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Com 169 bolsistas e 32 empresas parceiras, UFSCar atesta sucesso do MAI/DAI na aproximação entre universidade e setor industrial
O Coordenador-Geral de Promoção à Inovação, Márcio Ramos, fala sobre o Programa MAI/DAI durante o evento. - Foto: Divulgação / UFSCar
O Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação (MAI/DAI), financiado pelo CNPq, tem sido bem-sucedido na missão de promover a aproximação entre universidade e setor industrial, na avaliação de gestores e ex-bolsistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Contemplada com 169 bolsas nos últimos anos, a UFSCar contou com 32 empresas parceiras no desenvolvimento de 51 projetos.
Uma avaliação do programa realizada pela Agência de Inovação da universidade foi o principal tema da edição especial do ““Ain Conecta 15 Anos da Agência de Inovação da UFSCar”, que aconteceu dia 29 de novembro, no Centro de Pesquisas em Materiais Avançados e Energia (CPqMAE) da instituição. O evento contou com a apresentação do balanço dos resultados da participação da UFSCar em quatro chamadas do programa.
Durante o encontro, o Coordenador-Geral de Promoção à Inovação e ao Transbordamento do Conhecimento em CT&I do CNPq, Márcio Ramos de Oliveira, apresentou o Programa MAI/DAI. “É uma ação que proporciona aos estudantes de mestrado e doutorado a oportunidade de realizar suas pesquisas em colaboração direta com empresas, enfrentando desafios reais do mercado e contribuindo para o desenvolvimento de soluções inovadoras”, explica.
O Programa MAI/DAI surgiu como uma ação voltada para fortalecer a capacidade inovadora das empresas brasileiras, bem como para estimular a formação de recursos humanos altamente qualificados para atuar nesse contexto. Dessa forma, tornou-se um instrumento relevante para promover a interação entre academia e setor produtivo empresarial, incentivando a pesquisa aplicada, a transferência tecnológica e a inovação. Ao longo de suas quatro edições, o Programa já contou com a participação de cerca de 80 universidades e com o envolvimento de mais de 200 empresas, além de haver concedido mais de 6 mil bolsas, entre mestrado, doutorado, iniciação científica e pós-doutorado industrial.
“O Programa MAI/DAI tem se mostrado uma iniciativa de sucesso na UFSCar, promovendo a integração entre a universidade e o setor industrial”, diz o Diretor da Agência de Inovação da UFSCar, Representante Institucional do Programa MAI/DAI na UFSCar e bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora (DT) do CNPq Daniel Braatz.
Nas quatro chamadas do Programa lançadas pelo CNPq, a UFSCar foi contemplada com um total geral de 169 bolsas, divididas entre 5 bolsas de Pós-Doutorado Empresarial; 35 bolsas de doutorado; 20 bolsas de mestrado e 109 bolsas de Iniciação Tecnológica e Industrial. O valor geral dessas bolsas, financiado pelo CNPq, chega a pouco mais de R$ 7,77 milhões.
As 32 empresas parceiras da UFSCar no Mestrado e Doutorado para Inovação também arcaram com recursos referentes a contrapartida no valor de R$ 1,18 milhão, aplicados em 51 projetos distintos. “Essas colaborações demonstram o engajamento de docentes e discentes em projetos que estimulam a inovação e a aplicação prática do conhecimento científico nas diferentes áreas do conhecimento, já que na UFSCar o MAI/DAI está presente em 5 dos 8 Centros, incluindo Exatas, Engenharias, Biológicas, Agrárias e de Ciências Humanas”, afirma Braatz.
Para o diretor da agência, o Programa MAI/DAI teve impacto positivo na UFSCar, ao fomentar a formação de profissionais altamente qualificados e incentivar a aplicação de ciência e tecnologia no ambiente industrial. “A universidade vem se consolidando como uma referência em desenvolvimento tecnológico, promovendo uma aproximação efetiva com o setor produtivo. Além disso, a execução do programa fortaleceu a cultura de inovação e empreendedorismo na instituição, gerando impactos tangíveis na formação acadêmica e na competitividade das empresas parceiras”, lembra.
Braatz cita como pontos relevantes da integração da universidade com empresas a facilidade de transferência de tecnologia e conhecimento para o setor industrial, o que contribui para a maior competitividade dessas empresas; o alinhamento da pesquisa científica de diversas áreas do conhecimento às necessidades do mercado e os resultados refletidos na formação dos estudantes, que ganham competências alinhadas às demandas industriais.
O professor, contudo, observa que a aproximação entre empresas e universidades permanece sendo um desafio. Ele atribui o fato devido a diferenças culturais e de expectativas entre os dois setores. “Enquanto a universidade busca a produção de conhecimento científico e formação acadêmica, as empresas priorizam soluções rápidas e aplicáveis para seus processos e produtos”, diz. Para Braatz, iniciativas como o Programa MAI/DAI ajudam a mitigar essas barreiras, ao estabelecer processos estruturados e facilitados de colaboração e ao demonstrar os benefícios mútuos dessa integração.
