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PELD no “Diálogos da Cultura Oceânica”
Integrantes de sete projetos de pesquisa do programa de Pesquisa de Longa Duração (PELD/CNPq), mais a gestão do PELD no CNPq participaram do “Diálogo para a Cultura Oceânica”, realizado em Santos, de 10 a 14/10/2022. O evento concentra esforços para comunicar a Cultura Oceânica com públicos diversos; nesse contexto, estudos feitos por meio de programas de pesquisa de longa duração, como o PELD, abastecem os debates com dados e informações corroboradas através de pesquisas feitas por um longo período de tempo.
Evento promoveu uma programação intensa integrando interesses para a conservação do oceano
Dentre os PELDs que estavam em Santos, seis eram voltados para o bioma Costeiro-marinho e um para a comunicação, o PELDCOM. A presença da gestão do PELD no CNPq conferiu apoio institucional aos projetos. Durante uma atividade que promovia a aproximação entre os pesquisadores e a população em geral, em uma das praças, em Santos, Fabíola Siqueira de Lacerda, da Coordenação do PELD no CNPq, ressaltou a importância de aproximar as pesquisas feitas na academia à população beneficiada pelos resultados:
“Quando temos a oportunidade de dialogar com as pessoas e contar em linguagem acessível tudo aquilo que é feito pela ciência, tornamos a ciência parte da vida das pessoas, e não só algo distante, mostrado em uma TV, nos jornais ou nos ‘papers’. Isso torna a pessoa um participante da ciência que a gente produz”.
Em um dos dias do evento os cientistas dos projetos PELD ocuparam a Praça Mauá, no Centro Histórico de Santos, com material de informação sobre as pesquisas em punho para esclarecer qualquer curiosidade dos visitantes sobre os “mistérios” do oceano e da ciência. “É muito importante levar esse conhecimento sobre o oceano para a comunidade e também aos gestores públicos. Hoje em dia precisamos divulgar para a sociedade o que estamos fazendo, trabalhar com a ciência cidadã envolvendo a sociedade nessa produção do conhecimento”, avalia Hortência Barroso, uma das pesquisadoras do PELD CSB (CE).
A familiaridade da população com o trabalho científico vai além de tais conversas, uma vez que os projetos envolvem comunidades que moram nos sítios onde os as pesquisas são feitas. Um dos participantes do “Diálogos para a Cultura Oceânica”, o sítio APA Costa dos Corais (AL) – PELD CCAL enfrentou recentemente um dos maiores desafios atuais para os cientistas que trabalham com manejo e conservação, a pesquisa socioecológica e a inclusão da sociedade na pesquisa e na gestão de Unidades de Conservação. Os pesquisadores do PELD CCAL se aprofundaram nos estudos para compreender os impactos do derramamento do óleo que alcançou a costa leste brasileira em setembro de 2019.
“A sinergia entre o componente social e ecológico foi comprovada no estudo realizado junto às comunidades pesqueiras em estudos sobre o impacto do derramamento do óleo no Sul da APA Costa dos Corais, em setembro de 2019. Levantamentos metodológicos constataram que a venda da produção caiu mais de 50%, impactando fortemente a segurança alimentar e a geração de renda das comunidades mais vulneráveis. Nossa resposta acadêmica ao fato foi rápida, em tempo suficiente para a aplicação de políticas públicas em benefício às familiais de pescadores, enquanto os frutos do mar que vinham na pesca estavam contaminados”, revela Nidia Noemi Fabré, coordenadora do projeto.
Os pesquisadores mensuraram dados que subsidiam informações sobre a governança da comunidade sobre a gestão da unidade de conservação, como traz o estudo:
“Resultados de destaque que subsidiam a governança apontam que a participação da sociedade na gestão da APA Costa dos Corais, mensurada pela capacidade de avaliação da governança, indicam que, quão maior o nível de organização social, maior é sua capacidade de avaliação. Verificamos que a socioeconomia local influencia a atitude dos indivíduos, sendo que o nível educacional, a renda, e o interesse ambiental contribuem para uma atitude mais positiva da governança.”
O Projeto de Comunicação Pública da Ciência para o PELD, o PeldCom, acompanhou o grupo de pesquisa e gestão do PELD no evento. A coordenadora do PeldCom, Dra. Alessandra Gomes Brandão, conduz o foco da cultura oceânica para a formação de uma cultura de diálogo entre aqueles que fazem ciência, os cientistas, e aqueles para quem as pesquisas se destinam, que recebem produtos que são resultado de muitos anos de experimentos, desde medicamentos até processos de restauração ecológica:
“O PeldCom representa também, nessa discussão, uma inovação do CNPq que entende como parte importante do papel dos PELDs, dos projetos ecológicos, essa comunicação com a sociedade. As discussões que nós temos tido nesses dias mostram como é importante essa pesquisa de longa duração, as séries de dados que esses pesquisadores têm produzido, têm condições de responder e fazer esse enfrentamento conjunto que a sociedade precisa.”
Projetos PELD no “Diálogos para a Cultura Oceânica”
O programa PELD/CNPQ tem no total 11 projetos voltados para pesquisas no bioma Costeiro-Marinho. Cada um dos seis sítios representados no “Diálogos para a Cultura Oceânica” desenvolvem projetos relevantes para o conhecimento dos ecossistemas marinhos no Brasil:
O PELD CCAL – AL atua na costa alagoana, na APA Costa dos Corais. O PELD TAMS – PE (Tamandaré) trabalha ao sul de Pernambuco, onde estão as piscinas naturais de Porto de Galinhas e o turismo é um dos impactos sofridos pelo maio ambiente. O PELD CSB – CE (Costa Semiárida Brasileira), abrange desde os mangues até os corais mais profundos, até 70 metros da superfície. O PELD GB – RJ (Baía da Guanabara) tem à frente um dos postais mais desejados por visitantes do mundo inteiro, a Baía da Guanabara, com os graves problemas de poluição. O PELD ILOC – RJ Ilhas Oceânicas), se multiplica para monitorar santuários ambientais como Atol das Rocas (RN), o arquipélago de Fernando de Noronha (PE), as Ilhas Trindade e Martim Vaz (ES) e o arquipélago de São Pedro e São Paulo (PE). E o PELD HCES – ES (Habitats Costeiros do Espirito Santo) abrange desde florestas de manguezais, recifes costeiros e bancos de rodolitos na região da APA Costas das Algas, do Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz e do estuário dos rios Piraquê-açu e Piraquê-mirim.
Por: Peldcom