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De malas prontas para a Antártica
A partir do dia 18 de novembro de 2024, o engenheiro ambiental Ricardo Passos, do Serviço de Análise e Meio Ambiente do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), inicia sua jornada de aproximadamente 60 dias na Antártica.
A viagem faz parte do trabalho de campo do projeto INTERFACES: Transporte e processos biogeoquímicos de substâncias naturais e antropogênicas na interface terra-mar antártica em um contexto de mudanças climáticas. A iniciativa está sendo realizada de forma colaborativa entre o CDTN, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto Oceanográfico da USP e a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), sendo esta última a responsável pela coordenação das atividades.
O pesquisador retorna no dia 20 de janeiro de 2025. Esta é também a data de saída do segundo grupo da expedição, que contará com a pesquisadora do CDTN, Stela Cota. O projeto foi aprovado no Edital do PROANTAR/CNPq em 2023. São previstos trabalhos de coleta por três verões antárticos para ampliar o conhecimento sobre a região no contexto de mudanças climáticas.
Os pesquisadores da área nuclear serão responsáveis por realizar estudos ambientais utilizando técnicas isotópicas, caracterização hidroquímica, hidrológica, hidrogeológica e da água de chuva, bem como aplicações da radioatividade natural e radônio.
“A Antártica é como uma sentinela. Todas as mudanças começam no continente gelado, é, portanto, um ótimo lugar para pesquisar. Com nosso trabalho, será possível entender melhor os fluxos e conexões entre geleiras, águas superficiais, subterrâneas, água de chuva ou neve até o mar, fluxos de nutrientes e seus impactos, origem e formação de gases de efeito estufa, e até mesmo avaliar a velocidade de derretimento do permafrost (solo antártico), utilizando técnicas nucleares”, explica o pesquisador Ricardo Passos.
O objetivo com tais pesquisas é criar uma linha de base de caracterização desses parâmetros, que permitirá comparações futuras e a compreensão da dinâmica das mudanças climáticas e seus efeitos.
Sete dias de deslocamento
A viagem é longa. Para chegar à Estação Antártica Comandante Ferraz, estação de pesquisa pertencente ao Brasil, será necessário viajar de Belo Horizonte (MG) ao Rio de Janeiro (RJ), em seguida, de avião para Pelotas (RS) para seguir até Punta Arenas, cidade no extremo sul do Chile. De lá, a equipe se deslocará de navio até a Ilha Rei George, na Baía do Almirantado, local da Estação.
A Estação brasileira tem 40 anos no continente e faz parte do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).
Aprovação em treinamento é requisito para atividades em campo
Os pesquisadores do CDTN participaram e foram aprovados no Treinamento Pré-Antártico (TPA), organizado pelo PROANTAR. O objetivo do TPA é preparar os viajantes com conhecimentos teóricos e exercícios práticos de diferentes habilidades, seja com técnicas de resgate e salvamento em caso de acidentes, ou com regras da rotina da Estação. O treinamento verifica ainda o desempenho de cada um nas atividades físicas e a adaptação a cenários hostis.
O treinamento foi realizado em agosto de 2024, por sete dias, na Ilha Restinga da Marambaia (RJ).
Deize Paiva
Assessoria de Comunicação
comunicacao@cdtn.br