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Bolsista do CNPq publica artigo com avanços para a Arqueologia
Bolsista de Doutorado Pleno do CNPq na Universidade de Oxford, Inglaterra, Eduardo Queiroz Alves, é um dos autores, em conjunto com seu grupo de pesquisa, do artigo "The use of the terrestrial snails of the genera Megalobulimus and Thaumastus as representatives of the atmospheric carbon reservoir", publicado na revista Scientific Reports do grupo Nature, onde apresentaram a utilização de duas espécies de moluscos terrestres, abundantes em muitos sítios do Brasil e América do Sul, como ferramenta para estabelecer a cronologia de sítios pré-históricos.
O artigo conta ainda, como um dos autores, o Professor Christopher Ramsey, orientador de Eduardo e um dos pesquisadores mais importantes do mundo em radiocarbono.
Eduardo explica que o estudo, multidisciplinar, trata de um conhecido problema na Arqueologia brasileira que tradicionalmente utiliza a datação por Carbono 14 de materiais encontrados nesses assentamentos.
Apesar de amostras de origem marinha serem abundantes em muitos sítios brasileiros, a diferença na atividade de carbono 14 entre o ambiente marinho e a atmosfera, onde o radionuclídeo é produzido, impõe um obstáculo para a datação desse tipo de material.
Assim, a data obtida para uma amostra terrestre é muitas vezes mais confiável e, por isso, restos vegetais carbonizados são datados com muito mais freqüência que ossos de peixes ou conchas de moluscos marinhos, por exemplo. O problema é que amostras terrestres nem sempre estão disponíveis de forma contextualizada ou em quantidade suficiente para permitir a datação.
"Nossos resultados representam um passo a frente para a pesquisa arqueológica brasileira, configurando uma nova forma de pensar em Arqueologia e marcando o início de mais pesquisas no sentido de tornar a Arqueologia brasileira cada vez mais interdisciplinar", aponto o bolsista.
Um segundo artigo - http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1871101416300541 - foi publicado em seguida e, baseando-se nos resultados obtidos, utiliza moluscos terrestres como representantes da concentração atmosférica de carbono para avaliar a discrepância entre as atividade de carbono 14 da atmosfera e das águas costeiras da Ilha de Cabo Frio, Rio de Janeiro.
Internacionalização e popularização da ciência brasileira
A pesquisa foi realizada com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj); parte no Laboratório de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenado pela professora Kita Macari, supervisora externa de Eduardo; parte no Laboratório da Universidade de Oxford, na Inglaterra, durante o pós-doutorado da professora Kita, realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); e ainda contou com pesquisadores de ambas as instituições.
"O apoio do CNPq foi fundamental para que o projeto fosse desenvolvido, uma vez que a primeira autora da publicação, professora Kita Macario, é Bolsista de Produtividade da Agência e outra autora, a Fabiana Monteiro de Oliveira, é ex-Bolsista de Doutorado Sanduíche na Universidade da Califórnia", finaliza o Eduardo.
Fazem parte do estudo, além do Professor Christopher Ramsey, o Dr. David Chivall da Universidade de Oxford, os pesquisadores Luiz Ricardo Simone (Bolsista de Produtividade CNPq) e Daniel Cavallari da Universidade de São Paulo e as pesquisadoras Carla Carvalho e Rosa Souza da Universidade Federal Fluminense.
Essa parceria entre instituições brasileiras e estrangeiras é apontada por Eduardo como um ponto fundamental para o estudo, mas, principalmente, para o desenvolvimento da pesquisa brasileira. ¿Acreditamos que a prolífica produção científica de qualidade de nosso grupo de pesquisa demonstra a importância de investimentos por parte das agências de fomento na internacionalização da ciência brasileira¿, ressalta.
Para isso, segundo Eduardo, o país já tem avançado bastante na área, como a inauguração em maio deste ano do Laboratório de Radiocarbono, do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), ao qual Eduardo é vinculado, único no Brasil a utilizar a técnica de Espectrometria de Massa com Aceleradores, com potencial de levar o Brasil aos mais altos patamares da ciência em nível mundial.
No campo da popularização da ciência, o Instituto de Física possui ainda, um projeto com apoio do CNPq de divulgação de vídeos que tem como objetivo mostrar para alunos de ensino médio e para o público em geral um pouco da pesquisa desenvolvida na universidade: https://www.youtube.com/channel/UCz89IM7JfQPlEWgXcWtLiQQ
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
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