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Pesquisadores do CDTN integram projeto sobre mudanças climáticas na Antártica
OCentro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade de pesquisa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), compõe um grupo de instituições parceiras que se propõe a analisar a região antártica nos próximos três anos.
O projeto intitulado “INTERFACES – Transporte e processos biogeoquímicos de substâncias naturais e antropogênicas na interface terra-mar antártica em um contexto de mudanças climáticas” é coordenado por Juliana Gardenalli de Freitas, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Além do CDTN, há envolvimento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Oceanográfico (IO-USP). O projeto foi aprovado no Edital do PROANTAR/CNPq em 2023.
A pesquisadora do CDTN, Stela Dalva Santos Cota, coordena o projeto na instituição e explica que a Antártica é um dos ambientes mais suscetíveis às mudanças climáticas. Nesse contexto, a Ilha do Rei George, onde se localiza a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), base permanente do Brasil, foi identificada como uma região muito sensível a esses efeitos. “Há efeitos esperados de aumento de precipitação, decréscimo de neve, desintegração e fragmentação de plataformas de gelo, derretimento de geleiras, degradação de permafrost (camada de solo permanentemente congelado), alterações nos fluxos hídricos (superficiais e subterrâneos) e nas suas conexões e mudanças na química dos oceanos com consequentes impactos nos ecossistemas”, explica.
Pesquisa de campo no continente gelado
O objetivo geral da proposta é ampliar a compreensão e a capacidade de monitoramento e predição de processos de origem natural e antrópica (a partir de ações humanas), considerando o cenário de mudanças climáticas. Isso será feito através de uma avaliação interdisciplinar integrada do sistema hidrológico e hidrogeológico em locais próximos à Estação Brasileira na Antártica, bem como seus impactos nos ciclos biogeoquímicos, incluindo aspectos físicos, químicos, microbiológicos e isotópicos.
Com duração prevista de três anos, o projeto prevê trabalhos de campo conduzidos pela equipe durante os verões antárticos, envolvendo a instalação de uma rede de monitoramento, tomada de amostras de água (superficial, subterrânea, da chuva, da neve e do solo), determinação in-situ e em laboratório de parâmetros hidroquímicos, compostos orgânicos, gases, isotópicos e microbiológicos, medições de temperatura e umidade, entre outros. Posteriormente, haverá integração dos dados por meio de análises estatísticas e de elaboração do modelo conceitual e matemático da área de estudo.
O CDTN, por meio dos pesquisadores do Serviço de Análise e Meio Ambiente, ficará a cargo de parte das análises químicas e isotópicas nas matrizes aquosas, medição das vazões dos fluxos superficiais, análise de gás radônio para estimativa da conexão água subterrânea e superficial, da atividade de modelagem conceitual e matemática, da varredura de radiação gama, entre outros. A equipe partirá para a Antártica em dezembro.
Alice Queiróz, com informações do Serviço de Análise e Meio Ambiente
Assessoria de Comunicação
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