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Projeto encabeçado pela ANA utilizará análises de esgoto para avaliar proliferação do coronavírus
Estudos serão feitos em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas e o INCT ETEs Sustentáveis, da UFMG. Foco inicial será em Belo Horizonte e Contagem
Brasília-DF, 24/4/2020 – A Agência Nacional de Águas (ANA), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), inicia nesta sexta-feira (24) um projeto-piloto para estimar o número de pessoas infectadas pelo coronavírus em áreas urbanas específicas por meio do monitoramento de resíduos despejados na rede de esgotamento sanitário. A ação, batizada Covid Esgotos, vai mapear a ocorrência da Covid-19 em diferentes pontos das sub-bacias sanitárias de Belo Horizonte e de Contagem, cidade da Região Metropolitana da capital mineira.
Os primeiros estudos deverão ter duração de dez meses e serão desenvolvidos em parceria com o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) Sustentáveis, coordenado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A Secretaria de Estado da Saúde e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) também integram a iniciativa.
A detecção e quantificação da presença do vírus subsidiarão a elaboração de mapas dinâmicos georreferenciados para o acompanhamento da evolução espacial e temporal da pandemia. O trabalho também prevê a coleta de amostras de esgoto das regiões investigadas.
A diretora-presidente da ANA, Christianne Dias, destacou que o projeto possibilitará a criação de um sistema de avisos para antecipar medidas sanitárias e auxiliar o diagnóstico feito em regiões ainda sem sinais manifestos da infecção.
“Nas águas e nos esgotos podemos ter informações valiosas para salvar vidas, auxiliando os órgãos de saúde a alocarem seus esforços para o combate à pandemia e, ainda, para entender a dinâmica da movimentação do vírus nos municípios. Um diferencial da pesquisa é a regionalização dos dados e a perenização de seus resultados, mesmo após a entrega das conclusões, com a criação de avisos, que podem ser úteis para possíveis novas ondas de infecção e para o planejamento de medidas de retorno das atividades de forma embasada”, afirmou.
Para a diretora-geral do Igam, Marília Melo, o estudo tem potencial para ampliar o entendimento da circulação do coronavírus. Ela reforçou que a ideia é que o modelo da pesquisa possa ganhar escala e seja levado a outros estados.
“Nós temos a possibilidade de identificar áreas onde o vírus está mais ou menos presente. Assim, o estudo pode fornecer subsídios para as autoridades da área de saúde estabelecerem ações de redução dos níveis de transmissão da doença e de proteção da população”, avaliou.