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Professor bolsista do CNPq ressalta a importância do fomento a pesquisas para melhorar a vida de pessoas com deficiência
O papel da ciência na promoção da autonomia das pessoas com deficiência foi o tema da palestra proferida pelo Bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq, Emerson Fachin Martins , durante a 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que terminou no domingo, dia 4 de dezembro de 2022, em Brasília. Martins, que é professor de Fisioterapia da Universidade de Brasília (UnB), campus Ceilândia, discorreu sobre a criação do curso de Fisioterapia e da respectiva pós-graduação, na UnB, citou as inúmeras colaborações entre grupos de pesquisa da área de Saúde naquela universidade e agradeceu o financiamento à pesquisa, lembrando a importância do CNPq para o curso e para os estudos desenvolvidos em sua área de atuação. A palestra foi realizada no último sábado, dia 3 de dezembro e organizada pelo CNPq como forma de celebrar a data que marca o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência.
Foto: Roberto Hilário- ACS/CNPq
Ao traçar um panorama de como se formou o curso de Fisioterapia na UnB, o professor Martins lembrou que o apoio do CNPq esteve presente desde o início da implementação do curso, quando ainda não havia a pós-graduação e os estudos desenvolvidos eram realizados por meio de pesquisas realizadas nos próprios domicílios das pessoas com deficiência, residentes na Ceilândia. Ele mencionou que o primeiro grande financiamento de uma pesquisa por seu grupo, por meio de Edital do CNPq, foi um projeto para favorecer as pessoas que possuíam metade do corpo paralisado. Os pesquisadores tentavam incentivá-las a desenvolver sua locomoção. O grupo participa da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia desde 2009, quando montou um túnel sensorial para pessoas com deficiência. Em 2010, segundo o professor Martins, teve início a primeira bolsa de desenvolvimento tecnológico do CNPq, para a criação de um software a ser utilizado por pessoas que se encontravam em hospitais e poderiam, com a ajuda dessa tecnologia, ganhar mais autonomia para ir para casa.
“O fomento do CNPq permitiu desenvolver dispositivo que é uma palmilha para o público de pessoas com metade do corpo paralisada”, comenta o professor Martins. Segundo ele, a ideia era a de demonstrar que o paciente estava sobrecarregando demais um lado do corpo e, dessa forma, evitar consequências danosas do modo como ele se mantinha em pé. “Não dá para a gente ser inovador e inclusivo se a gente não pensar na diversidade que o ser humano é”, completa o professor. Em 2012, um novo financiamento fortaleceu a rede de cooperação entre professores da UnB que tinham em comum pesquisas sobre dispositivos para pessoas com deficiência. Dessa união surgiu o Núcleo de Tecnologia Assistiva, Acessibilidade e Inovação (NTAAI) , reconhecido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) como um dos núcleos que integra o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA). Com o trabalho colaborativo, os pesquisadores conseguiram produzir dispositivos que podem realmente ser desenvolvidos, e chegar, de fato, aos usuários finais.
Foto: Roberto Hilário- ACS/CNPq
Além dos financiamentos a projetos, os pesquisadores do grupo do professor Martins conseguiram firmar colaborações com estudiosos da França para desenvolver um dispositivo assistido por eletroestimulação, , e ainda avançaram na realização do primeiro eletroestimulador de terceira geração genuinamente brasileiro, o que os permitiu participar da Cybathlon, competição internacional em que pessoas com deficiência física competem entre si para realizar tarefas cotidianas, demostrando o estado da arte da tecnologia de ponta. Na Cybathlon, os pesquisadores brasileiros mostraram como as pessoas com os músculos das pernas paralisadas pedalavam tricicletas, por meio da estimulação elétrica dos músculos das pernas. O estudo os levou a ficar entre os finalistas da competição, em 2016. “Um dispositivo permitido pela ANVISA já está comercialmente viável”, afirma o professor Emerson Martins. O NTAAI agora, de acordo com ele, se encontra incorporado à Plataforma Bem-Te-Vi , também da UnB, uma plataforma tecnológica que tem como missão fazer a ponte com setores produtivos