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INCT das Radiações da Saúde: nova conquista do IPEN e o desafio de desenvolver tecnologias de ponta
Dentre tantas "lições", a pandemia da Covid-19 evidenciou que novas tecnologias para caracterização rápida, não-invasiva e de baixo custo para doenças são decisivas na diminuição da mortalidade. Visando desenvolver e aplicar métodos diagnósticos e terapêuticos a diversas doenças, assistidos por radiações em ampla faixa do espectro eletromagnético, o IPEN/CNEN vai liderar o INCT INTERAS – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia das Radiações na Saúde,em parceria com instituições nacionais e estrangeiras.
Sob a coordenação da pesquisadora Denise Maria Zezell, do Centro de Lasers e Aplicações (CELAP), o INCT INTERAS terá duração de 60 meses e o aporte de quase R$ 6 mi (R$ 3,8 mi para custeio, R$ 1,4 mi para capital e R$ 720 mil em bolsas de pós-doutorado). Dez dos 14 pesquisadores do IPEN participantes da proposta aprovada são docentes do Mestrado Profissional em Tecnologia das Radiações em Ciências da Saúde, do próprio Instituto. Parte dos docentes orienta tambem no programa academico em Tecnologia Nuclear, IPEN/USP. O resultado foi publicado no DOU de 22/12/2022, Página 16 da Seção 3 (CNPq INCT-INTERAS 406761/2022-1).
Tendo como grande área"Propriedades Ópticas e Espectroscópicas da Matéria Condensada; Outras Interações da Matéria com Radiação e Partículas”, o projeto, que tem como vice-coordenador o professor Emiliano H. Medei, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta com 11 instituições nacionais e 10 estrangeiras, nove empresas, e a colaboração de outras seis instituições, sendo três nacionais e três estrangeiras. "Mais uma enorme conquista dos pesquisadores do CELAP e um grande aporte ao Mestrado Profissional”, afirmou Wilson Calvo, superintendente do IPEN.
De acordo com Zezell, o INCT INTERAS se propõe a desenvolver protocolos dosimétricos físicos e computacionais aplicáveis à radioterapia e medicina nuclear, considerando as especificidades das fontes de radiação e procedimentos clínicos das especialidades de interesse do projeto, paracânceres, doenças cardíacas e cardiorrenais, infecções virais e outras doenças negligenciadas. O protagonismo do IPEN em pesquisa e produção de radiofármacos para a medicina nuclear do país é um "plus” no projeto.
"O IPEN é o caso mais bem sucedido de inovação translacional, levando a hospitais e clínicas os produtos e processos desenvolvidos desde a pesquisa básica, na área de radiofármacos. Pretendemos, com o INCT, desenvolver novos radiofármacos baseados em anticorpos para diagnóstico por imagem PET/SPECT, radioterapia alvo-dirigida de tumores, nanobraquiterapia, processos terapêuticos com lasers, diagnóstico de diferentes doenças por imagem hiperespectral no infravermelho e raman, avaliados por inteligência artificial”, afirmou.
Conforme ressaltado na proposta, "aos desafios na detecção precoce e no tratamento do câncer, somaram-se questões relacionadas ao surgimento de novos vírus com alta taxa de letalidade, como o SARS-CoV-2”. Além disso, tratamentos clínicos avançaram exponencialmente nas últimas décadas, mas podem ser caros e ineficazes. O INTERA visa ocupar esse espaço, "executando a translação não apenas para clínica, mas principalmente para o setor produtivo”.
"Estamos fortemente convencidos que o estabelecimento de um diagnóstico e terapia médica de precisão e personalizada é um dos grandes desafios da medicina moderna que o INTERAS também poderá resolver criando um mosaico científico-industrial. Para isto, apresentamos proposta transdisciplinar com mais de 30 pesquisadores de oito Instituições (AM, PE, SP, RJ e SE) e colaboradores internacionais e nacionais. Vale ressaltar, que os pesquisadores do INTERAS possuem uma alta inserção acadêmica e industrial”, afirmam os coordenadores.
Segundo a proposta, haverá ainda um foco na disseminação do conhecimento, a partir da implementação de "um diálogo contínuo com a sociedade por meio de ações de divulgação científica”. Esse é um aspecto essencial do INCT INTERAS, de acordo com o superintendente do IPEN, Wilson Calvo. Para ele, quanto mais a sociedade conhecer os benefícios que o Instituto promove, por meios de suas pesquisas e inovações, e de seus serviços, mais a sua importância será valorizada.
