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Novo projeto articula ciência de síntese e políticas públicas em São Paulo
Iniciou em fevereiro deste ano o projeto de pesquisa “Biota Síntese”, ou Núcleo de Análise e Síntese de Soluções Baseadas na Natureza. O projeto configura mais uma iniciativa no país que aborda questões ambientais por meio do conceito de ciência de síntese, desta vez abarcado pelo Programa Biota/Fapesp. O Biota Síntese mobiliza 27 instituições na análise e síntese de soluções baseadas na natureza, para os desafios da agricultura sustentável, restauração e economia de base florestal, controle de zoonoses e saúde em cidades. O projeto de cinco anos é um dos 12 aprovados da chamada Ciência para o Desenvolvimento da Fapesp e estará sediado no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP). A coordenação do Biota Síntese é de Jean Paul Metzger (USP), que também participa do Centro de Síntese em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, SinBiose/CNPq, como membro do comitê científico.
O projeto faz parte da iniciativa da Fapesp de criar Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas, que procuram unir academia, empresas, ONGs e órgãos governamentais para a busca de soluções de problemas sociais e econômicos. No caso do Biota-Síntese, a principal parceria é com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo.
“Nosso foco é utilizar a abordagem de síntese sobre soluções baseadas na natureza para apoiar o desenvolvimento de políticas públicas socioambientais”, explica Metzger. As soluções baseadas na natureza (SbN) constituem um conjunto de medidas inspiradas, apoiadas ou copiadas da natureza, que trazem simultaneamente resultados ambientais, sociais e econômicos. Um exemplo são as ações de proteção, recuperação ou manejo de ecossistemas que reduzem os custos com o tratamento de água, minimizam os impactos das enchentes e das secas, e proporcionam, simultaneamente, bem-estar humano e benefícios à biodiversidade. O interesse por soluções baseadas na natureza vem ganhando destaque entre organismos internacionais e na União Europeia como uma aposta para mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Um dos grandes diferenciais apontados por Metzger é que as questões de pesquisa do projeto foram definidas juntamente com o governo do estado. As pesquisas terão como objetivo a busca de soluções para questões ligadas à agricultura sustentável, ao desenvolvimento de uma economia baseada na restauração ecológica , ao controle de zoonoses, e na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e transtornos mentais comuns em cidades. “Buscaremos soluções baseadas na natureza que, em geral, são mais efetivas e menos custosas do que as soluções baseadas unicamente em infraestrutura construída”, ressalta Metzger.
Com isso os pesquisadores acreditam que há uma alta probabilidade destas soluções baseadas nos serviços providos por áreas naturais serem transformadas em ações e políticas públicas no âmbito do governo estadual. “A proposta é criar um fluxo bidirecional entre academia e órgãos governamentais. Acredito que desta forma conseguiremos inserir conhecimentos novos nos instrumentos de governança pública”, ressalta Metzger.