Notícias
AIEA reconhece papel "crucial" da CNEN no desenvolvimento da tecnologia nuclear no Brasil
"Todas as atividades que temos, da Agência Internacional de Energia Atômica, no Brasil, precisam ter a cooperação indispensável da CNEN. Reconhecemos esse papel crucial da CNEN no desenvolvimento da tecnologia nuclear no país, ficamos muito agradecidos por essa cooperação, que vai continuar e aumentar cada vez mais". A afirmação foi feita pelo diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, durante cerimônia de formalização de acordo entre as partes, sexta-feira, 21, na sede da CNEN, em Botafogo, Rio de Janeiro.
Assinado por Grossi e pelo presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Junior, o acordo formaliza a designação do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN) como um “Centro Colaborador da AIEA”, com o objetivo de auxiliar a AIEA em atividades nas áreas de Segurança de Computadores, Detecção de Radiação e Proteção Física para Segurança Nuclear, por um período de quatro anos, conforme estipulado no acordo assinado entre as partes.
Essa representação, a partir de um esquema desenvolvido pela Agência, surge como um mecanismo para designar instituições específicas dos Estados-Membros da AIEA como parceiras, reconhecendo as capacidades científicas e técnicas em expansão. O IPEN/CNEN, unidade técnico-científica da CNEN em São Paulo, manifestou interesse em integrar esse esquema e, em 7 de junho de 2024, a AIEA aprovou a proposta para sua designação.
"O Brasil tem capacidades incríveis, tem esse pool de pesquisa, de cientistas que trabalham conosco de maneira permanente, e estamos também abrindo novos caminhos na pesquisa da proteção do meio ambiente, dos plásticos, na segurança alimentar, com a introdução de mais técnicas de radiação dos alimentos, com os projetos que já começamos, de esterilização dos insetos, todas as coisas que já se faziam, mas que temos que fazer de uma maneira muito mais, muito mais com impacto", destacou Grossi.
Para Grossi, a discussão energética mundial sem o Brasil não faz sentido. "A discussão da energia nuclear sem o Brasil não faz sentido tampouco. Nesse trabalho, vamos continuar com a CNEN, com as suas equipes, e é isso que eu vou te dizer, que o Brasil, a CNEN, o setor nuclear brasileiro, pode continuar contando sempre com a colaboração da agência, como historicamente", afirmou o DG da IAEA, dirigindo-se a Rondinelli.
A cerimônia contou com a presença da representante permanente do Brasil junto à AIEA, embaixadora Claudia Vieira dos Santos, da ex-diretora da Divisão de Radiação, Rejeitos e Transporte do Departamento de Segurança Nuclear da AIEA, Eliana Amaral, dos diretores de Pesquisa e Desenvolvimento, de Radioproteção e Segurança Nuclear e de Gestão Institucional, Wilson Calvo, Alessandro Facure e Pedro Maffia, respectivamente, além de servidores da CNEN e de autoridades convidadas.
Entre eles, Agustín Arbol Gonzáles e Marco Antonio Saraiva Marzo, dirigentes da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares (ABACC); Aquilino Senra, diretor de Tecnologia da FAPERJ; André Osório, representando o diretor-presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo.
Novo espaço de medicina nuclear
Pela manhã, foi inaugurado, no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), o novo espaço do Serviço de Medicina Nuclear da Universidade Federal Fluminense (UFF). O evento, que também contou com a presença de Grossi e de Rondinelli, marcou a conclusão de importantes reformas e a instalação de uma moderna câmara de cintilografia doada pela AIEA, com apoio da CNEN por meio de projetos em cooperação.
Em operação desde agosto de 2023, a nova câmara de cintilografia tem sido fundamental no diagnóstico e tratamento de doenças complexas, como câncer e distúrbios cardiovasculares, proporcionando maior precisão e eficiência nos atendimentos. A instalação do equipamento permitiu dobrar os atendimentos e iniciar novos projetos de pesquisa em áreas como amiloidose cardíaca, radioproteção e cárdio oncologia, beneficiando pacientes, estudantes, médicos, pesquisadores e a sociedade como um todo.
“É para momentos como esse que a CNEN existe, é esse o nosso trabalho. Levar ao cidadão brasileiro as aplicações da tecnologia nuclear visando ao bem-estar da população, saúde, ambiente, alimentação. É um trabalho importantíssimo, de melhorar a saúde do cidadão brasileiro. Temos um futuro muito promissor. A parceria com a Agência é fundamental. Agradeço muito ao diretor Grossi esse apoio que o Brasil tem. Agradeço muito à missão brasileira, que faz uma interface importantíssima. E dizer que o trabalho é de muitas pessoas”, concluiu Rondinelli.