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CNEN sedia workshop da AIEA sobre extensão de vida útil de reatores nucleares
Gabor Petofi, perito da AIEA. Foto: Douglas Troufa
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) sediou esta semana, de 24 a 26 de setembro, um workshop regional da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) destinado a capacitar profissionais da área nuclear para procedimentos regulatórios em processos de extensão de vida útil de reatores nucleares. O evento Regulatory review of ageing management programmes and time limited ageing analyses foi destinado tanto a quem licencia e controla quanto a operadores de reatores.
O workshop reuniu uma plateia formada por profissionais da CNEN, que atuam no licenciamento e controle de usinas nucleares, e integrantes da Eletronuclear, empresa estatal que opera Angra 1 e Angra 2, usinas nucleares localizadas em Angra dos Reis (RJ). Também participaram do evento membros da Marinha do Brasil e da Autorida Regulatória Nuclear (ARN), da Argentina. Este público assistiu a palestras de peritos no tema da AIEA e também de profissionais enviados de três países com experiência em procedimento de extensão de vida útil de reatores nucleares: Estados Unidos, França e República Tcheca.
O workshop integrou um projeto mais amplo da AIEA, relacionado à extensão de vida de usinas nucleares, envolvendo o desenvolvimento de guias de segurança, capacitação de pessoas e discussão de diferentes aspectos relacionados com a operação segura de reatores. O projeto inclui tanto as ações regulatórias quanto os procedimentos das organizações operadoras. O workshop focou especificamente sobre regulação das solicitações de extensão de vida útil de reatores, abordando temas como gerenciamento da degradação por envelhecimento das estruturas, sistemas e componentes de uma usina nuclear.
O engenheiro Jefferson Borges Araújo, diretor da unidade da CNEN em Angra dos Reis, explica que as usinas nucleares brasileiras, seguindo um padrão dos Estados Unidos, foram licenciadas para operar por 40 anos. Angra 1, que completa este prazo em 2024, submeterá à CNEN, ainda este ano, seu pedido de extensão de vida útil para um total de 60 anos de operação. Conforme o padrão norte-americano adotado no Brasil, este pedido deve ser feito cinco anos antes do fim da licença de operação. Entre os vários itens que serão analisados no pedido, estão o Programa de Gestão de Envelhecimento (PGE) e também procedimentos relacionados à gestão do conhecimento e à obsolescência. Angra 2, que ainda tem um prazo mais amplo de sua vida útil inicialmente licenciada, já iniciou estudos para implementar um Programa Integrado de Gestão do Envelhecimento de Sistemas, Estruturas e Componentes.
De acordo com Jefferson Borges, as extensões de vida útil de reatores nucleares vêm ocorrendo no mundo todo e foram possíveis por dois fatores principais. Um deles é o avanço tecnológico, que permitiu que novos materiais e técnicas sustentassem a segurança das usinas por um tempo maior que o inicialmente projetado. Também pesa na decisão de estender a vida útil o fato de os padrões de segurança adotados inicialmente serem tão rigorosos que permitam uma ampliação do prazo de operação licenciado.
Os Estados Unidos, por exemplo, já realizaram extensão de operação para mais de 70 usinas nucleares, nas quais a vida útil passou, na maioria dos casos, de 40 para 60 anos. Naquele país, já foram iniciados estudos que podem estender a operação das usinas para até 80 anos. Procedimentos de extensão de vida útil de reatores nucleares também ocorreram na França e na República Checa, países que enviaram peritos para o workshop sediado pela CNEN.