Notícias IPEN/CNEN-SP usa tecnologia nuclear para apoiar ações de combate à pandemia da Covid-19 Compartilhe: Compartilhe por Facebook Compartilhe por Twitter Compartilhe por LinkedIn Compartilhe por WhatsApp link para Copiar para área de transferência Publicado em 14/04/2020 17h34 Atualizado em 04/11/2022 16h04 Instituto recebeu 1.500 máscaras confeccionadas na Comunidade de Paraisópolis para desinfecção por radiação ionizante; no total, serão produzidas 50 mil unidades Pesquisador Pablo Vázquez, com Suéli e Maria Nilde, na entrega das 1.500 máscaras. Foto: Edmilson Nazareno. O IPEN/CNEN-SP segue contribuindo no combate à pandemia do novo coronavirus. Na tarde de segunda-feira (13/4), pesquisadores do Instituto receberam do projeto "Costurando Sonhos”, da Comunidade de Paraisópolis, a primeira remessa de 1.500 máscaras para desinfecção utilizando radiação gama proveniente de Cobalto-60. A parceria vai possibilitar a desinfecção das 50 mil máscaras que serão produzidas pelo projeto e distribuídas na própria comunidade, para que os moradores possam recebê-las e utilizá-las com total segurança. Todas as segundas-feiras serão levadas ao Instituto 1.500 unidades. Segundo Suéli Feio, uma das idealizadoras do projeto, o acondicionamento das máscaras foi feito de acordo com as orientações do IPEN/CNEN-SP. As máscaras serão desinfectadas no Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 do Instituto. A esterilização de produtos para cuidados com a saúde por radiação ionizante atende à norma ISO 11137 e é uma das principais atividades do IPEN/CNEN-SP, por meio do seu Centro de Tecnologia das Radiações (CETER). O Instituto participa de uma rede coordenada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e tem apoiado iniciativas de combate à pandemia atuando em várias frentes, sendo o processamento por radiação ionizante um dos serviços mais procurados. Suéli e Maria Nilde Santos, a outra idealizadora do projeto, entregaram as caixas com as máscaras ao pesquisador Pablo Vásquez, responsável pelo Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 e Gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do CETER. Esta inciativa de ação social do IPEN/CNEN-SP foi apoiada pelas pesquisadoras Margarida Mizue Hamada, Gerente do CETER, e Isolda Costa, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto, e recebeu o aval do Superintendente do IPEN, Wilson A. Calvo. A grande vantagem da radiação gama proveniente do Cobalto-60 é que é uma radiação cuja energia está abaixo do limiar de ativação da maior parte dos elementos. "Os objetos expostos à radiação gama na nossa instalação não têm contato com o cobalto-60 e não se tornam radioativos”, explicou Vásquez. Além da esterilização e desinfecção de dispositivos médicos e de proteção individual, o IPEN/CNEN-SP pode apoiar irradiando materiais para serem reutilizados em caso de haver escassez, como ocorreu em países europeus, de acordo com Vásquez. "Tudo indica que a crise provocada pela pandemia da Covid-19 levará à falta de insumos na área médico-hospitalar, especialmente no que se refere a máscaras cirúrgicas e máscaras do tipo PFF1-2-3 (N95, Peça Facial Filtrante) feitas com polímeros e filtros específicos. Com o processamento por radiação ionizante, o reuso será seguro”, afirmou Vásquez. O projeto – "Costurando Sonhos” é uma iniciativa da Associação de Mulheres de Paraisópolis e tem como objetivo capacitar em corte e costura mulheres em extrema vulnerabilidade social e algumas com histórico de violência doméstica. Quarenta mulheres foram certificadas pelo SENAI-SP, que equipou e instalou uma sala de aula na comunidade. No final de 2019, foi lançada a marca "Costurando Sonhos Brasil" e até um desfile na São Paulo Fashion Week (SPFW 2019). Mas, com a pandemia, veio o desafio de manter a equipe trabalhando em casa. A confecção das máscaras só foi possível graças à atuação de vários parceiros, entre eles a União dos Moradores do Comércio de Paraisópolis, G10 das Favelas e equipe do SPFW, que conseguiram doações de tecidos. Além disso, algumas empresas concordaram em não cancelar os pedidos, o que garantiu salário de dois meses de toda a equipe trabalhando em casa. Suéli ressalta que a colaboração com o IPEN chega "num momento muito difícil em que a gente está lidando com a morte”. "O IPEN fecha esse ciclo nos dando segurança. Vai chegar o produto feito com muito carinho, bom material e, principalmente, esterilizado e seguro”, ressalta. Ela conheceu o trabalho do IPEN/CNEN-SP por intermédio da pesquisadora Mariana Moura, que integra o movimento Cientistas Engajados, cujo objetivo é constituir uma bancada do conhecimento nas instâncias formais da política brasileira. Segundo Suéli, Moura é "amiga da comunidade". "Apesar de terem sido atacadas no último período, a realidade é que nossas universidades e instituições de pesquisa estão ajudando milhões de brasileiros, seja produzindo soluções mais rápidas para testar os pacientes suspeitos, seja pesquisando novos medicamentos e vacinas, seja, como nesse caso do IPEN, utilizando seus equipamentos para esterilizar máscaras que serão distribuídas nos bairros pobres de São Paulo”, comentou Moura. Suéli não vê a hora de começar a distribuir o material entre os moradores. "No momento que eu entregar as máscaras, vou dizer: - Podem usar com segurança”. Como mencionei, essa parceria com o IPEN é muito importante para nós, ela fecha o ciclo, e a gente espera que isso ajude muito a nossa comunidade. Temos muitas famílias de sete, oito pessoas morando em dois cômodos, que ainda têm que trabalhar. Se não fosse o IPEN, a gente não conseguiria”, concluiu. Ana Paula Freire - Comunicação IPEN