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Simulado de prevenção marca Dia Estadual de Redução de Riscos de Desastres no estado do Rio
Alunos, professores e funcionários de 350 escolas públicas, em 88 cidades, participaram da ação
Toca a sirene na Escola Municipal Dr. Rubens de Castro Bomtempo, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, às 9h42. Dois minutos e catorze segundos depois, em tempo recorde, os 401 estudantes do Ensino Fundamental se encontravam enfileirados na quadra. Os simulados de prevenção em caso de catástrofes naturais organizados pelas secretarias Municipal, Estadual e Nacional de Defesa Civil nesta sexta-feira (29), Dia Estadual de Redução de Riscos de Desastres, têm o objetivo de estimular a participação comunitária em situações de risco. O treinamento também foi realizado em mais 88 cidades, escolas, órgãos públicos e no Senac.
Os estudantes do ensino fundamental de Petrópolis aprenderam, por exemplo, que é necessário que todos mantenham a calma, não corram, sigam as sinalizações para as rotas de fuga, conheçam os pontos de encontro definidos previamente pela defesa civil local e façam silêncio para a compreensão das instruções passadas pelos agentes comunitários e pelos bombeiros.
"Eles, nas primeiras vezes que realizamos o simulado, como é típico da idade, não levaram muito a sério. Mas, depois de repetirmos o mesmo discurso, eles entenderam que este tipo de aprendizado pode fazer a diferença entre a vida e a morte", explica a diretora-geral da escola, Eliane Soares, que está à frente da instituição há 22 anos. "Como muitos dos 900 alunos, dos três turnos, já tiveram as casas atingidas, já conheceram pessoas feridas durante as enchentes e já perderam parentes em catástrofes naturais, eles passaram a se dedicar aos exercícios simulados justamente para se proteger e proteger seus amigos e familiares", diz.
A simulação conta com os mesmos procedimentos previstos em casos de enchente ou deslizamento de terra, como emissão de alertas aos moradores, acionamento de sirenes, retiradas das pessoas de locais situados em terrenos vulneráveis e cadastramento em abrigos.
Para Cristianne Antunes, coordenadora do Departamento de Minimização de Desastres, do Ministério da Integração Nacional, a principal lição apreendida com este tipo de treinamento é criar uma cultura de prevenção junto às novas gerações. Segundo ela, as crianças de países desenvolvidos aprendem na escola o que fazer em caso de incêndio, de terremoto e de tsunami.
"Vemos que crianças americanas e canadenses sabem se comportar adequadamente durante uma catástrofe natural, mas nos questionávamos se isso seria possível no Brasil. Depois de ter visto a evacuação da escola municipal Dr. Rubens de Castro Bomtempo, em Petrópolis, em tempo recorde, temos certeza de que a resposta é sim", comemora Cristianne. Ela lembra que o trabalho bem sucedido é fruto de uma parceria entre municípios, estados e governo federal.
O tenente-coronel Paulo Renato Vaz, diretor da Escola de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, ressalta a parceria dos três entes federativos em projetos como o Agente Comunitário Escolar. Neste ano, alunos de escolas públicas de Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis participaram de um treinamento de junho a novembro, onde aprenderam sobre percepção de riscos, plano de contingência familiar, primeiros socorros e transportes de acidentados, e atividades operacionais.
"O trabalho é preventivo, sim, mas, sobretudo, educativo. As novas gerações estão mais abertas ao aprendizado e à mudança de hábitos. Os estudantes com este tipo de conhecimento entendem a parcela de responsabilidade dos cidadãos comuns em catástrofes naturais, o que os fará jogar o lixo no lugar certo, os impedirá de construir casas em áreas de risco. Queremos replicar este modelo de sucesso do Rio para o Brasil", aposta Paulo Renato.
O estudante do 8º ano Daniel Luiz dos Santos Silva, de 16 anos, um dos alunos formados no curso de agentes civis comunitários de junho a novembro, tem plena consciência de todas estas questões e de seu papel como multiplicador do conhecimento adquirido. "Tenho de ajudar não apenas minha família, mas meus vizinhos e a comunidade toda. Depois do curso, me sinto um pouco bombeiro, um pouco responsável por salvar vidas", conta Daniel Luiz.
Ele já passou por uma situação de risco com seu pai e seus dois irmãos no início do ano. Ele reconhece que se arriscou ao andar próximo de fios de alta tensão para sair de sua casa, depois de um deslizamento de barranco, para a casa do vizinho ao lado, para poder chegar à rua. Hoje, ele faria diferente. "Teria mantido a calma, o primeiro passo em qualquer situação de risco, e teria optado por uma rota de fuga mais segura com certeza".
O secretário nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional, general Adriano Pereira Júnior, ressalta a importância de se estruturar os simulados da forma mais adequada a cada região - com suas respectivas características geográficas, para maximizar os resultados.
"Aplicamos treinamento e capacitações em parceria com os estados e identificamos lideranças. Estamos descobrindo os modelos de ações que se adéquam a cada região", explica. Para ele, a participação da sociedade é fundamental para se criar uma cultura de prevenção. "Executar simulados é primordial para possamos conscientizar as pessoas da importância de estarem capacitadas a agir diante de algum desastre", diz o secretário.