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Gestão transparente dos dados da ciência brasileira
Quando se pensa em fomento à ciência no Brasil, não há dúvidas de que duas plataformas vêm à mente dos cientistas, porque elas permeiam suas vidas de forma indiscutível: a Plataforma Lattes e a Plataforma Integrada Carlos Chagas (PICC) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. Essas plataformas oferecem uma série de serviços e ferramentas para pesquisadores, instituições de ensino e outros partícipes do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação e têm sido essenciais para fortalecer a infraestrutura da pesquisa no Brasil. No entanto, o que aparece para o público são apenas as pontinhas desses dois verdadeiros icebergs, que têm funcionalidades e armazenamento de dados que poucos conhecem.
Enquanto a Plataforma Lattes engloba a base de currículos acadêmicos – com mais de 8 milhões deles cadastrados – , o Diretório de Grupos de Pesquisa e o Diretório de Instituições, que possibilitam o registro de currículos e a obtenção de informações sobre a produção científica dos pesquisadores, a Plataforma Carlos Chagas operacionaliza todos os processos de fomento, auxílio e pagamento de bolsistas do Conselho. Desde 2023, várias informações extraídas das plataformas Lattes e PICC vêm sendo disponibilizadas pelo CNPq da forma mais transparente e acessível possível, por meio de uma série de painéis públicos. Disponíveis no portal do órgão, os cinco painéis lançados até o momento – Painel de Fomento, Painel Lattes, Mapa de Investimentos, Painel de Bolsas PQ e o recém-lançado Painel de Demanda e Atendimento – agregam dados relevantes sobre pesquisadores, grupos de pesquisa, instituições, projetos, auxílios e bolsas em várias métricas e dimensões. A organização e tratamento dos dados necessários para a construção dos painéis só foi possível devido à robustez e confiabilidade das duas plataformas.
Da integração dos dados de ambas, foi possível obter as informações sobre sexo, raça/cor e faixa etária das pessoas que encaminharam demandas para as diversas chamadas, tendo sido financiadas ou não. Os dados sensíveis são anonimizados, mas, quando mostrados pelos painéis de forma global, servem para um melhor entendimento das realidades regionais, de grupos sub-representados, de aspectos da maternidade, entre outros. Em breve, a possibilidade do registro de cientistas que sejam pessoas com deficiência (PcD) estará operacional no Lattes, num campo não obrigatório e não público, mas fundamental para a construção de políticas de acessibilidade futuras. O acesso à informação por meio dos dados consolidados desde 2005 permite o apoio à tomada de decisões e avaliação de programas e projetos já apoiados e financiados.
Dados tão ricos e fundamentais precisam ser muito bem tratados, analisados e disponibilizados ao público, razão pela qual o CNPq criou, em 2022, uma diretoria específica para isso, a Diretoria de Análise de Resultados e Soluções Digitais. Visando também a proteção desses dados, o CNPq está implementando uma solução de backup no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro. Por fim, sempre buscando ofertar ferramentas mais amigáveis e modernas para os cientistas brasileiros e para os gestores e analistas do Conselho, encontram-se em fase de desenvolvimento várias melhorias incrementais na Plataforma Lattes, como a adoção de módulos de privacidade e sincronização com a base do ORCID (código alfanumérico não proprietário para identificar exclusivamente cientistas e outros autores acadêmicos e contribuidores), e novas plataformas, que levarão em conta padrões de acessibilidade internacional.
Débora Peres Menezes, diretora de Análise de Resultados e Soluções Digitais do CNPq