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Projeto São Francisco: o desafio da gestão das águas é discutido em workshop
A operação do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional dominou as discussões no último dia do workshop realizado em parceria pelo Ministério da Integração Nacional e Banco Mundial, em Brasília, com o tema recursos hídricos e gestão de águas.
O Ministro Fernando Bezerra Coelho, que participou da abertura do evento na tarde desta quarta-feira (16/02), afirmou que a gestão das águas do Projeto é o grande desafio que se apresenta neste momento, quando as obras de construção dos canais já se encontram em estágio avançado. Ele observou que além do modelo a ser adotado, em que o São Francisco poderá ser um piloto na gestão de recursos hídricos no Brasil, é necessário trabalhar ainda as áreas da comunicação e da educação.
"É importante idealizar seminários ao longo da Bacia do São Francisco, com participação de estados e municípios, para colher a compreensão da sociedade quanto à gestão e uso das águas da transposição", ressaltou o Ministro. Fernando Bezerra Coelho também destacou o papel que o Banco Mundial pode ter em todo o processo, apoiando propostas e trazendo para o debate as experiências bem sucedidas de gestão de bacias de que participa em várias regiões do planeta.
A visão do Banco foi apresentada por especialistas da instituição. A gerente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos para a América Latina e Caribe, Karim Kemper, anotou que na verdade não existe um modelo ideal de gestão de recursos hídricos, já que os processos estão em permanente evolução. "Vários aspectos devem ser considerados quando se trata de gestão de águas, entre eles o fator ecológico e as mudanças climáticas", disse ela.
O diretor Manuel Contijoch elogiou o sistema de gestão de bacias no Brasil, mas alertou para a sua complexidade, especialmente na do São Francisco, que segundo ele vai exigir um esforço do mais alto nível para se chegar a um consenso entre estados, municípios e a federação, de forma a otimizar os benefícios da água.
O ex-diretor do Banco Mundial e professor da Universidade de Harvard, John Briscoe, também participou das discussões, diretamente de Boston, nos Estados Unidos.
Participaram ainda do workshop, com palestras e exposições, representantes dos diversos organismos públicos brasileiros ligados ao tema, como a Agência Nacional de Águas (ANA); o Interáguas (programa do governo federal); Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs); e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paranaíba (Codevasf).
Os workshops, que nas outras edições discutiram a agricultura irrigada e a gestão de riscos e desastres, têm como objetivo reunir subsídios para a elaboração do Plano Estratégico do Ministério da Integração Nacional para os próximos quatro anos, segundo o assessor especial do Ministro e um dos coordenadores do evento, Wagner Maciel.
No encerramento dos debates, o coordenador do Departamento de Desenvolvimento Sustentável do Banco Mundial para o Brasil, Mark Lundell, afirmou que em reuniões internas da instituição será avaliada a capacidade de apoiar as propostas resultantes dos workshops. Ele também se dispôs a participar da organização de novos eventos sobre o tema, com a inclusão de equipes dos setores ligados à energia elétrica.