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Museu do Conhecimento Nuclear do IEN/CNEN recebe nota máxima em edital da Finep
O Museu Virtual do Conhecimento Nuclear (MCNuc), projeto criado e desenvolvido pelo Laboratório de Realidade Virtual do Instituto de Engenharia Nuclear (LabRV/IEN), obteve a nota máxima de avaliação – 5,00 – do edital lançado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) neste ano, voltado para a recuperação e preservação de acervos.
De acordo com a descrição do projeto, enviada para a Finep, o museu visa “a preservação, pesquisa, educação e divulgação da ciência nuclear, suas práticas e acervos científicos e tecnológicos, de modo a aproximar e dialogar com a sociedade sobre o tema nuclear”.
Nesse sentido, o projeto do MCNuc gabaritou todos os critérios de avaliação contidos na chamada pública “Propostas para o Apoio Financeiro à Infraestrutura de Preservação, Divulgação, Pesquisa e Restauração de Acervos Científicos, Históricos e Culturais”. Veja quais foram esses critérios:
- Mérito: abrangência e coerência da entidade, considerando sua aderência às áreas prioritárias, bem como sua relevância no contexto de C,T&I para o desenvolvimento local/regional/nacional e/ou à preservação de acervos;
- Resultados e Impactos Esperados: resultados e impactos esperados no desenvolvimento das atividades de pesquisa, divulgação, popularização e preservação dos acervos;
- Equipe: qualificação e competência da equipe científica beneficiada pelo projeto, verificando a sua aderência à proposta;
- Acesso universal ao museu, acervo ou hemeroteca: uso compartilhado ou acesso universal aos acervos bem como à divulgação pública dos critérios de visita, agendamento e utilização de equipamentos;
- Orçamento: relevância, coerência e adequação de todos os itens do orçamento requeridos frente ao objetivo geral e aos objetivos específicos do Plano de Trabalho proposto.
O coordenador do LabRV/IEN, Antônio Carlos de Abreu Mól, explica que poucas instituições de ensino e pesquisa do país conseguiram desempenho semelhante ao do laboratório, e esse fator credencia o museu a atrair mais investimentos financeiros para fortalecê-lo e ampliá-lo:
“Em torno de 250 projetos foram listados com as notas. Desses, somente 20 obtiveram nota máxima em todos os critérios, e nós fomos um deles. Dentre esses critérios, eu destaco a capacidade da preservação em si e a de popularizar e divulgar a ciência. É isso que a avaliação está dizendo para a gente: se em todos os quesitos, todos indicadores, a gente obteve a pontuação máxima, significa que a Finep identificou tanto a importância do projeto quanto a nossa capacidade de executá-lo e apresentá-lo à sociedade”, afirma Mól.
A museóloga Júlia Pereira, que faz parte da equipe de criação do Museu do Conhecimento Nuclear, complementa que essa iniciativa é competente no sentido de preservar e divulgar o saber científico das instituições brasileiras ligadas à área nuclear e que, ao se enraizar, se tornará um legado do IEN/CNEN para a ciência brasileira.
O pioneirismo e a ambição do MCNuc
Prestes a completar 20 anos de existência em 2025, o Laboratório de Realidade Virtual do IEN/CNEN tem se dedicado a utilizar as plataformas de realidade virtual, algo que era incomum na época de sua criação, para promover a divulgação científica e potencializar treinamentos por meio da criação de simuladores.
A ideia de criar o Museu do Conhecimento Nuclear, segundo Mól, surgiu anos depois, com a chegada da museóloga Júlia à sua equipe. O MCNuc pretende atuar na pesquisa, preservação e difusão da ciência nuclear, a partir da CNEN e suas unidades, contribuindo para aproximar o tema da sociedade. Construir o espaço virtual do museu – o Museu Virtual do Conhecimento Nuclear -, no ambiente virtual da Cidade da Ciência é uma ação inovadora, que contribui para aproximar a população do tema, de forma lúdica e interativa.
“Pensamos em unir os esforços da museologia com as ferramentas tecnológicas, e as inovações, e isso fez com que olhássemos a memória da ciência nuclear brasileira a partir do acervo institucional e pudéssemos construir formas de diálogo com a sociedade sobre o tema a partir deste acervo, por intermédio da tecnologia”, explica Júlia sobre sua participação no início dos trabalhos de criação do museu, da Cidade Virtual da Ciência e do espaço virtual do museu.
A dupla de pesquisadores defende que a utilização dos recursos tecnológicos permite uma melhor interação dos visitantes aos acervos históricos, em comparação a um espaço físico, onde o contato aos itens expostos costuma ser restrito.
E esse projeto teve como uma espécie de “amostra grátis”, a exposição criada dentro do edifício Argonauta, um espaço representativo para falar sobre o Reator Argonauta instalado na Cidade Virtual da Ciência, onde é possível conhecer a história de criação desse equipamento nuclear.
Segundo Mól, a exposição virtual do Reator Argonauta foi produzida com base no acervo histórico presente no Instituto de Engenharia Nuclear, e vai ao encontro do que é proposto no edital da Finep: privilegiar ações que visam o resgate e a manutenção dos arquivos históricos de ciência e tecnologia e que ajudem a reduzir as distâncias entre o conhecimento científico e a população.
“Se olharmos algumas pesquisas realizadas no Reator Argonauta, podemos ver que ele tem relação direta com a sociedade. É possível explicar, por exemplo, que o reator permite análises de água do rio, pesquisas da qualidade do ar, escolha de quais são os melhores solos e níveis de umidade para quais tipos de planta, entre outras contribuições, como pode ser visto na exposição virtual mencionada. Dessa forma, o reator sai desse lugar distante, amedrontador, bélico, de uma memória histórica ruim e entra em um lugar como sendo uma peça importante para a melhoria de vida da sociedade”, afirma Júlia.
Com o edital ganho, o espaço virtual do museu será integrado ao ambiente da Cidade Virtual da Ciência e, em breve, estará disponível para aqueles que já acessam essa plataforma por meio dos canais informativos do IEN/CNEN.
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Mól mencionou ainda, que durante a participação do LabRV/IEN na última Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), ocorrida em novembro deste ano, a visita da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, ao estande da CNEN, e seu interesse em conhecer os projetos do IEN/CNEN que , utilizam a realidade virtual, demonstraram que esta tecnologia está sob o foco do Governo Federal.
Com essa experiência na SNCT e em outras feiras de ciência, o coordenador do LabRV afirmou que pretende levar o Museu Virtual do Conhecimento Nuclear e a Cidade Virtual da Ciência a exposições itinerantes nas escolas, universidades e até mesmo para outros museus ligados à ciência:
“Desde 2005, muito antes de pensar em criar o museu, a gente já pensava em divulgação científica, em formar indivíduos mais críticos, reflexivos e indagadores, isso é muito importante. Eu quero que a criança não acredite no que eu falo, eu quero que ela questione e procure a verdade”, defende o pesquisador.
Escrita por: José Lucas Brito/IEN