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Equipe multidisciplinar do IEN/CNEN realiza entrevista com ex-dirigente para compor acervo do Museu da Ciência Nuclear
O Museu do Conhecimento Nuclear, projeto da CNEN conduzido por equipe do Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), unidade da autarquia no Rio de Janeiro, envolve o trabalho de uma equipe multiprofissional e tem como intuito promover o interesse pela ciência nuclear e sua relação com a sociedade. A equipe é formada por profissionais do Laboratório de Realidade Virtual do IEN, estudantes, bolsistas de design, tecnologia da informação, museologia, entre outras áreas, e coordenada pelo tecnologista Antônio Carlos de Abreu Mol. No último dia 20 de fevereiro, o grupo registrou entrevista com o ex-diretor do IEN, Hilton Andrade de Mello, que narrou episódios importantes da instituição e sobre a construção do reator nuclear de pesquisas Argonauta, fundamental no ensino e pesquisa e na história da ciência nuclear no país.
No âmbito do projeto, estão em desenvolvimento simuladores em realidade virtual, visitas virtuais ao reator nuclear de pesquisas Argonauta e ao cíclotron, jogos e vídeos, dentre outras atividades. Existem três núcleos de trabalho do grupo: educação, desenvolvimento tecnológico e museologia. Para a historiadora Júlia Wagner Pereira, mestre em Museologia e Patrimônio pela UFRJ e responsável pelo núcleo de museologia, o projeto vem se somar a muitos outros esforços que o IEN e a CNEN estão realizando. “A coleta contextualizada e qualificada de informações permite a constituição do acervo do museu. Além das peças e materiais virtuais, os depoimentos trazem uma aproximação com o público completamente diferente e mostram que a tecnologia não se dá sozinha. O que se pretende é trazer o contexto científico e tecnológico nessas narrativas”.
Resgatando memórias
Em entrevista voltada ao registro de memória para o projeto, Hilton Andrade, que atuou na Divisão de Instrumentação e Controle, detalhou iniciativas para a construção do reator Argonauta e histórias que ilustram a epopeia de construção do reator nacional, e destacou "trabalhos inovadores, empreendidos por jovens idealistas e com um universo a desbravar". Segundo relatou Hilton, ao ser atingida a criticalidade do Argonauta, “foi uma festa; todos vibrando de alegria”. A inauguração, que contou com a presença do então presidente da República Castelo Branco, foi um marco para o grupo. Os esforços para uma instrumentação nuclear forte refletiram-se no laboratório projetado que agregava o que havia de mais moderno, a partir de várias referências que o grupo de profissionais tinha visto no exterior. “Era o maior laboratório de instrumentação da América Latina; montamos um laboratório completo. Foi um trabalho gigantesco”, lembrou.
O coordenador do projeto, Antonio Mol, acompanhou de perto toda a entrevista, juntamente com o tecnologista do IEN, Eugenio Martins, que integra a equipe. Ao final, foi entregue ao ex-dirigente um certificado pela participação na iniciativa e agradecimento pela contribuição histórica ao Instituto. Antonio Mol reforça que muitas iniciativas estão sendo empreendidas: a exposição sobre o reator Argonauta, a série de entrevistas para compor o acervo, a plataforma on-line do Museu, que trará muitas inovações, como a Cidade da Ciência, ambiente imersivo que instigará os usuários a buscarem maior conhecimento da ciência nuclear.
Ao longo dos anos, o Argonauta tem sido importante para a pesquisa em física de reatores experimental, física de nêutrons, análises não destrutivas, análises por ativação neutrônica. O reator é também utilizado na obtenção de radiotraçadores, aplicados na solução de problemas industriais e em estudos ambientais. As histórias eternizadas no projeto pretendem encantar jovens visitantes e honrar a memória de profissionais que lutaram para o avanço da ciência nuclear no Brasil.
Olhar para o futuro
O projeto do Museu, inicialmente virtualizado, pretende despertar o interesse pela ciência, promovendo reflexão e olhar crítico e aproximação da população com a ciência nuclear. Segundo Antonio Mol, para realizar tantas possibilidades de trabalhos, a equipe do Museu do Conhecimento Nuclear também pretende ter um acervo físico e itinerante e compor exposições em diversos espaços.
Para o diretor do IEN, Fábio Staude, o trabalho permite preservar a memória institucional, com foco na valorização tanto dos servidores que já passaram pela CNEN como dos que continuam contribuindo para os resultados entregues todos os anos à sociedade brasileira. “Essa preservação mantém a instituição viva, fornecendo importantes referenciais que permitem a construção do nosso presente, bem como o melhor planejamento do nosso futuro”, conclui.