Notícias
Parceria entre Sudam e Universidade Federal do Tocantins vai viabilizar a produção de etanol na Amazônia
Publicado em
23/03/2015 16h00
Atualizado em
03/11/2022 09h34
Programa da entidade vinculada ao Ministério da Integração Nacional foi lançado nesta segunda-feira
A Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), vinculada ao Ministério da Integração Nacional (MI), e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) lançaram nesta segunda-feira (23/3) o Programa de Produção de Etanol Social da Amazônia. A solenidade, realizada na instituição de ensino superior, em Palmas (TO), marcou também a inauguração da usina flex, para produção de etanol da batata-doce.
A parceria entre Sudam e UFT vai permitir o estabelecimento da Amazônia como produtora de etanol, de forma sustentável e socialmente inclusiva. Com capacidade de 3 mil litros por dia, a usina flex funcionará como vitrine do programa da Sudam, já que produtores poderão conhecer o processo de fabricação do etanol da batata-doce e suas potencialidades, e permitirá a continuidade das pesquisas da universidade.
O Programa de Produção de Etanol Social da Amazônia, por sua vez, permitirá levar essa tecnologia a todos os estados da região amazônica, fortalecendo os pequenos e os médios produtores e criando empregos sem gerar impacto ao meio ambiente - o primeiro estado deve ser o Pará, por meio de parceria com a Universidade Federal Rural da Amazônia.
"A tecnologia não é ponto principal da solenidade de hoje, mas o programa", afirma o reitor da UFT e pesquisador do álcool da batata-doce, Márcio Silveira. "A parte técnica nós já dominamos. Mas, se você não tem um órgão de fomento para subsidiar os produtores, o conhecimento não se dissemina e a tecnologia perde o sentido. O projeto da Sudam transforma o conhecimento em algo palpável para o produtor, que poderá usar essa tecnologia em favor do desenvolvimento da região", explica.
Silveira ressalta que a batata-doce é a cultura ideal para viabilizar uma iniciativa dessa natureza, já que o custo do milho e da cana-de-açúcar é alto, assim como o da beterraba, como se usa na Europa. A solução, portanto, foi focar em uma espécie nativa. E como a produção em maior escala da mandioca não é viável - porque ela não pode ser colhida mecanicamente - a batata-doce é a candidata ideal.
"A batata-doce já era cultivada pelos brasileiros nativos antes do descobrimento do país. É uma cultura rústica, naturalmente resistente a pragas, que dispensa agrotóxicos. Tem o ciclo de produção rápido, de apenas cinco meses e, graças às pesquisas da UFT, que criou cultivares capazes de produzir até 50 toneladas por hectare, produz em grande escala", conta o reitor.
Além da produção do etanol e de seus derivados (que vão do biogás às bebidas e aos compostos cosméticos), o processo de geração do álcool a partir da batata-doce gera resíduo rico em proteína, que pode ser utilizado na alimentação de bovinos, ovinos e suínos.
Desenvolvimento sustentável
Em sua apresentação, o superintendente da Sudam, Djalma Mello, explicou que o objetivo do projeto é promover a diversificação da base produtiva industrial da Amazônia, verticalizar a produção, gerar empregos e internalizar a riqueza produzida nos nove estados da região.
"A Amazônia, hoje, não produz etanol, o que nos torna dependentes de São Paulo e do Nordeste em relação ao produto. As pesquisas da UFT com a batata-doce nos apresentaram a cultura ideal para reverter esse quadro de forma sustentável. Temos os recursos naturais, já que a região dispõe de milhares de hectares de terra pronta para o uso, sem a necessidade de desmatamento. Temos também a mão-de-obra, proveniente dos pequenos e médios produtores e da agricultura familiar. E, com as cultivares da universidade, temos a matéria-prima", explica o superintendente.
De acordo com Mello, o objetivo da Sudam é instalar um polo de produção de etanol em cada estado da Amazônia. "Além da facilidade de crédito e subsídio, vamos oferecer ainda um desconto de 75% no imposto de renda pago pelo produtor", anuncia.
Fonte: assessoria de comunicação da Universidade Federal do Tocantins