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Projeto para criação de um Centro de Treinamento em Segurança Física Nuclear no Brasil é escolhido em edital da Finep
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) divulgou o resultado do edital para Seleção Pública de propostas para apoio a centros nacionais de infraestrutura científica de pesquisa e tecnológica de caráter temático, nas áreas de transição energética, transição ecológica, transformação digital, saúde e defesa. Dentre os projetos selecionados, está o do Centro de Treinamento em Segurança Física Nuclear (Centresf), que será abrigado no Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN).
Considerado o primeiro centro de treinamento nessa área da América Latina, o Centresf pretende colocar o Brasil como protagonista em matéria de capacitação em segurança física nuclear, e formará especialistas em sistemas de proteção física de instalações nucleares, radiativas e em operações de transporte.
“O projeto prevê a instalação dos mais modernos equipamentos e sistemas de segurança física, possibilitando que sejam ministradas aulas práticas, o que constitui um importante diferencial”, declarou Cristóvão Araripe Marinho, diretor do Instituto de Engenharia Nuclear.
O diretor informou ainda que os recursos financeiros autorizados pela Finep serão primordiais para executar o projeto, que se enquadra na linha de pesquisa na área de Defesa, aberta no edital.
João Régis dos Santos, chefe da Divisão de Segurança e Proteção Radiológica (DISPR/IEN), detalhou para quem serão direcionados os cursos e treinamentos a serem realizados no Centresf:
- Profissionais com atuação na área de segurança física nuclear do Brasil e de países vizinhos, selecionados para participar de programas com apoio de agências como a AIEA, o DoE (EUA), a NNSA (EUA) a WINS (Reino Unido), dentre outras;
- Especialistas vinculados ao Escritório de Segurança Física, atualmente da DRS/CNEN, o que demonstra a forte aderência do projeto aos objetivos institucionais da CNEN;
- Pessoal com atuação em segurança nuclear e radiológica, que necessite se aperfeiçoar em segurança física nuclear, especialmente os vinculados às instalações radiativas.
- Pessoal das forças de resposta previstas nos planos de proteção física de instalações nucleares e radiativas;
Os cursos serão ministrados por especialistas que adquiriram conhecimento em centros de treinamento em proteção física internacionais. Estes centros, tais como os existentes em Albuquerque, nos Estados Unidos, Seibersdorf, na Áustria, e em Obninsk, na Rússia, foram usados como referência para a construção do Centresf e seguem as recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“O projeto Centresf buscou adaptar os padrões globais à realidade brasileira e de outros países da América Latina”, afirmou Alexandre Pereira Machado, servidor do IEN/CNEN responsável por coordenar e integrar as atividades necessárias para a execução do Centresf.
Machado e João Régis informaram também que o IEN/CNEN pretende firmar parcerias com os principais operadores do setor nuclear brasileiro, universidades, centros de pesquisa e instituições governamentais, além das agências globais que normalmente apoiam iniciativas na área de segurança física nuclear, como a AIEA, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE), a Technical Academy Rosatom (Rússia) e o World Institute for Nuclear Security (WINS).
“O objetivo é fortalecer as atividades do Centresf, promover intercâmbio técnico e científico e expandir sua atuação. Embora os recursos da Finep sejam essenciais e cubram a maior parte do investimento a ser destinado ao projeto, estamos abertos para receber recursos adicionais”, acrescenta Alexandre Machado.
A previsão, segundo informou o próprio coordenador do projeto, é de que o centro esteja em pleno funcionamento entre 30 a 36 meses, prazo previsto pela Finep para a execução financeira.
Já para o diretor Cristóvão Marinho, o IEN/CNEN se orgulha de destinar parte de suas instalações para criação do Centresf, antecipando-se não apenas em alavancar as atividades ligadas à proteção física e radiológica, mas em criar uma possibilidade de tornar a sociedade como um todo mais segura, por meio da formação de profissionais efetivamente qualificados.
Escrita por: José Lucas Brito