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Trabalho de resgate arqueológico do Projeto São Francisco registra 80 mil achados
Publicado em
12/03/2015 17h00
Atualizado em
03/11/2022 09h33
Fósseis da megafauna e material de caça dos primeiros brasileiros compõem o acervo
Mais de 80 mil vestígios arqueológicos e paleontológicos foram encontrados durante a execução das obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O trabalho faz parte do Programa de Identificação e Salvamento de Bens Arqueológicos do empreendimento e é conduzido pelo Instituto Nacional de Arqueologia, Paleontologia e Ambiente do Semiárido (Inapas).
O Ministério da Integração Nacional (MI) investiu cerca de R$ 80 milhões nesse programa, que integra as condicionantes ambientais estabelecidas dentro do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Além do salvamento, a atividade tem o objetivo de assegurar o registro do patrimônio cultural arqueológico evidenciado durante a implantação da obra.
A descoberta mais emblemática até agora foram os ossos de uma preguiça gigante (Eremotherium sp.) associados a vestígios da cultura material do homem pré-histórico. Segundo o Inapas, esse animal tinha cerca de seis metros de altura e viveu no Brasil há quase 12 mil anos. O fóssil foi encontrado no sítio arqueológico Lagoa Uri de Cima, no município de Salgueiro (PE), um dos mais profícuos da região. O trabalho no local tem fornecido informações relevantes sobre o paleoclima e a convivência entre o homem pré-histórico e animais da chamada megafauna, hoje extintos.
Tais animais, como a preguiça gigante, precisavam de uma paisagem diferente da atual para sobreviver, e registros obtidos no mesmo sítio mostram um passado bastante diferente do presente: há 30 mil anos, a região era muito mais úmida e a vegetação, abundante. Nessa época, a alimentação era farta para os animais. Além da preguiça-gigante, também havia tigres-dentes-de-sabre e tatu gigante, parecido com os tatus de hoje em dia, porém muito maiores.
Os estudos realizados neste sítio pernambucano demonstraram que, mesmo durante o período úmido, a região vivenciou momentos de estiagem prolongada há 10 mil anos. Artigos sobre os achados são publicados pelos pesquisadores na revista Fumdhamentos, disponível no site da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham) www.fumdham.org.br.
Pesquisa arqueológica
Os trabalhos em campo são realizados em conjunto com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Fundação Oswaldo Cruz e a Universidade Regional do Cariri, que constituem o Inapas. Todos os vestígios são guardados na sede da Fumdham, em São Raimundo Nonato (PI), onde são distribuídos em laboratórios específicos de acordo com a sua natureza. Lá eles são fotografados, inventariados, classificados e inseridos em um banco de dados. A legislação brasileira institui a identificação e o salvamento arqueológico durante a implantação de projetos de grande porte no território nacional.