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Conferência Nacional reúne especialistas e aponta caminhos para enfrentamento das mudanças climáticas
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, abriu nesta terça-feira, 18 de junho de 2024, a 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas ressaltando que o trabalho cooperativo é o único caminho para se tratar de questões do clima. “Não é possível fazer isso sozinho. Só é possível fazer em rede. Não só no Brasil, mas em rede de cooperação internacional”, disse. Organizado pela Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), o evento ocorre até o dia 20, no auditório do CNPq, em Brasília.
A realização da conferência, segundo a ministra, vai na direção de uma decisão política de fazer valer as evidências científicas para tratar de um problema que já está acontecendo de maneira contundente, atingindo em especial as populações e nações mais pobres. “Esses fenômenos que estão acontecendo são fruto de uma falta de planejamento histórico. Estamos pagando um preço alto por isso”, completou.
O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, reforçou a importância da Conferência, sublinhando a função do conhecimento científico para o combate às mudanças climáticas. “Nosso papel no mundo é enorme e tudo o que nós fazemos devemos a vocês”, disse, referindo-se aos pesquisadores da área. Para Galvão, além da ciência, é preciso trabalho e muita vontade para lidar com o problema. Representando a ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, a secretária nacional de Mudanças do Clima, Ana Toni foi na mesma linha, afirmando que “a ciência é a base deste debate, um debate que a gente está cada vez mais preparado a ter através do Plano Clima”, salientou.
De acordo com o coordenador da Rede Clima, Moacyr Araújo, professor do Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq, a escolha do tema da Conferência (“Caminhos para o Agora) foi feita de forma proposital, porque não existe mais outra possibilidade. “A ciência é a única capaz de mostrar os caminhos que nós iremos traçar a partir de agora e sempre”, observou.
Atuação em rede
Para a ministra Luciana Santos, a realização da Conferência é um momento importante para a ciência brasileira, pois celebra também os dezessete anos da Rede Clima, uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que reúne mais de cem pesquisadores de todas as regiões do país e representantes de ministérios e órgãos do governo envolvidos na agenda climática. A Rede tem como objetivo principal o desenvolvimento científico como subsídio aos tomadores de decisão, para que o Brasil possa responder aos desafios da mudança climática, considerando causas e impactos.
“A gente precisa garantir que essa sintonia exista e a rede é o melhor caminho para isso”, salientou a ministra, enfatizando que a conferência poderá apontar quais são os desafios e caminhos a trilhar, de modo assertivo e rápido, para enfrentar a mudança do clima no Brasil.
Luciana Santos pontuou que muitas áreas já têm conhecimento suficiente para debelar os problemas, mas ainda existem falhas na implementação. “Na maioria dos casos não temos lacuna de conhecimento. Nossa lacuna é de implementação. Por isso precisamos que haja maior interação, diálogo e entendimento entre a produção científica e a apropriação dessas informações científicas pela sociedade, especialmente pelos gestores, seja da esfera pública ou da iniciativa privada”, disse. “A ponte que conecta a gestão-consciência precisa ser sólida de mão-dupla e permanente, assim teremos mais possibilidades de sucesso na apropriação de evidências científicas na tomada de decisão”, completou.
C&T e mudanças climáticas
Nos três dias da Conferência, especialistas brasileiros debaterão temas que envolvem desde os próximos passos para incrementar as políticas de ciência e tecnologia no Brasil para combater as mudanças climáticas, os principais desafios para a agropecuária do país na área, biodiversidade, recursos hídricos, transição energética, efeitos das mudanças climáticas na saúde, capacidade de previsão e resiliência das cidades diante de eventos extremos até os elementos econômicos relevantes em um cenário que indica uma neoindustrialização de baixo carbono já em curso e como as mudanças climáticas podem auxiliar o fortalecimento do papel das mulheres na ciência. O evento também tratará das contribuições da ciência brasileira para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), a ser realizada em 2025, em Belém, Pará.
O Secretário interino de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Osvaldo Moraes, lembrou ainda que a ciência tem de ser inclusiva, “porque senão vamos fazer uma ciência elitista”, disse. Para ele é fundamental focar na questão da humanidade. “Não adianta apenas nós fazermos ciência para a sustentabilidade do planeta. Temos de fazer ciência para a sustentabilidade do planeta e dos seres que habitam o planeta”, afirmou Moraes.
Com esse pensamento concordou também o deputado Reimont Santa Bárbara, membro da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Federal, que também participou da abertura da Conferência. “Quando discutimos ciência e tecnologia, discutimos a existência e a dignidade da vida humana, que está lá na periferia. Nossa cosmovisão tem de estar integrada com a ciência, a tecnologia, a inovação e a vida dos pobres”, acrescentou o parlamentar.
Confira a programação completa e acompanhe o evento:
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(Crédito: Marcelo Gondim/CNPq)