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Projeto São Francisco monitora peixes e plânctons em bacias do Velho Chico
Pesquisadores do Cemafauna estudam comportamento das espécies a partir da entrada das águas em canais de acesso do rio
Pesquisadores do Centro de Conservação e Manejo da Fauna (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) monitoram os peixes e plânctons (organismos aquáticos) de diferentes bacias que compartilharão a água dos dois canais, dos 27 reservatórios e de outros equipamentos do Projeto de Integração do Rio São Francisco. O Velho Chico desaguará em oito sub-bacias nos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.
Os pesquisadores querem saber como essas espécies se comportaram a partir da entrada das águas nos canais de acesso do São Francisco, no primeiro semestre de 2014, como funcionaram as barreiras de proteção antes das bombas e quais espécies chegaram até o reservatório de Areias, em Floresta (PE) - o primeiro a receber água, em outubro do mesmo ano, com os primeiros testes da estação de bombeamento do Eixo Leste.
A partir da captação da água no Lago da Represa de Itaparica, também em Floresta, novos tipos de monitoramento passaram a ser realizados. "Nos pontos amostrados no lago, 34 espécies de peixe foram encontradas, mas apenas 16 entraram no canal de aproximação", relata Luiz Cezar. "Dessas, três conseguiram ultrapassar as barreiras de proteção e chegar até o Reservatório de Areias", complementa. Os testes não possuem base de comparação.
O monitoramento pelo Cemafauna começou em agosto de 2012. Os analistas ambientais fizeram o levantamento dos peixes e plânctons existentes nas bacias hidrográficas e corpos d'água ao longo da obra. Além de identificar peixes nativos e exóticos, os profissionais estudaram os hábitos alimentares e reprodutivos e a história natural de aproximadamente metade das 108 espécies.
Com o início do enchimento dos dois canais e dos 27 reservatórios, novos monitoramentos serão feitos em busca de informações inéditas. Os pesquisadores querem saber, por exemplo, como vão se comportar as espécies das diferentes bacias e as populações dos rios intermitentes quando eles se tornarem permanentes.
Estudos acadêmicos
O trabalho dos biólogos, veterinários e engenheiros de pesca envolvidos no monitoramento do Projeto São Francisco incluem 11 tópicos fundamentais, explica o professor Luiz Cezar Machado Pereira, coordenador do Cemafauna. Os principais objetivos são conhecer a qualidade e a quantidade da fauna local, compreender as variações dos períodos de seca e de cheias e como as espécies monitoradas se espalham em seus habitats.
Os estudos também identificam as interações entre as espécies e os locais mais importantes do ponto de vista ecológico. "Esses trabalhos estão se transformando em estudos acadêmicos. Além disso, estamos preparando um livro sobre a ictiofauna (peixes e plânctons) do Projeto São Francisco", conta o professor Luiz Cezar. A previsão é que o livro seja lançado no primeiro semestre de 2016.
O levantamento das espécies terá informações sobre o Velho Chico em Cabrobó (PE), no Lago da Represa de Itaparica, em Floresta (PE) e nas sub-bacias do Terra Nova (PE), Brígida (PE), Jaguaribe (CE), Piranhas (PB), Apodi (RN), Pajeú (PE) e Moxotó (PE). Além dos 27 reservatórios, o Projeto São Francisco vai recuperar 23 açudes. Através de 37 pontos de monitoramento nos quatro estados envolvidos nos trabalhos, os analistas vão ter uma visão geral de todos estes corpos d'água.
Tecnologia
Construído e equipado com orçamento do Projeto São Francisco, o Cemafauna possui laboratório de ecologia para análise dos peixes o Núcleo de Ecologia Molecular, capaz de analisar a bioquímica e a genética das espécies. Nesses locais, os biólogos identificam interações moleculares e conseguem até atestar a salubridade da água ao examinar o peixe.