Notícias
O SinBiose e a Cooperação Internacional
O Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – SinBiose tem como missão produzir sínteses de alto padrão internacional a partir de projetos que abordam problemas atuais no campo da biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Esta dimensão exige que o centro apoie não somente as pesquisas de primeira linha, mas também fomente conexões com pesquisadores de todo o mundo.
Por detrás desta missão reside a proposta ambiciosa de avançar com uma nova forma de se fazer ciência, pautada na convergência de conhecimentos, na complexidade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, questões que se colocam como cruciais na busca de uma transformação radical das na relações entre ciência, sociedade e meio ambiente.
Tais questões encontram-se nos fundamentos de instituições que estão empenhadas em pensar e construir o futuro. Para citar alguns desses centros destacamos o International Institute for Applied Systems Analysis - IIASA, na Áustria , o Joint Research Centers- JRC, uma rede de centros de pesquisa da União Europeia, os projetos especiais da National Science Foundation - NSF, como o de Convergência Tecnológica e de Conhecimentos. Todas estas iniciativas apostam que a pista para se criar uma nova forma de fazer ciência está na convergência de diferentes conhecimentos.
Em sua caminhada, o SinBiose deve buscar inspiração em experiências com essas, capazes de nutrir uma cultura científica contemporânea e formadora de novas práticas que possibilitem uma atuação refletida na construção de um futuro sustentável.
Nesse sentido, a construção de parcerias e sinergias com outras iniciativas e centros de pesquisa é de extrema relevância, e o SinBiose vem demonstrando desde o início abertura e capacidade para estas articulações. Desde a fase de planejamento, tem promovido a troca de experiências e envolvido nas discussões representantes de centros de síntese dos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha e Inglaterra.
Não por acaso, a primeira chamada pública do SinBiose (2019) já conta com parcerias dos sDiv, CIEE e EOS, para apoio mútuo aos grupos de síntese. Outro resultado desse esforço de articulação internacional é a participação do SinBiose na Chamada SINERGIA, lançada em conjunto pelo SinBiose/CNPq Programa Biota/FAPESP, e as agências francesas CESAB (Centre de Synthèse et d’Analyse sur la Biodiversité) e o LabEX-CEBA (Center for the Study of Biodiversity in Amazonia).
O contato e troca contínuos entre o SinBiose e demais Centros de Síntese têm-se dado principalmente através do fórum de discussão do International Synthesis Consortium (ISC), do qual o SinBiose foi convidado a participar desde 2020. Recentemente, o grupo publicou uma uma carta na revista Nature Ecology and Evolution, na qual são apresentados os desafios e perspectivas para as práticas da ciência de síntese no mundo pandêmico e pós-pandêmico. Uma das ideias atualmente em discussão é o desenvolvimento de um modelo de hubs regionais, onde diferentes centros de síntese possam se articular para promover reuniões híbridas (formato presencial/virtual), integrando grupos de trabalho em diferentes regiões do globo. Neste modelo, o SinBiose tem uma posição importante a ocupar, como hub regional para a América Latina.
A possibilidade de intercâmbio de experiências e participação nas discussões com outros centros permite ainda que o SinBiose atue disseminando no Brasil conceitos relacionados à ciência de síntese. Nessa linha de atuação, destaca-se a organização de webinários, como o mais recente, promovido em conjunto com o Biota/Fapesp: Synthesis Science – Trends and Perspectives. O evento trouxe as visões atuais de dois expoentes no campo da ciência de síntese, a Dra. Diane Srivastava (CIEE/Canadá) e Dr. Ben Halpern (NCEAS/EUA) e contou com a audiência de 200 participantes do Brasil e do exterior.
Desse modo, o SinBiose coloca o nosso país em um novo patamar de discussão e de cooperação internacional em CT&I, abrindo um novo horizonte para a prospecção de ações ainda não desenhadas e experimentadas. Que esse exemplo possa inspirar outras iniciativas dessa natureza.
Lelio Fellows Filho
Coordenador-Geral de Cooperação Internacional do CNPq