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Após questionamentos, CNEN faz coletas em Santa Quitéria para avaliar a potabilidade da água e investigar origem natural do urânio
Com o objetivo de responder a questionamentos sobre a qualidade da água na comunidade de Trapiá, em Santa Quitéria (CE), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) enviou uma equipe técnica à região entre os dias 19 e 21 de novembro de 2024. A missão incluiu medições em campo e coleta de amostras para análise laboratorial.
A equipe da CNEN foi composta por três servidores do Laboratório de Poços de Caldas (LAPOC/DRS/CNEN) e um do Distrito de Fortaleza (DIFOR/DRS/CNEN), com o apoio de funcionários da Secretaria de Saúde do Ceará e da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Quitéria.
Como parte do estudo, foram coletadas amostras de um poço em Santa Quitéria, três poços nos arredores da comunidade de Trapiá e dos sistemas de dessalinização instalados em Trapiá e Lisieux.
Para fins comparativos, também foram coletadas amostras em um poço na área do Projeto Santa Quitéria (PSQ), uma mina de urânio em processo de licenciamento pela CNEN. No total, foram analisados 10 pontos, com a coleta de aproximadamente 80 litros de água.
A equipe técnica realizou medições para determinar a concentração de radônio na água (indicativo da presença de urânio) e de parâmetros físico-químicos (pH, temperatura, condutividade, entre outros). As amostras de água obtidas serão analisadas nos laboratórios do LAPOC/CNEN.
“O objetivo é determinar as concentrações de elementos radioativos e estáveis de interesse para potabilidade da água”, afirmou Ricardo Gutterres, assessor da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da CNEN.
Com os dados obtidos nas análises realizadas, será possível fazer uma avaliação mais precisa da potabilidade das águas amostradas, principalmente no que diz respeito à concentração de urânio e de sua toxidez química e radiológica, segundo explicou Gutterres.
Além disso – prossegue – a análise mineralógica das amostras de água de Trapiá e do PSQ permitirá a comparação da origem de cada uma dessas águas, o que poderá confirmar se, dada as distâncias envolvidas, as concentrações de urânio observadas nas águas de Trapiá não têm relação com a bacia hidrográfica da área do PSQ.
Gutterres observa que, em regiões propensas, é comum, nas águas subterrânea, a presença natural de pequenas quantidades de urânio. O PSQ está na fase inicial de licenciamento, não tendo havido ou sido autorizado qualquer atividade minerária ou mesmo movimentação de solo.
Não existe, portanto, segundo Gutterres, relação entre a ocorrência natural de urânio e o empreendimento em si. A monitorização e caracterização ambiental constituem, no momento, elemento do licenciamento e contribuem para as eventuais ações de avaliação de segurança, caso haja a futura operação do PSQ.
“A CNEN está comprometida em trazer os esclarecimentos demandados pela comunidade. Por isso está acompanhando a situação e colaborando com as autoridades responsáveis pelas ações relacionadas aos poços de água em Trapiá/CE”, concluiu.