Notícias
Simpósio discutiu pesquisas com o vírus zika
Em comemoração aos 30 anos Centro Brasileiro-Argentino de Biotecnologia (CBAB), foi realizado, na última quinta-feira, 22, O 1º Simpósio Cabbio de Temas Atuais em Biotecnologia, no Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em Brasília.
Ao longo dos 30 anos de existência, o Centro tem sido reconhecido como um exemplo de relacionamento bilateral dinâmico em ciência e tecnologia. "Essa é uma das ações coordenadas pelo MCTIC sendo implementada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de chamadas para cursos de curta duração e para projetos em colaboração entre pesquisadores do Brasil e Argentina. As chamadas do CBAB propiciaram a participação de mais de 5,5 mil alunos (nos cursos selecionados) e fomentaram mais de 145 projetos de pesquisa entre o Brasil e Argentina", afirmou o Diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, Marcelo Morales, durante a abertura do encontro.
O Simpósio reuniu autoridades e especialistas e discutiu controle vetorial, pesquisa e prevenção, diagnóstico e tratamento do zika.
O diretor de Políticas e Programas de Ciências do MCTIC, Sávio Raeder, ressaltou a capacitação de milhares de alunos de pós-graduação pelo Cabbio, com mais de uma centena de projetos conjuntos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, gerando uma base de conhecimento e uma rede de profissionais em biotecnologia considerável para Brasil e Argentina e toda a região.
"Celebramos essas três décadas de cooperação com um evento que traz a público o conhecimento gerado sobre o vírus zika, desde o controle do vetor até tecnologias preventivas, como vacinas, passando pelo diagnóstico e pelo estudo acerca da biologia do vírus nos agravos à saúde", afirmou.
O diretor binacional do Cabbio, Claudio Valverde, reforçou a resiliência do programa a fatores externos. "Nossos países atravessam ocasionalmente turbulências econômicas e políticas, das quais não podemos nos esquivar. São realidades. Mas esse Centro é uma mostra de que, apesar dessas oscilações, é possível encontrar um horizonte para seguir em frente e continuar com as atividades, porque, afinal, Argentina e Brasil podem lograr uma independência econômica por meio do desenvolvimento da cooperação bilateral."
Pesquisador da Universidade Nacional de Quilmes e do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina (Conicet), Valverde iniciou sua trajetória no Cabbio como aluno e, em 2011, chegou ao cargo de diretor-nacional no país vizinho. Ele remeteu a origem do programa a um protocolo assinado em 1986 pelos então presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín. O documento estabelecia o compromisso bilateral de articular um núcleo de apoio a projetos conjuntos e cursos de pós-graduação.
O diretor nacional do Cabbio, Fernando Araripe, definiu o Centro como um marco pouco conhecido das relações entre os dois países. "De todos os protocolos estabelecidos nos anos 1980 por Alfonsín e Sarney, o Cabbio é o único que se manteve em uma trajetória linear, com resultados positivos."
Araripe enfatizou o interesse transnacional pelo tema do simpósio. "Trouxemos grandes pesquisadores do Brasil e também da Argentina e do Uruguai para debater o vírus zika em um ambiente científico de preocupação, porque hoje em dia a discussão parece estar se esfriando, já não se fala mais tanto disso", avaliou. "Mas é como se fosse uma bomba-relógio, que pode explodir a qualquer momento. Os nossos países têm que estar preparados."
O diretor nacional do Cabbio se disse impressionado com a rápida resposta da comunidade científica brasileira ao desafio imposto pelo vírus, a partir da epidemia de 2015 a 2016. "Isso demonstra o grau de maturidade da ciência brasileira, que surpreendeu até alguns pesquisadores, que não imaginavam uma reação tão veloz", lembrou Araripe. "O fruto de uma competência estabelecida em décadas está aí: temos um conjunto de cientistas que, se forem chamados a prestar serviço à nação, trabalham e dão resultados."
Representante do Departamento de Temas Científicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores, o diplomata Juliano Alves Pinto apontou o Centro como referência mundial em longevidade de cooperação científica. "Aquele ano de 1986 marcou a relação do Brasil com a Argentina, elevando os países vizinhos a parceiros permanentes e prioritários", recordou. "E o Cabbio é, de fato, um exemplo de maturidade, superação de desafios, constância e, claro, muito sucesso nos seus 30 anos de trajetória."
Pinto citou um relatório publicado em 2009 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "No documento, já se previa que, num futuro próximo, os países emergentes teriam centros de excelência em biotecnologia, tamanha era a quantidade de talentos concentrados naquela época e o caráter transfronteiriço dos problemas relacionados à bioeconomia", afirmou. "Em 2016, aqui no Brasil, conseguiu-se financiamento para que se apoiasse a pesquisa com zika e a resposta foi de fato muito rápida."
O coordenador da Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas (Renezika), Diogo Chalegre, ressaltou a "estreita cooperação" do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit) com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o MCTIC. "E agora, no âmbito da Renezika, a gente ampliou essa parceria com o edital lançado no ano passado, anunciando R$ 65 milhões, pelos quais contratamos 71 projetos", informou. "E eu fico muito feliz de chegar a esse simpósio e identificar pesquisadores que fazem parte da rede, que estão aqui para apresentar suas pesquisas, todas de altíssima qualidade."
Formação de Recursos Humanos
De 1987 a 2016, o CBAB lançou 28 editais para financiar capacitação, com 424 cursos realizados ¿ 217 no Brasil, 185 na Argentina, 13 no Uruguai e nove na Colômbia ¿ e 5.557 alunos de diversas nacionalidades latino-americanas. O programa está até se expandindo e já conta com a participação do Uruguai e pretende expandir o modelo bem sucedido para toda América Latina.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq com informações do MCTIC