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Simulados de preparação para desastre mobilizam centenas de pessoas em Blumenau (SC), Vitória (ES) e Contagem (MG)
Blumenau (SC) - A Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) do Ministério da Integração Nacional realizou neste sábado (26/11), mais uma rodada de Simulados de Preparação para Desastres, a quarta desde maio último. O treinamento envolveu moradores de comunidades localizadas em áreas de risco nos municípios de Vitória (ES), Contagem (MG) e Blumenau (SC).
A cidade catarinense, a 150 km da capital, Florianópolis, foi a primeira a sediar um evento desta natureza no horário em que os desastres mais ocorrem: de madrugada. A sirene instalada na casa da presidente da Associação dos Moradores do Bairro Velha Pequena, Alzina Schimdt, soou às 5h da manhã, dando o sinal para que parte das cerca de 500 pessoas que vivem no local começassem a abandonar suas casas e se dirigissem em segurança até o Centro Comunitário da região, a um quilômetro de distância. O trajeto (rota de fuga) foi estabelecido previamente.
A comunidade, a 15 km do centro de Blumenau, e que tem esse nome por ser a menor da região conhecida como "Velha", começou a ser formada por volta de 1960 nas encostas do morro do Ristow e é hoje uma das mais vulneráveis áreas de risco das 35 catalogadas na cidade pela Secretaria Municipal de Defesa Civil. Em 2008 seis pessoas do bairro morreram em consequência de um deslizamento de terra ocorrido depois de uma noite de muita chuva. A tragédia ainda está viva na memória dos moradores.
A professora Luciana Faria dos Santos, 40 anos, é uma das que não conseguem esquecer aquela noite. "Foi horrível. A gente estava em casa quando começaram a gritar que tinha terra descendo. Não passou nem meia hora e um pedaço do morro veio abaixo, levando barro, terra, árvore, arrastando tudo".
Naquele dia eles não tiveram para onde correr, justamente as situações que os simulados pretendem evitar. A própria Luciana comenta que o exercício dá um pouco mais de segurança para os moradores. Logo que chegou ao ponto de apoio ela declarou que é muito bom saber que já vai ter uma coisa preparada, em caso de novo deslizamento "Esse abrigo, para nós já é uma segurança".
Uma operação de resgate de duas "vítimas" de soterramento no alto da comunidade também fez parte do simulado, envolvendo equipes de salvamento do Corpo de Bombeiros e do Samu de Blumenau.
Estrutura - No ponto de apoio montado pela organização do simulado os 150 participantes do evento foram recebidos pelos membros das equipes de atendimento, passaram pelo cadastramento e foram encaminhadas para o refeitório, onde foi servido o café da manhã. O abrigo conta com material de recreação para as crianças e estoque de alimentos para as eventualidades. Mais de cem pessoas dos diversos órgãos do estado e município atuaram no atendimento. Também para elas o simulado é um treinamento para os momentos que precisarem entrar em ação efetivamente.
Duas palestras encerraram o exercício, abordando aspectos psicológicos do pós-desastre e mostrando as intervenções possíveis de serem feitas para minimizar os riscos na comunidade, considerando inclusive as características geológicas do local.
Para o diretor do Departamento de Minimização de Desastres da Sedec, Rafael Schadeck, que acompanhou a realização do simulado, a preocupação principal é com a vida. "Queremos preservar a integridade física das pessoas. Enquanto não temos uma solução definitiva para o problema, o que seria o ideal, estamos buscando formas de reduzir o risco nos casos de eventos climáticos extremos", afirmou ele. Schadeck também falou dos demais simulados realizados anteriormente pelo Ministério da Integração Nacional, treinando moradores de áreas vulneráveis de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul, e dos outros dois exercícios realizados hoje simultaneamente com o de Blumenau, envolvendo moradores dos bairros Jaburu (cerca de 100 pessoas), em Vitória e Vila Jaú, em Contagem (120 pessoas).