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São Francisco - Codevasf produz mais de 9 milhões de alevinos em 2014
Filhotes de peixe são usados para recuperar recursos pesqueiros do rio e para a inclusão de pequenos produtores. Ação beneficia 81 municípios de cinco estados
O rio São Francisco está para peixe. Ao longo de 2014, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), empresa pública vinculada ao Ministério da Integração (MI), produziu mais de nove milhões de alevinos nos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da organização. A ação beneficiou 81 municípios nos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe.
Esses alevinos são usados para recuperar os recursos pesqueiros do rio e seus afluentes, por meio de peixamentos, e para a inclusão produtiva de pequenos produtores, incentivando à aquicultura. Além de promover a recuperação da ictiofauna, essas ações proporcionam alternativas de trabalho e renda. Os alevinos são usados na realização de estudos e pesquisas voltadas para o desenvolvimento da aquicultura na área de abrangência da empresa e pesquisas para a reprodução de espécies nativas.
Dos mais de nove milhões produzidos no ano passado, a maior parte - cerca de 6,5 milhões - foi destinada a ações de inclusão produtiva. O restante da produção - cerca de 2,9 milhões - foi direcionada para as ações de peixamentos realizadas pela Codevasf.
Sobre os peixamentos, o chefe da Unidade de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da companhia, Leonardo Sampaio, explica que a ação é de grande importância não apenas para a revitalização do rio, mas para a sustentabilidade da atividade pesqueira, com aumento da abundância dos peixes e diminuição da pressão do esforço de pesca sobre espécies mais visadas.
"Além disso, possibilita a recuperação de espécies que estejam correndo risco de extinção. Os peixamentos também são importantíssimos como forma de divulgar conceitos de educação ambiental, pois envolvem toda a comunidade, sendo uma importante ferramenta de conscientização", afirma Sampaio.
Na avaliação de Antônio Veiga, 67 anos, pescador desde criança em Alagoas, os peixamentos ajudam a preservar o São Francisco e geram renda para quem vive da pesca. "Mas é preciso que o pescador tenha consciência de não pescar o peixe ainda pequeno. Tem que deixá-lo crescer e se reproduzir, até porque há uma falta muito grande de algumas espécies, como a xira e o piau. Desde que a Codevasf começou esse repovoamento, a gente já consegue encontrar essas espécies por aqui. Os peixamentos são muito bons para o rio", conclui.
Ao longo de 2014, a Codevasf realizou 56 peixamentos, nos quais utilizou diversas espécies nativas da bacia do São Francisco, como curimatã, pacamã, piau, cascudo, matrinxã, piaba e dourado.
Inclusão produtiva
O outro foco da produção de alevinos tem grande importância econômica, pois promove a geração de emprego e renda na região. "A Codevasf também produz alevinos que são usados para inclusão produtiva. Sejam exóticos, como a tilápia, ou nativos, como o matrinxã. Nesse caso, os alevinos são doados para os primeiros ciclos nas unidades de capacitação em tanques-rede e viveiros escavados, onde pequenos produtores recebem capacitação e apoio na criação de peixes", explica Sampaio.
Na opinião do aquicultor Paulo Vanderlei, que mora no distrito de Ibó, em Belém do São Francisco, na divisa da Bahia com Pernambuco, o trabalho da Codevasf tem sido fundamental. Ele cria tilápia em sua propriedade. "Há cerca de dois anos recebo apoio da empresa, com fornecimento de tanque-rede e ração. É uma grande parceria", explica. Com o resultado que vem obtendo com a criação de tilápia, ele pensa em iniciar o beneficiamento de sua produção. "Meu projeto é fazer filetagem do peixe", conta o aquicultor.
Atualmente, a Codevasf apoia cerca de 50 unidades demonstrativas de piscicultura em tanques-rede e viveiros escavados, tendo como objetivo a capacitação e formação de mão-de-obra qualificada, além de incentivar o crescimento da atividade piscícola. São fornecidos tanques-rede, rações e alevinos. A empresa também fornece assistência técnica aos produtores, incentivando o associativismo e o cooperativismo.
Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura
A produção de alevinos ainda é usada em estudos e pesquisas aplicadas nos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura da Codevasf. A empresa possui sete unidades que são referência na pesquisa e reprodução de peixes para repovoamento do rio São Francisco e fomento à aquicultura comercial: Três Marias e Gorutuba, em Minas Gerais; Ceraíma e Xique-Xique, na Bahia; Bebedouro, em Pernambuco; Betume, em Sergipe; e Itiúba, em Alagoas.
Além disso, foi assinado um acordo de cooperação técnica e operacional entre Codevasf, Embrapa, Ministério da Pesca e Aquicultura e Governo do Estado do Piauí para a operação do Centro de Referência em Aquicultura e Recursos Pesqueiros no município de Parnaíba (PI).
"Por meio dos Centros Integrados de Recursos Pesqueiros e Aquicultura, a Codevasf realiza pesquisas em diversas áreas ligadas ao estudo dos peixes e seu ambiente, como reprodução, nutrição, qualidade da água, sanidade, entre outros, que proporcionam a geração de conhecimento e tecnologia na aquicultura", explica a gerente de Desenvolvimento Territorial da Codevasf, Izabel Aragão.
Por meio dessas pesquisas, são desenvolvidos pacotes tecnológicos em reprodução artificial, larvicultura e alevinagem de espécies nativas da bacia do rio São Francisco; pacotes tecnológicos em aquicultura adaptados à realidade local, como o que trata da reutilização da água dos viveiros em irrigações; transferência de tecnologia e assistência técnica a produtores rurais; estudos sobre as lagoas marginais do rio São Francisco; estudos sobre a caracterização limnológica, ictiológica e de biologia pesqueira, visando a produção de modelos de manejo ambiental de grandes reservatórios d'água.
"Boa parte do conhecimento que se tem hoje sobre comportamento, nutrição e reprodução dos peixes do São Francisco se deve às pesquisas realizadas nos Centros Integrados. Um grande exemplo disso é que foi nos Centros onde se obteve, pela primeira vez, a reprodução artificial de 35 espécies nativas da bacia, dentre elas o surubim, o dourado e o pacamã", ressalta Aragão.
Um dos estudos de destaque em 2014 foi a reutilização de água de tanques de piscicultura para irrigar plantação de pastagem, realizado em Petrolina (PE), uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Pernambuco, o IF-Sertão e a Codevasf, por meio do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Bebedouro (3ª/CIB).
"A água do tanque de piscicultura é reutilizada para irrigar o capim. Esse capim vai alimentar as ovelhas e, por sua vez, os excrementos das ovelhas vão adubar as fruteiras. Portanto, o que se está fazendo aqui é melhorando o manejo dos recursos hídricos com algo ecologicamente e economicamente sustentável", explicou Rozzanno Figueiredo, Chefe do 3ª/CIB.
Para incrementar a estrutura de seus centros, a Codevasf investiu, de 2007 a 2014, mais de R$ 25 milhões em obras e equipamentos, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Para manutenção e operação são aplicados, anualmente, recursos da ordem de R$ 3 milhões.
Da assessoria de imprensa da Codevasf