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Bolsista do CNPq organiza livro sobre a HMI, doença odontológica grave que afeta crianças na fase de erupção dos dentes permanentes
Uma publicação organizada pelo bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Alessandro Leite Cavalcanti atualiza os estudos sobre a Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI), doença causada por defeito na qualidade do desenvolvimento do tecido do esmalte dentário. A doença é considerada um problema grave de saúde que afeta um ou até todos os primeiros molares permanentes, podendo também atingir os incisivos permanentes. O livro Hipomineralização Molar-Incisivo (HMI) foi lançado em agosto deste ano pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB).
Além de Cavalcanti, professor associado do Departamento de Odontologia da UEPB, o livro conta com a contribuição das doutorandas da instituição Isla Carvalho, Liege Helena e Lunna Farias. A publicação tem o objetivo de oferecer aos profissionais e alunos de Odontologia informações atualizadas e melhores evidências científicas sobre a HMI. O desenvolvimento da doença está relacionado a complicações durante o período de mineralização dos primeiros molares e incisivos permanentes, de por volta da 20ª semana de vida intrauterina aos três anos de vida. A criança que sofrer alguma complicação desse tipo durante esse período poderá ter seus primeiros molares e incisivos permanentes hipomineralizados.
O esmalte afetado pela HMI apresenta alterações na microestrutura dentária, nas propriedades químicas e mecânicas e na densidade mineral. Por esse motivo, os dentes com HMI são mais suscetíveis. As dificuldades ao tratamento dos pacientes podem causar a perda do elemento dentário, impactando de forma negativa a qualidade de vida. A proposta para a organização do livro surgiu a partir de pesquisas desenvolvidas na área de Epidemiologia e Promoção de Saúde em Odontologia, da UEPB, com apoio financeiro do CNPq e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ). No prefácio, Fabian Calixto Fraiz, professor titular de Odontopediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), ressalta que a forma de organização dos capítulos permite aos leitores partirem dos conhecimentos acerca do diagnóstico até o tratamento, o que facilita a compreensão de conceitos mais atuais do HMI. O livro se encontra disponível para download gratuito na parte de lançamentos 2021, da página virtual da EDUEPB.
A prevalência da HMI é maior em crianças com idades próximas à recente erupção dos primeiros molares e incisivos permanentes, em comparação com indivíduos mais velhos. No Brasil, o maior predomínio de HMI encontrado alcançou a porcentagem de 33,2%, em crianças com idade média de 10 anos. No mundo, já se registrou HMI em 40,4% de crianças mexicanas, na faixa dos 8 aos 10 anos. A partir dos oito anos de idade, é possível que crianças apresentem todos os primeiros molares e incisivos permanentes erupcionados, favorecendo o correto diagnóstico da doença. Estudos mostram que crianças com HMI têm quatro vezes mais probabilidade de possuir lesões de cárie nos primeiros molares e que as com HMI grave apresentam de 30% a 42% de impacto negativo em questões relacionadas a dor e a dificuldades para comer, falar e dormir, em comparação com crianças não afetadas pela doença.
Devido às alterações na qualidade do esmalte dentário, os indivíduos com HMI são mais susceptíveis à ocorrência de hipersensibilidade dentária, dificuldades na escovação, acúmulo de biofilme, rápido desenvolvimento de cárie dentária, dificuldade na obtenção de anestesia local durante os tratamentos odontológicos restauradores, necessidade de procedimentos mais complexos e de reparações repetidas, perda do dente afetado, além de implicações estéticas. Em adolescentes e adultos, esse tipo de defeito pode ser mascarado pela cárie dentária e por restaurações previamente executadas, implicando a subnotificação de casos.