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Perímetro no Rio Grande do Sul é pioneiro no reuso da água para agricultura
Economia chega a 15 milhões de metros cúbicos por ano, volume suficiente para abastecer por dois anos a cidade onde o projeto está localizado
Uso racional da água e aumento da área irrigada. Esses são alguns dos benefícios do reuso da água realizado pelo perímetro do Arroio Duro, no Rio Grande do Sul. O modelo pioneiro serve de exemplo para outros projetos de irrigação no Brasil, como os perímetros do Chasqueiro (RS) e Luís Alves (GO), e no Paraguai.
Localizado no município de Camaquã, o projeto irriga 20 mil hectares por inundação de arroz, com produtividade média de 7.040 kg/ha. É administrado pela Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação de Arroio Duro (AUD) em parceria com o Ministério da Integração Nacional.
A irrigação por inundação consiste em colocar uma lâmina de água em compartimentos formados no terreno, denominados de tabuleiros ou quadros, que são limitados por pequenos diques ou taipas (construção destinada a represar água). A inundação do solo pode ser feita de maneira contínua, durante grande parte do ciclo do arroz, ou de maneira intermitente, caso em que a lâmina de água é reposta após um intervalo de tempo desde o seu desaparecimento do tabuleiro.
No caso do perímetro do Arroio Duro, a captação da água é feita em uma barragem e, por gravidade, ela percorre canais até chegar aos lotes, por meio de comportas elevadoras de nível nos canais de irrigação ou irrigadores. Um sistema de drenagem é associado aos tabuleiros, o que possibilita a retirada do excesso de água, que é recolocada nos canais.
O chefe de irrigação da AUD, Everton Fonseca, explica que a ideia de reutilizar a água surgiu na concepção do projeto, que foi idealizado pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), e é prioridade do sistema. "Economizamos cerca de 15 milhões de metros cúbicos de água anualmente", diz Fonseca. O volume é suficiente para atender mais de 1.500 hectares. Segundo ele, a cada ano o uso da água diminui. "Isso é possível a partir de um melhor controle no fornecimento da água quanto no controle das perdas", afirma.
O volume economizado no projeto equivale ao consumo de água, por dois anos, pela população de Camaquã, estimada em 65 mil habitantes*.
*Com dados da Companhia de Abastecimento Público do RS (Corsan)
Foto: Ascom MI