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CNEN e SBRT assinam acordo para fortalecer proteção radiológica
Paulo Roberto Pertusi (CNEN) e Arthur Accioly (SBRT) assinam acordo. Foto: E.R. Paiva
Visando ao fortalecimento da proteção radiológica e da segurança de profissionais expostos em áreas destinadas à radioterapia, um acordo de parceria entre a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) foi firmado por respectivos presidentes Paulo Roberto Pertusi e Arthur Accioly Rosa, em solenidade realizada na última quinta-feira (10/5), na Superintendência do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), na Cidade Universitária, São Paulo.
De acordo com Pertusi, a decisão de formalizar o acordo no IPEN se deu pelo entendimento de que "é importante que a CNEN se faça presente em suas várias unidades para que elas também se sintam mais presentes na organização como um todo”. Nessa perspectiva, o presidente da autarquia acrescentou que pretende realizar outros eventos "itinerantes” – a CNEN tem unidades no próprio Rio de Janeiro (IRD e IEN), onde está a sua sede, em Belo Horizonte (CDTN), em Goiânia (CRCN-CO), em Recife (CRCN-NE), entre outros estados.
Antes da assinatura propriamente dita, o superintendente do IPEN, Wilson Calvo, deu as boas-vindas aos presentes e ressaltou a honra de o Instituto receber esse "momento sublime”. "CNEN e SBRT têm como missão promover a tecnologia no País, e esse acordo é uma demonstração do esforço para a melhoria contínua da segurança e da qualidade de suas atividades”, disse. Calvo salientou que o IPEN tem contribuído por meio da pós-graduação e adiantou a intenção de convênio com a Unifesp para treinamento de técnicos em radioterapia.
Alexandre Gromann, diretor de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) da CNEN, afirmou que regulação e fiscalização também são muito importantes, como a pesquisa, e salientou a importância da formalização da parceria com a SBRT. "Para nós, da DRS, está muito claro o significado dessa estreita cooperação, uma vez que existe realmente uma atividade bastante próxima entre a DRS e a sociedade, na área do Facure”, disse, referindo-se à Coordenação Geral de Instalações Médicas e Industriais da CNEN, comandada por Alessandro Facure.
"Considero esse momento como sendo histórico e é uma honra, para mim, estar aqui. Acho que a sinalização que a CNEN dá para a Sociedade Brasileira de Radioterapia e para as sociedades de maneira geral – e destaco a presença do Homero [Lavieri Martins], da ABFM [Associação Brasileira de Física Médica], também parceira nossa – é que está disposta a ouvir e colaborar. Afinal, nosso objetivo é comum ao objetivo da Sociedade, que é promover a prática da Radioterapia no País de maneira segura, garantindo a proteção radiológica não só dos pacientes como dos trabalhadores e públicos”.
Facure também ressaltou que já havia "bastante interação” entre CNEN e SBRT, mas acredita que a formalização do termo de cooperação é "um instrumento importante para sinalizar a disposição do órgão regulador (CNEN) com as sociedades, para elevar o nível de segurança das práticas”. "Destaco aqui a presença do Eduardo Weltman, que foi quem começou essa discussão conosco. A gente se estendeu bastante, a assinatura não pode ser celebrada quando ele era o presidente, mas é uma honra tê-lo aqui. Estamos sempre abertos a ouvir e a discutir com a sociedade as melhores soluções para problemas envolvendo as radiações ionizantes”.
Arthur Accioly Rosa agradeceu a hospitalidade do IPEN, fez um breve resumo dos 20 anos de história da SBRT – antes "um capítulo” do Colégio Brasileiro de Radiologia, hoje sociedade médica independente vinculada à Associação Médica Brasileira –, e afirmou que a entidade vive seu momento de "efervescência”, com aproximadamente 500 associados, e vemos o crescimento da radioterapia, muito pela "necessidade”.
Segundo ele, os dados disponíveis indicam uma desassistência em torno de 40% de necessidade, e obviamente isso traz um impacto no tratamento do câncer no Brasil. "O governo vem sentindo isso e há cinco anos se movimentou para um projeto de expansão, que mostrou as dificuldades que temos para fazer as coisas do jeito certo, dentro da regulação e com pessoal capacitado”.
Accioly também fez menção a Eduardo Weltman, de cuja gestão foi vice-presidente, e seu papel de profissionalizar a SBRT. Salientou o grau de dedicação da Sociedade, que é proporcional à sua importância. "Essa aproximação com a CNEN só vem se somar aos esforços pela busca da melhor radioterapia com segurança”.
Profissionalização – Homero Lavieri Martins, da ABFM, parabenizou CNEN e SBRT pela formalização do acordo, alertando para que a relação entre ambas não seja de caráter pessoal e sim profissional, observação ratificada por Weltman. "Que esse acordo possa realmente se refletir em uma relação menos ‘pessoal’, de boa vontade, e mais formal, que seja um acordo bem feito e bem regulamentado”.
Ao final, Paulo Roberto Pertusi comentou que a CNEN também via esse "fenômeno de pessoalizar” as ações, mas que esse acordo traria avanços nessa direção. Elogiou publicamente o trabalho de Alexandre Gromann à frente da DRS e encerrou falando da missão da autarquia. "Nossa visão é servir a sociedade brasileira na parte regulatória – importantíssima, na pesquisa e desenvolvimento”.
A ideia de fazer eventos itinerantes, segundo Pertusi, é também para dar a oportunidade para as unidades da CNEN conhecerem melhor o trabalho da DRS. "Temos que garantir que o uso da energia nuclear no seu sentido mais amplo seja seguro, controlado, com as melhores práticas possíveis”. Concluiu dizendo que a CNEN vive uma nova fase em que pretende oferecer qualidade e inovação às suas ações, visando sempre o usuário final, que é a população. "Temos que eliminar a barreira que distancia autoridades regulatórias do licenciado. A melhor interação entre todos em prol da sociedade brasileira é o grande gol.”
Texto: Comunicação Ipen