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Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências, fala na CNEN sobre a necessidade de repensar a universidade brasileira
Novo modelo propõe assegurar formação mais sólida e diversificada a mais brasileiros
Convidado do projeto Grandes Nomes, Grandes Temas, o presidente recém-empossado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e um dos mais prestigiados e influentes físicos brasileiros, Luiz Davidovich, falou na CNEN, nesta última terça-feira (10), sobre a necessidade de promover mudanças estruturais inadiáveis na universidade brasileira, capazes de ampliar e consolidar a excelência recém-conquistada da ciência brasileira no cenário internacional, bem como de assegurar formação mais sólida e diversificada a mais brasileiros.
Na sua palestra, Davidovich mencionou estudos realizados pela ABC que já no início dos anos 2000 indicavam a premência de reforma da educação superior brasileira. “Esses estudos, que deram origem a outros documentos apontando a necessidade de repensar todo o nosso sistema de ensino, culminaram, em 2010, em algumas das propostas apresentadas no Livro Azul da 4ª CNCTI e continuam a mobilizar a comunidade de acadêmicos, que já prepara um novo documento”.
De acordo com o pesquisador, que se baseou em dados atuais e no quadro evolutivo recente da educação no Brasil e no mundo, a predominância dos grupos privados no quadro de instituições de ensino superior atuantes no Brasil e as distorções daí decorrentes podem explicar, ao menos em parte, a emergência de um novo modelo para o nosso ensino superior. Para ele, a reforma do ensino superior passa necessariamente pela diversificação de tipos de instituições, que estariam voltadas para diferentes tipos de atuação no mercado, e também de ciclos de formação, básico e profissional, o que evitaria especialização prematura de estudantes.
Segundo Davidovich, a maior flexibilização curricular, baseada na estruturação em grandes áreas do conhecimento, na redução da carga de disciplinas e em uma grade de temas comuns a todas as áreas, além do aumento da interdisciplinaridade e da diversidade de modalidades de aprendizagem, seriam outros pontos importantes dessa proposta, que deve prever, ainda, maior autonomia das instituições acompanhada de avaliação externa constante.
Um novo paradigma de universidade deve estimular a combinação plena das necessidades da sociedade, com seus interesses e talentos especiais, acredita Davidovich, que citou ainda as experiências inovadoras da Universidade Federal do ABC (UFABC) - cuja estrutura foge ao modelo departamental - e da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que propõe uma arquitetura curricular organizada em ciclos de formação independentes e progressivos.
O projeto Grandes Nomes, Grandes Temas faz parte da programação comemorativa dos 60 anos da CNEN e promove encontros do público com grandes especialistas em diferentes temas e áreas do conhecimento.