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Secretário executivo do Ministério das Cidades destaca importância do uso da cadeirinha em seminário internacional
Alexandre Cordeiro relembrou o recente acidente com o filho do cantor Leonardo, protagonista da campanha de trânsito das festas de São João. “Felizmente, essa história terminará com um final feliz, mas no trânsito não podemos contar com isso sempre. Precisamos lembrar que ali pode estar um parente querido. Espero que este dia seja um exemplo de reflexão para proteger nossas crianças e alertar nossos motoristas quanto à execução de uma direção segura”, ressaltou.
Após a abertura, o representante da Fundación MAPFRE, Julio Laria del Vas, assinou o livro do Pacto Nacional por Redução de Acidentes de Trânsito. O Pacto é uma junção de diversos órgãos ministeriais, ONGs e sociedade civil, lançado em maio de 2012, para reduzir 50% dos acidentes no país até 2020.
Em seguida, Julio Laria apresentou a pesquisa da MAPFRE “Cadeirinhas de segurança para Crianças: situação na América Latina e Caribe”, onde informou que existem cinco principais fatores de riscos: velocidade, álcool, falta de uso de capacetes, cinto de segurança e a falta de sistema de retenção infantil. “Se um país conseguir controlar esses cinco fatores, haverá menos acidentes de trânsito”, afirmou.
De acordo com a pesquisa, cerca de 77% dos pais acreditam que é fundamental o ensino de conceitos sobre educação viária para as crianças nas escolas. Aproximadamente 50% não têm conhecimento se esse ensinamento ocorre ou não. “O papel dos pais neste cenário é fundamental. Os primeiros hábitos para evitar acidentes são vistos em casa e nas escolas”, observou ele.
Outro ponto abordado foi a não utilização de dispositivos de retenção em trajetos curtos ou muito conhecidos, como de casa para a escola. O diretor da MAPFRE disse que muitos acidentes com crianças ocorrem justamente nesses trajetos. “Na Espanha, por exemplo, 40% dos acidentes com crianças ocorrem próximos de suas residências”, relatou, lembrando que muitos responsáveis têm preguiça de colocar seus filhos em segurança nos dispositivos de retenção veicular.
A pesquisa informou, ainda, que 6.500 crianças entre 0 a 14 anos morrem anualmente nos 18 países da America Latina e Caribe. Os que mais sofrem com isso são o Brasil e o México. A parte do corpo mais atingida e que causa acidentes fatais nas crianças é a cabeça e 29% das crianças mortas são passageiros de veículos de passeio utilitários (veículos leves).
Detran
Representando o Detran do Distrito Federal, o diretor de policiamento e fiscalização de trânsito, Nelson de Freitas, apresentou no seminário um vídeo impactante de um pai transportando o filho sem cinto de segurança no banco da frente e, ao frear bruscamente, a criança é lançada para fora do carro. “Atitudes como essas não são infrações de trânsito e sim, um ato de homicídio”, afirmou. Para ele, é um absurdo ter que existir uma fiscalização para aplicar punições aos pais que não transportam os próprios filhos com segurança.
Nelson de Freitas observou que mais de 65% das mortes com crianças no trânsito foram reduzidas no DF. “Esse avanço é com certeza reflexo da legislação aprovada e do uso correto da cadeirinha”, analisou.
Ele ainda informou que, em 2001, foram flagrados mais de 64 mil pessoas sem cinto. Já os números de multa por falta de cadeirinha chegam a 1.120 mil. “Isso é o mesmo que dizer que são mais de mil pais negligentes transportando seus filhos”, conclui.
ONG
A representante da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia, também apontou no seminário números significativos. Segundo ela, crianças entre 10 a 14 anos estão mais vulneráveis a acidentes. “É nessa idade que a cadeirinha não cabe mais e eles não utilizam cinto. São mais de 1.8 mil crianças mortas no trânsito, o que representa 40% do total de mortes nas estradas”, disse.
Para Alessandra, a campanha do Ministério das Cidades de conscientização para o uso da cadeirinha deveria ser retomada, devido a sua grande repercussão. “Tivemos um aumento muito grande de adeptos ao dispositivo depois da campanha. É possível ver nas ruas a utilização das cadeirinhas”.
Ela também ressaltou a importância de incluir a obrigatoriedade das cadeirinhas para taxis, veículos de aluguel e transporte escolar. “Em alguns estados, como São Paulo, essa prática já esta acontecendo, mas é preciso estendê-la para todo o mundo”.
Simulador
Ao final do seminário, houve a simulação de um acidente com veículo a aproximadamente 20 km/h, usando bonecos, para mostrar o impacto em uma criança que sua a cadeirinha e em outra que está apenas sentada no carro, sem qualquer proteção.
O simulador foi financiado pela Associação Brasileira de Produtos Infantis e custou R$ 20 mil.
Karoline Sousa/Patrícia Gripp