“Através desses programas, é possível criar um ambiente mais favorável para a inovação e para o desenvolvimento tecnológico compartilhado. Destaco também que o modelo MAI/DAI é um ótimo ponto de partida para que outras interações ocorram entre as empresas e os grupos de pesquisa da universidade, como já observamos na UFSCar”, conclui.
Ao apresentar esses dados durante o “AIn Conecta”, a UFSCar também divulgou o resultado de pesquisa realizada com seus participantes no Programa MAI/DAI, em que 100% deles afirmou que participaria da experiência de novo, em nova chamada. Boa parte dos que responderam à pesquisa – 66,7 por cento – avaliaram que o Programa superou as expectativas no que tange ao atendimento das necessidades da empresa. Outros 33,3 por cento julgaram como boa a eficácia do Programa em relação às empresas.
“É um programa muito vantajoso para a empresa. Ajuda na formação dos alunos da UFSCar, fortalece a interação universidade-empresa, trazendo problemas reais para serem estudados”, sublinhou um dos docentes entrevistados. Para outro professor que participou da pesquisa, o principal diferencial do MAI/DAI é sua abrangência, que não se limita a áreas específicas do conhecimento. “Está aberto a projetos de diferentes campos, desde que apresentem potencial para impactar positivamente o setor empresarial e promover inovação tecnológica, organizacional ou social”, disse.
O impacto do Programa MAI/DAI UFSCar também foi considerado relevante para os bolsistas entrevistados. A maioria deles afirmou que participar do Programa foi fundamental para sua formação. Outros consideraram o Programa importante para a respectiva formação. Todos os bolsistas entrevistados recomendariam a participação no programa a um colega. “Participar do programa com uma bolsa DAI fez com que eu expandisse meu horizonte de possibilidades para a vida profissional. Pude desenvolver diferentes habilidades a partir da pesquisa aliada à resolução de problemas reais em indústrias”, comentou um bolsista que respondeu a pesquisa.
A opinião dos bolsistas corrobora pesquisa já realizada pelo CNPq, em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). “Cerca de 90% dos bolsistas de doutorado participantes responderam que o Programa contribuiu para sua formação profissional, além da acadêmica. Além disso, cerca de 90% das empresas participantes indicaram que o programa proporcionou aumento na capacidade de inovação”, diz o Coordenador-Geral de Promoção à Inovação do CNPq, Márcio Ramos. Para ele, o fato indica o sucesso do Programa MAI/DAI e mostra ser fundamental manter sua continuidade. “Prova disto é a parceria estabelecida junto à CAPES que se juntou ao Programa em 2024, apoiando a concessão de bolsas de doutorado”, completa.
Para a bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq e professora do Departamento de Engenharia Química da UFSCar, Mônica Lopes Aguiar, o MAI/DAI beneficia estudantes e empresas. Em sua participação no “AIn Conecta”, a professora apresentou alguns casos inspiradores de alunos que, após a parceria no Programa, se encontram já trabalhando nas empresas parceiras, como é o caso de Bruno José Chiaramonte de Castro e de Bárbara Karoline Silva Araújo Andrade.
Castro cursou Engenharia Química na UFSCar, com mestrado e doutorado na mesma área, também nessa universidade. Ele foi bolsista DAI e, em 2022, antes de concluir o doutorado, foi contratado como especialista em pesquisa e desenvolvimento da Global R&D, da ArcelorMittal do Brasil, empresa parceira do Programa. Hoje, Castro atua na área de controle da poluição do ar da empresa.
Bárbara Andrade graduou-se em Engenharia Química na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e fez mestrado e doutorado na UFSCar. Ela também foi bolsista DAI e foi contratada antes de finalizar o doutorado como pesquisadora do Grupo Sereng, alocada no Global RD Brasil, atuando na equipe de sustentabilidade nas áreas de ar e água.“Esses são apenas alguns exemplos que demonstram como o programa promove a integração entre academia e indústria, com benefícios tanto para os alunos quanto para as empresas parceiras”, diz a professora Mônica Lopes.
O “Ain Conecta” deste ano foi organizado para fortalecer a relação entre a universidade e as empresas, apresentar os programas e ações da Agência de Inovação da UFSCar e compartilhar novidades para as comunidades interna e externa. O encontro aconteceu no segundo dia do São Carlos Innovation Summit, evento focado em empreendedorismo, ciência, tecnologia e inovação, que reuniu instituições relevantes da área científica em São Carlos, São Paulo, em 28 e 29 de novembro, e celebrou o aniversário da Embrapa Instrumentação e do ParqTec da cidade. Segundo o diretor do ParqTec, professor Sylvio Goulart Rosa Júnior, o Innovation Summit foi resultado da articulação de vários atores que participam da governança do ecossistema de ciência e Tecnologia de São Carlos. “É um evento de celebração desses esforços realizados por todos na promoção de São Carlos como capital da tecnologia”, afirmou.