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Seminário debate as experiências brasileiras na gestão de risco e desastres
Depois das experiências internacionais na gestão de risco e desastres, objeto das exposições de ontem (12/04), no Seminário sobre o assunto que está sendo realizado no Centro de Convenções, hoje foi a vez de mostrar o que está sendo feito no Brasil em termos de boas práticas na preparação e resposta nas ocorrências de desastres.
A mesa "A experiência brasileira na gestão de riscos e desastres: diagnóstico e propostas da Primeira Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária por uma Ação Integral e Contínua levou aos mais de 1.500 participantes do evento os relatos de desastres recentes e a atuação das respectivas defesas civis nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As exposições foram coordenadas pelo presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronômia (Confea), Marcos Túlio de Melo.
O coronel Jerri Andrade, da Defesa Civil do Rio, abordou o desastre da região serrana fluminense no início do ano, cujos deslizamentos e enchentes mataram perto de mil pessoas e deixaram milhares de desabrigados e desalojados. Segundo ele, uma combinação de ocupação desordenada dos morros, meteorologia e topografia foi o que ocasionou a tragédia.
A mobilização dos órgãos de defesa civil do Estado e dos municípios atingidos, que se deu imediatamente após o desastre, conforme explicou o coronel, teria evitado danos ainda maiores. "O que nos permitiu a pronta resposta foi a conjugação de esforços e a integração do Sistema de Defesa Civil, que passou por uma ampla reestruturação em 2007", ressaltou o militar carioca.
As experiências de São Paulo foram mostradas na exposição do coordenador estadual de Defesa Civil, Adnir Gervásio Moreira, que falou das ações prioritárias para o setor, como ampliação do número de municípios abrangidos por planos preventivos; atuação sistêmica com atenção na prevenção; estímulo à implantação dos Planos Municipais de Defesa Civil; formação de núcleos especiais em comunidades que ocupam áreas de risco, entre outros. Ele também destacou a proposta do Estado em incluir a disciplina de defesa civil na grade curricular das escolas e a criação do sistema integrado de defesa civil possibilitando a comunicação com os mais de 600 municípios paulistas.
O Rio Grande do Sul usou como exemplo as ações desenvolvidas no apoio aos 21 municípios da metade sul do Estado castigados por uma seca que já dura sete meses. O major Oscar Moiano, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, lembrou que as atividades se concentraram principalmente na obtenção de água para abastecimento das milhares de famílias que vivem nos assentamentos rurais da região. As primeiras medidas, implementadas com recursos repassados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, foram a perfuração de poços artesianos, distribuição de caixas d'água e filtros para as moradias, cestas de alimentos e fornecimento de água com a utilização da "viniliq-pipa", bolsa de vinil com capacidade para até 5 mil litros e transportada por veículos de médio porte.
Fechando a mesa o professor Antônio Edésio Jungles, do Centro de Estudos de Prevenção e Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina Ceped/UFSC), fez um panorama dos desastres no Brasil (secas, chuvas intensas, ciclones, deslizamentos) e falou da necessidade da criação de um centro de alerta de gestão de risco e desastre como política de Estado. Para ele a gestão do risco deve ser pensada de uma forma contínua. Outros pontos destacados na exposição foram a necessidade de levar a prevenção para dentro das escolas e a preparação para fazer a recuperação do indivíduo impactado, e não apenas dos danos materiais. Segundo o professor Antonio Jungles "gerenciar o futuro é possível, mas as decisões têm que ser tomadas agora".