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Mulheres Kambiwá criam associação após capacitação em programa do MI
Esse foi um dos resultados práticos de programa de apoio aos povos indígenas do Projeto São Francisco
O povo Kambiwá, localizado no sertão de Pernambuco, uma das três comunidades assistidas pelo Programa de Apoio aos Povos Indígenas do Projeto São Francisco, criou uma associação de mulheres que já conta com 28 membros e visa a sua autonomia socioeconômica por meio de um projeto para construção de uma cozinha comunitária, que trabalhará com o beneficiamento de frutas nativas da caatinga.
Esse foi um dos resultados de dois anos de capacitações apresentados no seminário "Povos Indígenas e o Projeto São Francisco", promovido pelo Ministério da Integração Nacional (MI) neste mês. "A gente tinha vontade de fazer e não via caminhos. Por meio das oficinas, tivemos condições de organizar nossa associação de mulheres, coisa que antigamente era feita por outras pessoas. Hoje somos protagonistas", disse a professora Romana Maria Bezerra Lima, índia da aldeia Nazário.
"Todo esse processo foi muito importante, nos permitindo andar com nossas próprias pernas. Nada melhor do que o conhecimento para que as pessoas possam caminhar sem depender de ninguém. Assim teremos bons frutos sobre nossas ações, porque vamos buscar meios para melhorar a condição de vida das mulheres da comunidade", comenta.
A associação conta atualmente com representantes das aldeias Pereiro, Serra do Periquito e Baixa da Alexandra. "Já fizemos a aquisição de alguns materiais como fogão, freezer, liquidificador", comemora a professora.
Com a cozinha comunitária, o povo Kambiwá espera produzir polpas de frutas, compotas, geleias e outros produtos. A comunidade também está comprometida com o reflorestamento: planeja recuperar as áreas degradadas do território por meio do plantio de árvores frutíferas, que fornecerão matéria-prima para manter em funcionamento e ampliar a cozinha.
Sobre o programa
As capacitações são parte de um conjunto de 38 estratégias socioambientais do Projeto de Integração do Rio São Francisco, que tem o objetivo de compensar e minimizar os impactos provocados pela implantação e operação do empreendimento.
Nesses últimos dois anos, o Ministério da Integração Nacional desenvolveu junto às etnias indígenas Pipipã, Tumbalalá e Kambiwá ações de implantação de infraestruturas em organização social e gestão produtiva, com o objetivo de proporcionar melhores condições de vida, autonomia socioeconômica e ambiental.
Foram trabalhadas questões como associativismo e cooperativismo; elaboração e gestão de projetos, gestão de resíduos sólidos, criação de animais de pequeno e médio porte; beneficiamento de frutas; agricultura orgânica; agrofloresta; reflorestamento; implantação e gestão de viveiros; apicultura; artesanato e comercialização e divulgação de produtos.
Para a coordenadora geral de Programas Ambientais do projeto, Elianeiva Odísio, as capacitações foram muito bem aproveitadas pelos povos assistidos. "Tudo isso abriu um leque, uma perspectiva para eles", afirmou.
Os recursos para ações de compensação ambiental promovidas pelo Ministério da Integração Nacional dentro do Projeto de Integração do Rio São Francisco somam mais de R$ 1 bilhão e vão trazer benefícios econômicos, sociais e ambientais para as localidades na área de abrangência do empreendimento.
Maior obra de infraestrutura hídrica do país, o empreendimento levará água a mais de 12 milhões de brasileiros nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.