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Tecnologia nuclear pode salvar cavalos com "síndrome de imersão", vítimas das enchentes no RS
A tecnologia nuclear tem se mostrado uma aliada poderosa no campo da saúde, especialmente através da medicina nuclear e, nos últimos anos, com o desenvolvimento de hidrogéis com nanopartículas de prata irradiados, produzidos por irradiação gama ou feixe de elétrons. Na segunda-feira, 10, lotes desses curativos inovadores, desenvolvidos no Laboratório do SisNANO da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – NuclearNano, foram enviados ao Rio Grande do Sul para auxiliar no tratamento de cavalos resgatados de uma hotelaria em Eldorado do Sul (RS).
- (Foto: Juliana Osório
Ademar Benévolo Lugão, coordenador do NuclearNano, explica que os curativos à base de hidrogéis com nanopartículas de prata passam pelo processo de irradiação, ocorrendo a gelificação de forma simultânea à esterilização do curativo. O pesquisador ressalta que a irradiação também colabora para a formação e a estabilidade das nanopartículas de prata. “Como o o processo utiliza apenas uma etapa de esterilização por radiação, permite que os curativos sejam produzidos com custos baixíssimos, em torno de R$ 1 poe curativo de 100cm2”, acrescenta Lugão.
Os hidrogeis são irradiados no Centro de Tecnologia das Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN em São Paulo, localizada na Cidade Universitária. Compostos por 90% de água, propiciam um ambiente úmido que, de acordo com Lugão, estimula a recuperação das lesões. “Além disso, é totalmente transparente, permeável ao oxigênio, não aderente à ferida, resistente à manipulação por enfermeiros, porém, extremamente macio, de forma a se constituir numa segunda pele, diminuindo ou mesmo eliminando a dor das feridas”, afirma o pesquisador.
Totalmente estéreis, os curativos já foram usados em testes clínicos com queimados, testes clínicos com feridas crônicas de hanseníase e leishmaniose, e testes clínicos em feridas de bebes recém-nascidos em tratamento em UTIs. Lugão vem trabalhando há mais de uma década no desenvolvimento de hidrogeis e tem a expectativa de uso em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS). O Laboratório SisNano NuclearNano/CNEN fica sediado no Centro de Química e Meio Ambiente (CEQMA) do IPEN.
De acordo com Lugão, os curativos serão aplicados nos equinos com o auxílio de pastas veterinárias específicas para essas feridas, que demandam um pH bem ácido. O pesquisador adianta estudos para desenvolver, a curto prazo, soluções mais adequadas ãs lesões por síndrome de imersão em equinos. “A intenção do IPEN/CNEN é desenvolver rapidamente um novo curativo processado por radiação com o pH e dimensões ajustadas às necessidades específicas desse caso”.
O grupo de veterinários voluntários é coordenado por Guilherme Machado e Paula Bernardo, proprietários da Clínica Guadalupe, local onde estão internados os equinos. Também integram esta equipe Juliana Osório, proprietária da Clínica de Fisioterapia Equina, que leva o seu nome, e Maria Inês Allgayer, CEO da Therapy4horses, empresa de fisioterapia e reabilitação equina, com ênfase em animais de alta performance, situada em Purcell, Oklahoma (EUA), cidade conhecida como a "Capital do Cavalo Quarto de Milha no Mundo”.
A equipe também inclui voluntários que trabalham na Clínica Guadalupe. O grupo conta, ainda, com a colaboração do pesquisador Julio David Spagnolo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, e colaboradores da CNEN, dedicados à produção dos curativos. Para saber como ajudar, basta acessar a conta @clinvet_guadalupe na rede social Instagram.
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Contatos do pesquisador Ademar Lugão:
e-mail: ablugao@ipen.br ou ablugao@gmail.com
Fone: 2810-5616