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Em parceria com Argentina, Brasil avança para consolidar Reator Multipropósito e conquistar autossuficiência na produção de radioisótopos
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli Jr., e a presidente da Comissão de Energia Atômica da Argentina (CNEA), Adriana Serquis, assinaram, no dia 6 de outubro, um documento importante no campo da cooperação pelo avanço da tecnologia nuclear no país, em um projeto nacional estruturante, o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
A assinatura do Memorando de Entendimento (MoU, do inglês Memorandum of Understanding) ocorreu na Argentina, com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, e do ministro da Ciência da Argentina, Daniel Filmus. O documento estabelece cooperação bilateral no uso pacífico da tecnologia nuclear voltada à produção de radioisótopos, ensaios de irradiação de combustíveis e materiais, além de pesquisas envolvendo feixes de nêutrons.
O RMB representa a autonomia nacional na fabricação de radioisótopos, matéria-prima para a fabricação dos radiofármacos, essenciais para tratamento de doenças como o câncer e em exames diagnósticos de imagens. Trata-se de um dos projetos estruturantes da autarquia. A Argentina possui experiência na construção de instalações de produção de radioisótopos, construção de reatores, processos de produção e conhecimentos técnicos que agregam valor ao projeto brasileiro, bem como o intercâmbio com profissionais brasileiros contribuirá com a geração de conhecimento, o desenvolvimento tecnológico e a inovação na região.
“As duas instituições, CNEN e CNEA, atuam no desenvolvimento das aplicações nucleares para fins pacíficos e têm muito a cooperar, mutuamente, para o desenvolvimento do setor nos dois países”, afirmou Rondinelli, presidente da autarquia brasileira. Ele destacou que no Memorando de Entendimento está contemplada a parceria com a empresa argentina INVAP, para apoio em engenharia destinado ao RMB e instalações laboratoriais de pesquisa, processamento e testes de materiais. O RMB prevê investimentos de R$ 1 bilhão até 2026.
A aliança estratégica entre o Brasil e o país vizinho foi relançada em janeiro deste ano, em visita do presidente Lula à Argentina. A comitiva brasileira, integrada também pelo diretor científico da Finep, Carlos Alberto Aragão, visitou o reator argentino RA-10, construído no Centro Atômico de Ezeiza, na província de Buenos Aires, e que tem início de operação prevista para 2025. A instalação deve ser capaz de fornecer 20% da demanda mundial de molibdênio, um dos principais radioisótopos utilizados.
Com o projeto brasileiro concretizado, o RMB permitirá a redução de custos para fabricação dos radiofármacos e da dependência nacional em relação a insumos importados. A iniciativa tem o objetivo de ampliar e democratizar o atendimento em medicina nuclear para a sociedade brasileira.
As ações capitaneadas pelo MCTI e consolidadas em acordos durante esta visita buscam promover o financiamento de projetos de pesquisa e desenvolvimento de interesse comum, o intercâmbio de melhores práticas, o estabelecimento de atividades conjuntas de incentivo a maior colaboração entre organizações dos dois países.