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Cientistas vão aumentar volume de CO2 para medir efeitos climáticos sobre a Amazônia
Experimento faz parte da segunda fase do programa AmazonFACE, criado em 2014 para investigar em que medida a oferta extra de gás carbônico pode tornar a floresta amazônica resistente às mudanças climáticas.
Pesquisadores, incluindo bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), preparam a segunda fase do programa AmazonFACE, que investiga em que medida o aumento do gás carbônico (CO2) pode contribuir para reduzir os impactos das mudanças climáticas sobre a floresta amazônica. Para isso, buscarão o apoio de agências de fomento, entre elas o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em reunião marcada para junho, em Washington, nos Estados Unidos.
"Estamos concluindo uma primeira fase do programa, que é a caracterização da área experimental do AmazonFACE. Vínhamos estudando vários processos ecológicos que acontecem na floresta ao longo do tempo com a intenção de mapear mudanças que podem ocorrer quando se aumenta a concentração de CO2", explica o pesquisador, bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Carlos Alberto Quesada, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Nesta primeira fase, os cientistas fizeram um "raio X" desde a copa das árvores até as raízes das plantas. Para isso, tubos de acrílico com câmeras fotográficas foram inseridos no solo para registrar o aumento da biomassa. A mesma coleta de dados será feita após a aspersão de CO2 prevista para a segunda fase do programa.
Para a aspersão de CO2, 32 torres serão construídas em duas áreas de 30 metros de diâmetro no interior da floresta. Nesta fase, que terá dois anos de duração e um investimento de R$ 10 milhões, será realizada uma simulação que aumentará em 50% a concentração do CO2, chegando a 600 partes por milhão (ppm) .
De acordo com o pesquisador David Lapola, que preside o Comitê Científico do AmazonFACE, o objetivo é observar até que ponto a fertilização pela oferta extra do gás - usado pelas plantas para fazer fotossíntese - aumenta a resiliência da floresta, compensando fatores como o aquecimento e alterações no regime de chuvas.
"O aumento de CO2 deixaria a floresta mais resistente às mudanças climáticas? Evitaria a perda de parte da floresta?", questiona Lapola, lembrando as projeções de "savanização" da Amazônia, que ficaria parecida ao Cerrado brasileiro, como um dos impactos das mudanças climáticas.
Comitê Científico
Os resultados da primeira fase do AmazonFace serão discutidos durante a 4ª Reunião Anual do Comitê Científico, que terá a participação de 30 cientistas no Inpa, em Manaus (AM), até quinta-feira (20). "Este encontro é importante para integrar os resultados. Os que trabalham no alto das árvores precisam entender o que acontece abaixo do solo com as raízes. Estamos apresentando também resultados de modelagem com as hipóteses que esperamos encontrar quando começar a fumigar CO2 no experimento", acrescenta Lapola.
O programa
Criado em 2014, o AmazonFace foi dividido em três fases. Na primeira, recebeu R$ 1 milhão do MCTIC para a coleta de dados. A última fase prevê a ampliação das torres para simulações por um período de 10 anos.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq com informações do MCTI