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Projeto São Francisco: Cemafauna reintegra animais à vida selvagem
Centro apoiado pelo Ministério da Integração Nacional já resgatou mais de 121 mil bichos e soltou 105 mil
Desde 2008 até setembro de 2015, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) resgatou mais 121 mil animais na região do Projeto de Integração do Rio São Francisco. Desse total, 105 mil (86,7%) retornaram à vida selvagem. As instalações do centro, que pertence à Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), foram construídas com recursos do Projeto de Integração do Rio São Francisco, gerenciado pelo Ministério da Integração Nacional (MI).
A maioria dos animais resgatados são répteis e mamíferos de pequeno porte, como espécies de cobras, calangos e ratos que habitam a região, mas também há aves e anfíbios. Os bichos são tratados, alimentados e preparados para a reintrodução à natureza. A estrutura que habilita as espécies para a soltura é composta por instalações com viveiros, jaulas, salas, laboratórios e clínicas veterinárias.
Também é para o Cemafauna que são encaminhados os animais vítimas de acidentes rodoviários ou resgatados do tráfico - crime recorrente no sertão brasileiro.
O centro tem equipes de analistas ambientais (biólogos e veterinários) nos eixos Norte e Leste do Projeto São Francisco. Em Cabrobó e nas cidades de Jati (CE), Brejo Santo (CE) e São José de Piranhas (PB), no Eixo Norte, os profissionais efetuam os resgates terrestre e embarcado. O mesmo ocorre no município de Floresta (PE), no Eixo Leste, onde os analistas ambientais retiram expurgos da vegetação suprimida para a construção dos canais e reservatórios.
Durante o período de enchimento desses locais, surgem pequenas ilhas que passam a abrigar répteis e mamíferos, que não conseguem se deslocar para áreas que não serão inundadas. As equipes do Cemafauna acompanham o processo, percorrendo os reservatórios em barcos.
"Temos que retirar esses animais, porque eles não conseguem nadar até uma parte que ficará completamente seca. Mesmo aqueles que têm a capacidade de nadar, se deslocam em pequenas distâncias. Outros têm o hábito de se abrigar em fendas e pequenos orifícios rochosos", explicou a analista ambiental Gabriela Felix.
Reintegração
Depois de resgatados, os espécimes passam pela triagem, registro fotográfico e identificação. Quando possível, os profissionais do Cemafuna determinam o sexo. Os animais, então, são levados a um ponto de soltura, em áreas mais afastadas do alagamento.
Nem todos são reintegrados diretamente à natureza. As espécies cujas habilidades de sobrevivência ficam comprometidas são encaminhadas para zoológicos ou criadores científicos credenciados junto a órgãos ambientais.
O Cemafauna serve de base para as pesquisas da Univasf e é referência como Centro de Triagem de Animais Silvestres em um raio de 500 quilômetros. Os animais se recuperam com a supervisão de veterinários e zootécnicos. A estrutura oferece instalações como o corredor de vento, onde as aves podem desenvolver musculatura, para recuperar as condições para voar.