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Brasil e Suécia: uma parceria promissora
Seminário de Excelência Brasil-Suécia reuniu cerca de com 200 pesquisadores, agências de fomento, representantes do governo, e gestores das universidades para discutir temas relacionados à investigação, internacionalização e colaboração relevantes para a Suécia e o Brasil.
Aprimorar a cooperação científica, tecnológica e de inovação com a Suécia é uma iniciativa com grandes possibilidades. Isso porque, no topo dos principais rankings mundiais de inovação, a Suécia é um dos países que mais investem em Pesquisa & Desenvolvimento. Em 2012, 3,4% do PIB foi destinado à ciência e à tecnologia. O orçamento federal para o período 2013-2016 é de 464,6 milhões de dólares.
Esse gasto em P&D é fator fundamental para explicar por que a Suécia coleciona títulos quando o assunto é gerar novas tecnologias. A principal vertente do sucesso do sistema de inovação sueco é o tripé formado pela academia, empresa e governo. A construção de clusters (arranjos produtivos) e parques tecnológicos foi buscada como solução de mercado pelo governo sueco. O esforço integrado contou com financiamento público e privado para um objetivo comum. Essa dinâmica é um dos principais motivos de a Suécia ser origem de importantes inovações mundiais como o bluetooth, cinto de segurança de três pontos, zíper, fósforo, Skype, telefone celular, marca-passo, cortador de grama, aspirador de pó, dinamite, ultrassom, entre outros.
Toda essa capacidade científica e de desenvolvimento sueca vem sendo fruto de cooperações com o Brasil há décadas. Mas ainda há muito a ser aproveitado por ambos os países.
Para prospectar as mais variadas possibilidades de trabalho conjunto, o Brasil recebeu nos últimos dois dias - 17 e 18 e de Maio - uma delegação de cerca de 100 pesquisadores e autoridades e representante de instituições de fomento da Suécia para o Seminário de Excelência Brasil-Suécia.
O encontro aconteceu na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e contou com 200 pesquisadores suecos e brasileiros, agências de fomento e representantes do governo, juntamente com gestores das universidades para discutir temas relacionados com a investigação, a internacionalização e colaboração relevantes para a Suécia e o Brasil.
O encontro foi organizado pelo Swedish Academic Collaboration Forum (SACF), em colaboração com a Capes, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Educação e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O SACF é formado por seis universidades suecas líderes de pesquisa, que se uniram para realizar seminários sobre educação superior em um grupo selecionado de países. Entre 2014 e 2016, serão realizados seminários na China, Indonésia, Singapura e República da Coreia, com uma reunião final, realizada em Estocolmo, na Suécia.
Suecos e brasileiros discutiram temas relacionados com a investigação, a internacionalização e colaboração relevantes para os dois países.
Na abertura do evento, o Presidente do CNPq, Hernan Chaimovich, lembrou que organizou um seminário entre Suécia e Brasil sobre nanotecnologia há 40 anos. "A história de cooperação científica entre os dois países é longa. Devemos nos empenhar agora para que as relações pessoais entre grupos de cientistas sejam institucionalizadas para que a cooperação chegue a outro patamar", ressaltou.
Chaimovich apresentou dados sobre publicações conjuntas mostrando que a parceria entre os dois países cresceu substancialmente. De 120 publicações em 2006, passou para 600 em 2015. "Cresceram em quantidade, qualidade e número de áreas envolvidas", disse. Chaimovich reforçou ainda que, além de áreas já fortes na cooperação - Física, Astronomia, Ecologia - há outras promissoras como Educação Inclusiva e Gênero.
No evento, o CNPq participou, ainda, da sessão temática "Fomento para promover uma colaboração de pesquisas de nível internacional", na terça-feira, com a Diretora de Cooperação Institucional, Glenda Mezarobba, na qual também estiveram presentes o Diretor Geral da agência de fomento sueca Vetenskapsrådet; o Vice-Reitor da Universidade de Estocolmo; o Diretor Científico da ESS (European Spallation Source); e o Coordenador Geral da CAPES, Luiz Filipe Grochocki.
No dia 18, o Diretor Substituto de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais do CNPq, Alexandre Garcia, compôs a mesa da sessão plenária sobre Possibilidade de Fomento, na qual foram apresentadas as demandas das sessões temáticas. Dentre os temas estavam educação inclusiva, nanotecnologia e desenvolvimento sustentável.
A proposta foi levantar as áreas de interesse comum aos dois países e promissoras para a cooperação e prospectar futuras parecerias.
Além do encontro na Capes, haverá também oficinas e seminários suplementares em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Campinas, Belém e São Paulo. Saiba mais sobre o encontro .
