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IEN investe no desenvolvimento da Realidade Virtual (RV)
Estádio Maracanã virtual
O Laboratório de Realidade Virtual (LabRV) do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), unidade da CNEN no Rio de Janeiro, vem desenvolvendo vários produtos que aplicam as técnicas de Realidade Virtual (RV) na área nuclear. Existente há cerca de dez anos, o grupo desenvolve diversos aplicativos, entre estes os de proteção física e nuclear para grandes eventos, como a simulação da atuação de técnicos da CNEN e de instituições de segurança nacional no estádio do Maracanã nas Olimpíadas que ocorreram em 2016. Esse aplicativo desenvolvido pelo grupo de RV foi empregado na análise da atuação das forças de segurança nacional, onde era possível sinalizar a necessidade de alterações dos procedimentos. Esse programa de computador é o objeto da tese de doutorado do aluno Cláudio Passos no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da UFRJ, orientada pelo coordenador do grupo de RV do IEN, Antônio Carlos de Abreu Mól.
Também na área de proteção física e nuclear está sendo usado um modelo virtual do IEN para estudos de estratégias desses tipos de proteção. Pretende-se também utilizar este software, denominado “IEN Virtual” para um futuro treinamento da equipe responsável pela proteção física do instituto. De acordo com a norma CNEN NE 2.01, a proteção física compreende “evitar sabotagem; impedir roubos; havendo roubo, prover meios para a localização e recuperação do material; e defender o patrimônio e as pessoas”.
Na área de radioproteção, foi desenvolvido um modelo virtual de um depósito de rejeitos radioativos, onde é possível delinear a malha de taxas de dose (medida do efeito biológico da radiação) com o objetivo de planejar a disposição dos materiais em cada lugar da instalação. Nesse produto, a taxa de dose é representada por marcadores que indicam a intensidade desta grandeza através de uma escala de cores e altura.
Esses são alguns dos produtos do LabRV que foram desenvolvidos em uma plataforma de núcleo de jogo (game engine), que é um programa de desenvolvimento de jogos eletrônicos adquirido pelo laboratório. Para propiciar uma maior sensação de imersão nos ambientes virtuais, tais produtos podem ser visualizados em equipamentos de visão estereoscópica, com os quais o usuário se sente presente no ambiente simulado.
Outro projeto concluído do grupo de RV do IEN é o software que simula uma visita técnica ao Reator Argonauta. Por exemplo, um aluno do ensino médio com menos de 16 anos e que, portanto, não possa, por norma da CNEN, ter acesso a esta instalação nuclear, tem a possibilidade de fazer uma visita simulada, recebendo dos personagens virtuais explicações sobre procedimentos de segurança e aspectos técnicos do funcionamento da instalação e seus sistemas associados.
Mais recentemente, a atenção do grupo está voltada para as aplicações da energia nuclear na área de saúde, onde a RV pode ser usada para treinamento de profissionais, capacitação de alunos e conscientização do público em geral sobre os benefícios desta forma de energia. Nessa linha de pesquisa, já foi construído um modelo virtual de uma clínica de radioterapia, que está baseado nas plantas de clínicas de radioterapia que o Ministério da Saúde pretende construir em vários locais do Brasil. No dia 7 de fevereiro, em reunião na sede da CNEN com representantes do Ministério da Saúde, servidores do IEN apresentaram um projeto que busca recursos para ampliar esta linha de atuação.
Para difundir a técnica de RV, há um grupo de exibição do LabRV, que conta com cinco servidores do Instituto (Maria Lucia da Silva, Mônica Vianna, Antônio Sérgio Lima e José Miguel Filho, coordenados por Eugenio Marins), que teve a oportunidade de participar de três eventos de divulgação científica, em 2016, direcionados a estudantes e ao público em geral. Foram eles: a 68ª Reunião da SBPC Jovem (Porto Seguro/BA), a Semana de C&T no Observatório Nacional (Rio de Janeiro), o Mundo MCTIC (Brasília). Em todos, o grupo recebeu um grande número de visitantes.
Para as apresentações nesses eventos, o grupo dispõe de uma série de equipamentos específicos de RV, como um aparelho de TV 3D onde vídeos de divulgação científica são exibidos e visualizados em 3D com o uso de óculos polarizados. Também é feito uso de óculos de visão estereoscópica, onde as imagens são produzidas em aparelhos de telefonia móvel que são encaixados dentro desses óculos. Mas o carro-chefe das apresentações são os óculos Rift, aparelho mais sofisticado que gera uma sensação de imersão no ambiente virtual extremamente convincente.
Henrique Davidovich
ASCOM do IEN, 02 de fevereiro de 2017