Notícias
Oeste da Bahia abriga primeira Unidade de Referência em Produção Irrigada do Brasil
O Polo de Irrigação do Oeste da Bahia, reconhecido em outubro de 2019 por meio de portaria do MDR, abrange 17 municípios, com uma área irrigada de mais de 190 mil hectares (Foto: AIBA/Divulgação)
Brasília (DF) – Produtores rurais do oeste baiano, região rica em culturas como de banana, cacau, limão, algodão, milho e soja, vão dispor de uma importante ferramenta de capacitação, inovação e pesquisa proporcionada pelo Governo Federal. Em parceria com a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) definiu o campus da instituição na cidade de Barreiras como a primeira Unidade de Referência em Produção Irrigada do País.
A iniciativa busca contemplar demandas de agricultores do Polo de Irrigação do Oeste da Bahia, reconhecido em outubro de 2019 por meio de portaria do MDR e que abrange 17 municípios, com uma área irrigada de mais de 190 mil hectares. A ideia é que o Ministério financie ações junto a unidades parceiras, no sentido de capacitar mão de obra especializada e realizar estudos aplicados, propondo soluções aos problemas identificados pelos produtores.
A diretora de Desenvolvimento Regional e Urbano do MDR, Adriana Melo Alves, explica os benefícios da ação. “Isso atende a duas importantes estratégias do MDR. A primeira, proporcionar a disseminação de processos inovadores e a transferência de tecnologia aos irrigantes. A segunda, mais ampla, contribuir para o desenvolvimento regional, gerando nas novas áreas produtoras nordestinas possibilidades de atração e fixação de capital humano qualificado, novos investimentos e uma gama de serviços intensivos em conhecimento e inovação”, explica.
A parceria com a UFOB, que deve receber investimentos de cerca de R$ 5 milhões do MDR nos próximos anos, deve-se ao fato de a instituição possuir forte importância regional e disponibilizar cursos voltados ao desenvolvimento da agropecuária na Bahia. O professor Erick Rojas, superintendente de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Regional da universidade, destaca o potencial agrícola do oeste baiano e prevê avanços com a parceria junto ao MDR.
“Devemos ressaltar a importância da região como um polo agrícola, onde muitos pequenos produtores estão entrando em uma fase de melhoramento do seu processo produtivo e de gestão. A unidade de referência em irrigação pretende possibilitar ações para o crescimento deste polo agrícola, e a universidade se coloca à disposição do setor produtivo. Estamos desenvolvendo alguns planos de trabalho e, em breve, ofereceremos alguns serviços tecnológicos para os produtores”, adianta Rojas.
A iniciativa faz parte do rol de ações adotadas para implementar a Política Nacional de Irrigação, definida pela Lei 12.787, de 11 de janeiro de 2013, e regulamentada por meio da Portaria MDR nº 807, de 1º de abril de 2020. A instituição da UFOB como unidade de referência na área gera expectativas positivas na região. O produtor rural David Schmidt, integrante de um grupo agrícola que atua desde 1979 no Oeste baiano, vislumbra melhorias.
“É muito bom ter uma instituição que vai abraçar as demandas da região e ter pesquisadores que vão entender a dificuldade do produtor, conseguindo desenvolver soluções de uma forma mais rápida e mais adaptada à nossa região. Isso vai nos dar mais eficiência, ajudando a racionalizar o uso de água, e permitir um melhor retorno das atividades. Acredito que vai ser uma excelente parceria para o desenvolvimento agrícola do Oeste da Bahia”, aposta Schmidt, representante da Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (AIBA).
Polos de Irrigação
O Polo de Irrigação do Oeste da Bahia engloba as cidades de Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Cocos, Coribe, Correntina, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Muquém do São Francisco, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, São Desidério, São Felix do Coribe e Serra do Ramalho.
Além da unidade baiana, quatro outros centros já se encontram em operação: o Polo de Agricultura Irrigada da Bacia do Rio Santa Maria, no Rio Grande do Sul; o Polo de Irrigação Sustentável do Vale do Araguaia, o Polo de Agricultura Irrigada do Planalto Central de Goiás, ambos em Goiás, e o Polo do Sul do Mato Grosso.
Novos locais seguem em fase de análise e planejamento: o do Noroeste do Rio Grande do Sul e os de Unaí (MG), Paranapanema (SP), Mossoró (RN) e Balsas (MA). Os polos são instalados em regiões do País que se destacam pela grande concentração de segmentos produtivos e de áreas de irrigação privada.
Outro Polo de Irrigação que vem sendo implantando é o do Baixio do Irecê, também na Bahia. Duas etapas já foram implantadas e as demais serão concedidas à iniciativa privada em 2021. O MDR e a Codevasf estão promovendo até 16 de dezembro consulta pública sobre o processo de concessão, com participação aberta à toda a sociedade. Saiba mais neste link.
Política Nacional
A Política Nacional de Irrigação tem como objetivo organizar o marco legal para a gestão de projetos na área, tendo na indução à eficiência no uso de recursos hídricos a sua principal diretriz. O texto também reforça estratégias para o desenvolvimento da agricultura irrigada, com vistas ao aumento sustentável de produtividade e à redução de riscos climáticos na agropecuária, além de preconizar parcerias entre os setores público e privado a fim de ampliar a área irrigada no País.
O MDR desenvolve ações no sentido de fomentar a expansão da irrigação como instrumento de desenvolvimento regional, a exemplo dos Polos de Produção Irrigada e dos Projetos Públicos de Irrigação. De modo a possibilitar um maior intercâmbio de informações e a articulação junto à iniciativa privada, o Ministério dispõe ainda da Câmara Técnica-Setorial de Produção Irrigada, instituída pela Portaria n°137, de 23 de janeiro de 2020.