o óxido nítrico produz. Aprofundar esse conhecimento é fundamental para entender melhor os processos nos quais ele está envolvido", explica a química.
4) CIÊNCIAS MATEMÁTICAS
María Amelia Salazar:
Laureada na categoria Matemática, María Amelia Salazar , da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, estuda estruturas geométricas abstratas e complexas, contribuindo para uma nova área da matemática. Seu objeto de estudo remonta de uma teoria da simetria contínua e sua aplicação ao estudo da geometria e das equações diferenciais, do século 19. "É uma história bonita, porque faz a ponte entre duas áreas da matemática que, em princípio, não tinham a ver uma com a outra", admira a pesquisadora.
Por: Mulheres na Ciência