Brasil-Suécia
O Brasil ocupa a 23ª posição entre os países com maior número de publicações conjuntas com a Suécia. São 3113 artigos nos últimos 10 anos, apenas 1,5% do total de publicações suecas. A Suécia, por sua vez, é apenas o 21º país que mais possui publicações conjuntas com o Brasil (1,1% do total de artigos do Brasil).
O Acordo sobre Cooperação Econômica, Industrial e Tecnológica, assinado em 1984, foi o primeiro instrumento a regulamentar a cooperação entre Brasil e Suécia. No entanto, só em 2007 as primeiras negociações para a definição da cooperação em C&T entre os dois países tiveram início. A Suécia destaca-se como grande importador do etanol brasileiro na União Europeia, tendo, por conseguinte, o Governo daquele país grande interesse na cooperação bilateral em biocombustíveis de segunda geração. Assim, em 11 de setembro de 2007, foi assinado o Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo do Reino da Suécia sobre Cooperação na Área de Bioenergia, incluindo Biocombustíveis.
Hoje, estão presentes no Brasil mais de 200 empresas suecas, sendo que a maioria das multinacionais tem suas próprias instalações fabris em território brasileiro. A receita da indústria sueca no mercado brasileiro em 2011 ultrapassou R$ 36 bilhões e essas empresas são responsáveis por 70 mil empregos no país.
Em maio de 2011 foi inaugurado, em São Bernardo do Campo (SP), o Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB) que tem como objetivo proporcionar uma ativa cooperação entre organizações industriais, governamentais e acadêmicas do Brasil e da Suécia. O Centro, que é uma associação para pesquisa e inovação sem fins lucrativos, funciona como ponto central internacional para identificar, desenvolver e apoiar projetos de pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia, em um largo espectro de setores e áreas de tecnologia. Os parceiros proponentes são: Prefeitura de São Bernardo do Campo, Universidade Federal do ABC, SAAB, CSIR e Lindholen Science Park. As áreas prioritárias do centro são: Transporte e Logística, Energias Renováveis, Cidades do Futuro e Defesa e Segurança. Entre os resultados obtidos pelo CISB destaca-se a parceria firmada entre a empresa brasileira Vale Solução em Energia (VSE) e a sueca Scania, para desenvolvimento, produção e comercialização de motores a etanol e suas aplicações.
Em março de 2012, o CISB e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq/MCTI) assinaram acordo para conceder 100 bolsas para doutorado, pós-doutorado e pesquisador sênior no âmbito do programa Ciência sem Fronteiras, em parceria com a empresa sueca de segurança e defesa SAAB.
Em maio de 2013, foi assinado Acordo de Cooperação entre a FINEP e a Agência de Inovação da Suécia (VINNOVA). O Acordo tem como objetivo a consolidação de parcerias em inovação para promoverem o intercâmbio de experiências e o desenvolvimento de planos de ação, incluindo o financiamento de projetos e atividades em áreas de interesse mútuo.
Ciência sem Fronteiras
Até o momento, foram implementadas 341 bolsas, sendo cerca de metade de pós-graduação (doutorado e pós-doutorado). As universidades que recebem mais estudantes são o Instituto Real de Tecnologia e a Universidade de Lund.
Além disso, por meio da parceria SAAB/CNPq estão previstas até 100 bolsas de pós-doutorado e doutorado sanduíche nas áreas de defesa e segurança, aeroespacial, energia e meio ambiente e cidades atrativas e sustentáveis. Para projetos de pós-doutorado, a SAAB oferece um complemento de 100% da bolsa. Pesquisadores contemplados com as bolsas de estudos também poderão participar, futuramente, de projetos de inovação da SAAB no Brasil. Durante o período da bolsa, que varia de seis a doze meses, podendo ser prorrogado por mais um ano (somente no caso de pós-doutorado), os estudantes têm a oportunidade de realizar estágio na SAAB na Suécia ou na própria universidade.
No âmbito desta parceria, já foram lançadas três chamadas, em 2012 e 2013, e enviados 25 pesquisadores de doutorado e pós-doutorado para a Suécia.
A quarta chamada, com inscrições encerradas dia 15 de maio oferece 15 bolsas de estudos (dez para pós-doutorado e cinco para doutorado sanduíche). O edital é focado na área de aeronáutica, com ênfase em materiais e manufatura, eletrônica, tecnologia da informação e comunicação (TIC) e sistemas de engenharia mecânica.
Coordenação de Comunicação do CNPq c om informações da CAPES
Marcelo Godim/CNPq
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