"Solução inovadoras”
Rapidez no diagnóstico e custos mais baixos são quase sempre decisivos na diminuição da mortalidade, e isso vale para praticamente qualquer doença. Os pesquisadores citam, como exemplos, o diagnóstico precoce de cânceres e a avaliação em tempo real de septicemia em pronto-atendimentos. Por sua vez, os tratamentos clínicos avançaram exponencialmente nas últimas décadas, mas, em muitos casos, ainda são caros, inacessíveis para a maior parte da população, e ineficientes.
"Essas limitações exigem soluções inovadoras em todas as esferas envolvidas em cuidados à saúde, como, por exemplo, no diagnóstico clínico laboratorial e nas estratégias terapêuticas de curto e longo prazo. É neste contexto que propomos o Instituto, para que possamos desenvolver e aplicar métodos diagnósticos e terapêuticos numa ampla diversidade de doenças, como cânceres, síndrome cardiorrenal, infecções virais, doenças negligenciadas, dentre outras”, ressaltam os coordenadores.
O projeto se insere no âmbito das tecnologias habilitadoras tecnologias priorizadas pelo MCTI envolvendo (i) Fotônica (ii) Nanotecnologia: materiais nanoestruturados para catálise e liberação de fármacos; (iii) Qualidade de vida, envolvendo desenvolvimento e caracterização de biomateriais para implantes e engenharia tecidual, novos métodos diagnósticos e terapias baseados em tecnologias fotônicas e nucleares.
Pesquisadores e técnicos do IPEN – CNEN
Denise Maria Zezell (coordenação), Anderson Zanardi de Freitas, Carlos Alberto Zeituni, Daniel Perez Vieira, Eduardo Landulfo, Emerson Soares Bernardes, Lorena Pozzo, Marcus Paulo Raele, Maria Elisa Rostelato, Mario Olimpio Menezes, Martha Simões Ribeiro, Niklaus Ursus Wetter, Orlando Rodrigues Jr., Wagner de Rossi, Anselmo Feher e Fabio Costa. Ainda da CNEN, Elvis J de França, do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE).
Comitê Gestor
Denise M. Zezell - IPEN - CNEN
Emiliano H. Medei – UFRJ
Divanizia N. Souza - UFS
Herculano Martinho - UFABC
Maria Elisa Rostelato - IPEN – CNEN
Wagner de Rossi - IPEN - CNEN
Instituições participantes Nacionais:
Executora/Sede
IPEN/CNEN
Laboratórios associados
Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Universidade de Taubaté, Universidade Federal do ABC, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade de São Paulo (FOUSP e FFCLRP-Física + Computação, Ribeirão Preto), Universidade Federal de São Paulo em Sao Jose dos Campos, Instituto do Câncer do Estado de São Paulo - Octávio Frias de Oliveira e Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste.
Instituições colaboradoras Nacionais
Universidade Federal do Paraná- PR, Centro Educacional Serra dos Orgãos – RJ3, Centro de Estudo e Pesquisa do Hospital Perola Byington- SP
Instituições participantes estrangeiras:
University of Wisconsin - Madison - WISCONSIN, United States; Hôpital Universitaire Necker-Enfants Malades - NECKER, France; Durham University - DURHAM, England; Ruprecht-Karls-Universität Heidelberg - HEIDELBERG, Germany; University of Exeter - EXETER, England; Universidad Autónoma de Madrid - UAM, Spain; University of St Andrews - ST-ANDREWS, Scotland; University of California- Merded, United States; Universidade Politecnica de VALENCIA- Espanha e DELFT University Technology- Holanda.
Instituições colaboradoras estrangeiras
University Wurzburg- Alemanha, Georgia Tech- United States, Universidade Nacional de Cordoba- Argentina.
Empresas
Revolugenix Biotecnologia, Pesquisa e Desenvolvimento Ltda - SP, Brazil; BRVANT e IBRV- Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento - IBRV, SP, Brazil; ANACOM Científica; AXCEM Dermatologia; Biolambda, Científica e Comercial Ltda; Clean Clinica Especializada em Anatomia Oral S/C; CK Estomatologia S/C Ltda; Curitiba Biotecnologia - Curitiba Biotech, PR, Brazil e M Insight Ltda.