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Em Exercício Geral de 30 horas, CNEN pratica suas funções no Plano de Emergência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto
Dezenas de servidores das três diretorias da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) participaram na semana passada do Exercício Geral do Plano de Emergência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) – onde estão localizadas as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 e as futuras instalações de Angra 3, controladas pela empresa estatal Eletronuclear, em Angra dos Reis (RJ). A atividade iniciou às 6 horas de quarta-feira (30/10) e estendeu-se até 12 horas do dia seguinte (31/10). Na simulação, foi necessário lidar com um hipotético acidente que causou sérios riscos de liberação de radiação para o exterior de Angra 2.
No acidente fictício que serviu de cenário para o Exercício, Angra 2 entrou em situação de alerta às 6h30min do dia 30. O motivo foi o desarme da turbina de vapor que se conecta ao gerador elétrico, seguido de uma falha no desarme automático do reator. No mesmo dia, às 12h39, o cenário simulado evoluiu para uma situação de emergência de área, devido à ocorrência de falha no combustível do reator de Angra 2 e a consequente intensificação de vazamento de água e vapor dentro do edifício que abriga este reator. Seguindo a simulação, preventivamente, às 16h40, foi determinada a evacuação de trabalhadores da Central que não estavam envolvidos nas atividades necessárias para o restabelecimento das condições operacionais da Usina de Angra 2 e na continuidade da operação da Usina de Angra 1.
Na manhã de quinta-feira (31) a simulação de acidente do Exercício evoluiu para um considerável agravamento da situação. Às 6h40min foi decretada emergência geral na CNAAA. No cenário, devido a um significativo aumento do risco de vazamento de radiação para o exterior de Angra 2, moradores do entorno da Central, em um raio de até 5 quilômetros, tiveram que ser removidos. Voluntários da região ajudaram a simular este procedimento. Por volta das 12 horas do segundo dia do Exercício, a atividade foi encerrada com um cenário de retorno às condições de segurança operacional de Angra 2.
O Exercício buscou avaliar a eficácia do plano, identificar possíveis pontos vulneráveis e aperfeiçoar os procedimentos. Mesmo baseado em uma situação fictícia, foi uma operação de grandes proporções, que envolveu entidades civis e militares e a população da região. O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) participou da atividade através da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que mobilizou seus servidores em diferentes frentes de atuação, envolvendo estrutura e recursos humanos da Diretoria Gestão Institucional (DGI), Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) e Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS).
Servidores da CNEN participaram da atividade exercitando diferentes competências. Especialistas do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da DPD no Rio de Janeiro, realizaram coleta de amostras de ar, água e solo para análise da presença de material radioativo e também medições de radioatividade em vários pontos da região, entre outras atividades.
A CNEN também enviou representantes da DRS para todos os centros de decisão montados em caso de acidente nuclear: Centro Nacional para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cenagen), Centro Estadual para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen) e Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN). Em outra área de atuação, servidores do setor de comunicação social da sede da CNEN, ligados diretamente à Presidência da instituição, com a participação de profissionais da área de comunicação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e do Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE), trabalharam no Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN).
Na sede da CNEN, foi acionada a Coordenação de Resposta a Emergência (Core), que conta com representantes de todas as diretorias da instituição e está apta a avaliar o cenário do acidente e tomar decisões relacionadas à radioproteção, segurança nuclear, entre outros aspectos ligados aos desdobramentos de uma emergência na área nuclear. É através da Core que o presidente, diretores e demais profissionais da CNEN, em complemento ao trabalho dos técnicos deslocados para Angra dos Reis, podem acompanhar em detalhes um acidente e adotar medidas de resposta à situação emergencial.
Para a CNEN, o Exercício permitiu exercitar suas tarefas e obrigações em um caso de acidente nuclear e também promoveu um maior entrosamento das diretorias em situações que exigem resposta rápida. A DRS focou nas ações regulatórias, na representatividade junto aos centros de controle e na tomada de decisões envolvendo a situação de emergência. Profissionais da DPD funcionaram, prioritariamente, como braço operacional especializado nas ações técnicas necessárias ao quadro emergencial. À DGI coube providenciar a logística necessária para que todas estas atividades pudessem ocorrer, o que incluiu disponibilização de recursos financeiros, meios de transporte e também a adequada estrutura de informática, meios de comunicação e ambientes de trabalho, entre outros.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República foi o responsável pela supervisão do Exercício, já que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON). A coordenação da atividade coube ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. A organização detalhada das ações do Exercício foi realizada pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR). O comitê reúne representantes do GSI, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Eletronuclear, CNEN, Defesa Civil (nacional, estadual e municipais de Angra dos Reis e Paraty), Corpo de Bombeiros e Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Rio de Janeiro.
No Brasil, nunca houve o registro de acidentes relevantes em usinas nucleares. Os exercícios do plano de emergência são uma evidência do cuidado extremo que a área nuclear possui em todas as suas ações. As atividades são resultado, justamente, da preocupação em saber o que fazer, com competência e precisão, na remota hipótese de um acidente real. No período de 1996 a 2016, foram realizados anualmente exercícios de resposta à emergência nuclear na CNAAA, com a participação de peritos e observadores nacionais e estrangeiros, incluindo integrantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Essa troca de experiências já resultou na revisão de legislação do setor e tem permitido um aperfeiçoamento contínuo do plano de emergência.
Embarcação da Marinha do Brasil usada em procedimento de "abicagem" simula transporte de moradores da região.
Hospital de Campanha da Marinha, à disposição para atendimento da população local.
Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN) em atividade na cidade de Angra dos Reis.
Profissionais da área de comunicação em atividade no Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN).
Coordenação de Resposta a Emergência (Core) em atividade na sede da CNEN.