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Projeto Regenera realiza a primeira reunião de imersão
Aconteceu de 24 a 30 de janeiro o primeiro encontro de imersão do projeto Regenera, do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos/CNPq. A organização do evento contou com um bom planejamento de medidas sanitárias, que possibilitou a realização do evento com tranquilidade e segurança para os participantes. O encontro de seis dias aconteceu em Iranduba (AM) e teve como objetivo alinhar a equipe para as entregas finais do projeto.
“Conseguimos reunir pesquisadores muito ocupados em um lugar maravilhoso, isolado, com internet fraca, mas com todo ferramental necessário para conseguirmos avançar substancialmente no projeto. Saímos todos renovados e engajados”, explica Catarina Jakovac, professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e vice-coordenadora do projeto. A primeira reunião de imersão teve um efeito muito positivo na perspectiva da coordenação do projeto, sobretudo em termos de engajamento e sinergia da equipe.
O projeto Regenera tem como objetivo identificar indicadores para avaliar a qualidade ecológica da regeneração natural na Amazônia. Além de avançar em termos científicos, o projeto busca possibilitar que profissionais da restauração, produtores rurais e agentes do governo usem o mesmo padrão de referência para classificar e monitorar a integridade ecológica das florestas em regeneração. Com esta informação, decide-se se há ou não necessidade de manejo para restaurar os processos ecológicos.
“Conseguimos neste período visualizar de maneira global todas as entregas que vamos fazer ao longo deste ano e preparar um cronograma para cada uma delas”, explica Jakovac. Além de três artigos que abordam temas centrais do projeto, o Regenera vai preparar protocolos que requerem a participação de outros atores diretamente envolvidos com o tema da restauração florestal. “Pretendemos organizar um workshop conjunto para ouvir as demandas de técnicos e gestores de áreas naturais e secretarias de meio ambiente da Amazônia para adequar o protocolo final”, explica Jakovac. Para organizar esta frente de atuação, os membros do projeto usaram a mesma dinâmica aprendida no workshop interno para o desenvolvimento de estratégias de comunicação com público-alvo.
A agenda de reuniões incluiu um tema por dia, que envolvia os tópicos dos artigos científicos, o protocolo e o planejamento estratégico do projeto. O dia começava com a apresentação geral do assunto e cada membro discorria sobre seu papel na temática. Em seguida, o grupo se dividia em dois grupos, sendo um focado na análise de dados ecológicos e outro nas políticas públicas. Este grupos poderiam eventualmente se subdividir para responder questões comuns a todos os grupos. Por fim, todos os grupos se reuniam para compartilhar suas ideias e fazer os encaminhamentos.
O grupo trabalhou de terça à sábado com pausas para passeios no igapó e para observar botos na região. “O equilíbrio entre colocar a mão na massa e os intervalos para descontração e socialização foi fundamental”, completa Jakovac.
Agora o grupo segue os trabalhos em equipes menores e no formato online até o próximo workshop com os técnicos e gestores previsto para junho deste ano.
Protocolos sanitários
Para viabilizar a reunião de imersão durante a pandemia, o grupo tomou cuidados redobrados para a realização do evento. O primeiro passo foi encontrar um local na região de estudo onde pudesse acolher apenas e exclusivamente a equipe de 9 pessoas do projeto durante seis dias. O grupo se hospedou em uma pousada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro, administrada por ribeirinhos da região.
Outro aspecto foi exigir que todos os participantes do evento, incluindo funcionários da pousada, estivessem vacinados e com teste negativo para COVID-19 dias antes de embarcar para o local do evento. “Inclusive houve um pesquisador que descobriu que estava positivo para a COVID nesta ocasião e portanto teve sua participação cancelada”, frisou Rita Mesquita, coordenadora do projeto.
Durante os dois primeiros dias, o uso da máscara foi obrigatório para todos os participantes, incluindo funcionários da pousada. Este procedimento buscou evitar a transmissão do vírus no caso de um falso negativo durante o período de janela imunológica.
Além disso, todos os trabalhos durante os seis dias foram realizados em áreas externas, ventiladas e com distanciamento entre cadeiras e mesas.
A imersão como metodologia da ciência de síntese
Um ponto forte do modelo de produção científica baseada em ciência de síntese é a capacidade de reunir grupos de especialistas para trazer novas soluções para velhos problemas. Isto normalmente ocorre por meio de processos de imersão em tópicos específicos, que significam muitas vezes encontros presenciais que podem durar muitas horas ou dias consecutivos. Além do aprofundamento num determinado tema de interesse, esta interação possibilita discussões não-estruturadas e fluidas que resultam em transbordamento de novas ideias e insights criativos.
Com a pandemia de COVID-19, as interações entre grupos de síntese tiveram que migrar para o formato virtual, com algumas experiências em formato híbrido (presencial e virtual) mais recentemente, conforme carta assinada por oito centros de síntese para a revista Nature de julho de 2021. Todavia, conforme sublinha a carta, nada substitui a riqueza das interações presenciais para o desempenho de um processo de síntese.