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CNEN participa do Exercício do Plano de Emergência da Central Nuclear e inova com uso de drone para detectar radiação
O Exercício Parcial do Plano de Emergência da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) – onde estão localizadas as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 e as futuras inslatações de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), foi realizado na quarta-feira (18/10). Tendo como cenário a simulação de acidente na Central, o objetivo do exercício foi o de avaliar a eficácia do plano, identificar possíveis pontos vulneráveis e aperfeiçoar os procedimentos. Mesmo baseado em uma situação fictícia, o exercício é uma operação de grandes proporções, que envolve entidades civis e militares e a população da região. A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) mobilizou dezenas de servidores em diferentes frentes de atuação e este ano, pela primeira vez no Exercício, usou um drone com detector de radiação acoplado.
Servidores da CNEN participaram da atividade exercitando diferentes competências. Especialistas do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da CNEN no Rio de Janeiro, realizaram coleta de amostras para análise da presença de material radioativo e também medições de radioatividade em vários pontos da região, entre outras atividades. O uso do drone com detector de radiação acoplado é resultado do trabalho de uma equipe do IRD. A tecnologia, trazida da Alemanha, permite varreduras aéreas sobre pontos de interesse.
O drone foi testado na região de Praia Brava, local onde estão as residências de trabalhadores das usinas nucleares. O detector de radiação e demais equipamentos acoplados permitem medir os níveis de radioatividade e coletam também dados sobre altitude, localização e um registro de todo o trajeto de voo percorrido. Os dados podem ser transmitidos em tempo real para diferentes centros de comando. No Exercício, puderam ser vistos, por exemplo, em computadores de servidores que estavam no IRD, na cidade do Rio de Janeiro.
A tecnologia usada na operação com o drone foi transmitida ao IRD através de cooperação técnica que contou com apoio da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Assim, foi possível viabilizar a vinda ao Brasil do pesquisador Roger Luff, do instituto alemão Bundesamt für Strahlenschutz (BfS).
Luff lidera um grupo de pesquisa em um projeto de monitoração de radiação em tempo real e outro para o desenvolvimento de detectores ultra-portáteis de radiação. Como parte deste trabalho, um drone já foi usado na área afetada pelo acidente nuclear de Chernobyl. O pesquisador alemão está no Brasil em uma missão de transferência de tecnologia, que tem o engenheiro Marcos Cesar Moreira, do Serviço de Tecnologia da Informação do IRD, como coordenador do grupo de trabalho brasileiro. Marcos Moreira, Victor Frazão (servidor do IRD que integra do projeto) e Roger Luff participaram do teste do uso de drone no Exercício do Plano de Emergência.
Em outra área de atuação, servidores do setor de comunicação social da CNEN trabalharam no Centro de Informações de Emergência Nuclear (CIEN). A CNEN também enviou representantes para todos os centros de decisão montados em caso de acidente nuclear: Centro Nacional para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cenagen), Centro Estadual para Gerenciamento de Emergência Nuclear (Cestgen) e Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN).
Na sede da CNEN, foi acionada a Coordenação de Resposta a Emergência (Core), que conta com representantes de todas as diretorias da instituição e está apta a avaliar o cenário do acidente e tomar decisões relacionadas à radioproteção, segurança nuclear, entre outros aspectos ligados aos desdobramentos de uma emergência na área nuclear. É através da Core que o presidente, diretores e demais profissionais da CNEN, em complemento ao trabalho dos técnicos deslocados para Angra dos Reis, podem acompanhar em detalhes um acidente e adotar medidas de resposta à situação emergencial.
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República é o responsável pela supervisão do Exercício, já que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON). A coordenação da atividade cabe ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. A organização detalhada das ações do Exercício foi realizada pelo Comitê de Planejamento de Resposta a Situações de Emergência Nuclear no Município de Angra dos Reis (Copren/AR). O comitê reúne representantes do GSI, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Eletronuclear, CNEN, Defesa Civil (nacional, estadual e municipais de Angra dos Reis e Paraty), Corpo de Bombeiros e Instituto Estadual do Ambiente (Inea), do Rio de Janeiro.
No Brasil, nunca houve o registro de acidentes relevantes em usinas nucleares. Os exercícios do plano de emergência são uma evidência do cuidado extremo que a área nuclear possui em todas as suas ações. As atividades são resultado, justamente, da preocupação em saber o que fazer, com competência e precisão, na remota hipótese de um acidente real. No período de 1996 a 2016, foram realizados anualmente exercícios de resposta à emergência nuclear na CNAAA, com a participação de peritos e observadores nacionais e estrangeiros, incluindo integrantes da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Essa troca de experiências já resultou na revisão de legislação do setor e tem permitido um aperfeiçoamento contínuo do plano de emergência.
Texto: Luis Machado
Pesquisador alemão
Roger Luff preparando equipamentos para voo.
Foto: Victor Frazão
Equipamentos sendo acoplados ao drone. Foto: Victor Frazão
Voo do drone sobre a região de Praia Brava. Foto: Luis Machado
Imagem e dados gerados por equipamentos acoplados ao drone. Imagem: IRD
Equipe responsável pelo teste do drone durante o Exercício de Emergência.
Esquerda/direita: Eric (contratado para operar o drone), Roger Luff, Victor Frazão e Marcos Cesar Moreira.
Foto: Luis Machado
CCCEN em atividade, na cidade de Angra dos Reis. Foto: Luis Machado
Equipe do CIEN na produção de comunicados sobre acidente simulado. Foto: Lilian Dunley
CORE em funcionamento na sede da CNEN. Foto: Douglas Troufa