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Workshop Ciência e Tecnologia para o combate à contaminação por mercúrio
A criação de um grupo de trabalho interministerial, centralizado na Presidência da República, para coordenar ações do Estado brasileiro envolvendo os problemas causados pela contaminação do mercúrio, foi a principal recomendação dos especialistas participantes do Workshop “Ciência e Tecnologia para o combate à contaminação por mercúrio”, que aconteceu dias 2 e 3 de abril, no auditório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília. A proposta deverá ser levada à Secretaria-Executiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), para que seja encaminhada à Presidência da República. Os participantes do encontro sugeriram também a constituição de um segundo grupo, voltado para a dimensão da produção de conhecimento sobre o problema e que fornecerá as bases para a formulação de propostas de ações emergenciais e para o financiamento à pesquisa envolvendo o tema junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A terceira sugestão extraída dos debates do Workshop foi a de que o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) desenvolva uma linha de ação específica para acompanhar a produção científica atual e futura relacionada a contaminação por mercúrio no Brasil e, daqui a alguns meses, organize um encontro para sistematizar as pesquisas nessa direção.
“Neste momento precisamos viabilizar um projeto”, concluiu o bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e Pró-Reitor de Pós-graduação e Pesquisa do Centro Universitário SENAI-CIMATEC de Salvador, Bahia, Jailson Bittencourt de Andrade, coordenador da mesa do Workshop que tratou das discussões sobre o mercúrio do ponto de vista científico e que, ao final do encontro, foi apontado pelos participantes como o coordenador natural do grupo de trabalho que levará proposta de ação ao FNDCT. “Existe uma competência instalada no país que não estava toda ela aqui [no Workshop] mas que tem condições de desenvolver um bom trabalho, especialmente voltado a ações consertadas e não ações individuais. A parte consertada é extremamente importante para que você tenha uma direção e coloque o trabalho nessa mesma direção e isso vale também não só para os pesquisadores, mas para os ministérios”, comentou ele. Segundo Jailson, o grupo do qual ele estará encarregado terá a missão de apresentar uma proposta factível para o FNDCT, a fim de iniciar trabalhos e ampliar outros que estão em andamento. A primeira questão a ser discutida, para ele, é a convergência sobre como quantificar esse mercúrio. “A parte empresarial é outro estágio desse trabalho”, afirmou.
O Workshop é parte de uma série de reuniões e conferências que ocorrem em diversos pontos do Brasil desde novembro de 2023 e são preparatórias para a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevista para acontecer na primeira semana de junho deste ano, na capital federal. O encontro vai debater um plano de políticas públicas para o setor, a ser executado entre 2025 e 2035. As reuniões temáticas pré-Conferência tratam de temas diversos, perspectivas e desafios na área de Ciência, Tecnologia e Inovação, e seu objetivo é colaborar para a elaboração da pauta do encontro nacional. “A partir da 5ª Conferência será elaborada a nova estratégia de ciência e tecnologia que vai nortear os investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para os próximos anos”, ressalta Raquel de Andrade Lima Coelho, diretora científica adjunta do CNPq, que representou o presidente deste Conselho, Ricardo Galvão, na abertura do Workshop. Segundo ela, o evento foi uma oportunidade única para reunir atores de diversos ministérios e pesquisadores, para o levantamento de propostas e temas que serão levados à conferência nacional, em junho. “Esse é um momento muito importante e a gente já vem conversando sobre os impactos do mercúrio na saúde, na natureza, no Brasil. Há cerca de dois anos a gente vem tentando com que esse tema tenha a relevância que ele merece”, disse ela, ao abrir o Workshop.
O evento sobre o combate à contaminação por mercúrio teve duas mesas principais. A primeira delas se tratou da questão a partir da visão governamental e dela participaram representantes da Casa Civil da Presidência da República e dos Ministérios dos Povos Indígenas, da Saúde, do Meio Ambiente e Mudança do Clima e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A segunda mesa, por sua vez, tratou do problema sob a ótica do conhecimento científico. Coordenada pelo pesquisador Jailson Bittencourt de Andrade, a mesa reuniu ainda os também bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq Adalberto Luís Val, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA); Anderson Stevens Leonidas Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Luiz Drude de Lacerda, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Patricia Torres Bozza, da Fundação Oswaldo Cruz; Ricardo Kruger, da Universidade de Brasília (UnB) e o Coordenador de Pesquisa e Monitoramento do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM-OS/MCTO), Rafael Magalhães Rabelo. A ex-presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e professora da Universidade de Brasília (UnB), Mercedes Bustamante, participou do encontro representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Quem não conseguiu acompanhar o evento ou deseja rever algum trecho, pode acessar a íntegra das mesas e dos debates nos vídeos publicados no canal oficial do CNPq no Youtube.
As Conferências preparatórias para a 5ª CNTCI podem ser livres; temáticas; regionais; municipais, estaduais e distrital. As temáticas, como o Workshop realizado no auditório do CNPq, contemplam uma variedade de temas como bioeconomia, juventude, inteligência artificial, transição energética, tecnologias espaciais, popularização da ciência, tecnologias sociais, e meninas e mulheres nas ciências. De acordo com o calendário oficial, os encontros temáticos acontecem até abril.