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Desenvolvimento de arroz resistente a herbicidas foi tema de side event da CNEN em Viena
Uma pesquisa sobre o desenvolvimento de linhas de arroz através de mutação induzida por sementes com raios gama atraiu a atenção na Conferência Ministerial sobre Ciência, Tecnologia e Aplicações Nucleares e Programa de Cooperação Técnica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Promovida sob a coordenação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), a apresentação do pesquisador Laerte Reis Terres mostrou como a técnica é utilizada com grande sucesso por diferentes programas de melhoramento genético para o desenvolvimento de novas cultivares do produto.
De acordo com Terres, o método comumente usado para promover a mutação no arroz é o tratamento de sementes com radiação ionizante, como os raios gama. Uma parceria envolvendo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da Universidade de São Paulo (USP) possibilitou o desenvolvimento de novas cultivares por meio de mutação com raios gama. A parceria permitiu o desenvolvimento de duas cultivares de arroz mutante, SCS114 ‘Andosan’ e SCS118 ‘Marques’.
Segundo o pesquisador, “essas cultivares mutantes apresentaram boa resistência ao acamamento, alto potencial produtivo e grãos longos e de boa qualidade.” Durante sua palestra, ele esclareceu que diferentes grupos de pesquisa têm buscado aprimorar a técnica de mutação induzida como ferramenta para desenvolver cultivares que apresentem tolerância a herbicidas.
Laerte explicou que, nos sistemas de produção de arroz em casca, aquele com ervas daninhas (arroz vermelho) é o principal fator limitante que reduz a produtividade e pode reduzir severamente a produção de arroz em todo o mundo. “O uso de cultivares de arroz resistentes a herbicidas pode melhorar o controle de plantas daninhas, reduzindo custos e mão de obra associada à retirada manual do arroz vermelho (roguing)”, ressaltou.
Ainda segundo o pesquisador, “o arroz resistente a herbicidas é particularmente útil quando o arroz é semeado diretamente. Herbicidas que inibem a acetil-coenzima A carboxilase (ACCase) são muito eficazes no controle de ervas daninhas, incluindo arroz com ervas daninhas em sistemas de produção de arroz em casca. Os inibidores de ACCase afetam a enzima bloqueando a biossíntese de ácidos graxos, causando a morte das plantas.”
O Brasil é o maior produtor de arroz da América Latina e o maior do mundo fora do continente asiático.