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Monitoramento ambiental no São Francisco auxilia pesquisa sobre mudanças climáticas
Estudos têm como base dados coletados numa área de aproximadamente seis milhões de hectares no sertão brasileiro
O acúmulo de informações científicas sobre o bioma caatinga no âmbito do Projeto de Integração do Rio São Francisco motivou uma parceria entre a Universidade de Lisboa e o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O objetivo é aprofundar pesquisas sobre as mudanças climáticas em curso no planeta. A base de trabalho para os estudos é o monitoramento da biodiversidade da região, com investimentos do Ministério da Integração Nacional (MI).
O acompanhamento permanente por parte de equipes do Núcleo permite aferir como ocorre o fenômeno das mudanças climáticas na região do São Francisco, explica o coordenador Renato Garcia. "O objetivo é conhecer a composição da vegetação da Caatinga em diferentes níveis de aridez que possuímos na região. Também queremos saber como as características de algumas espécies de plantas se comportam quando estão em locais mais ou menos secos", pontua.
As mudanças climáticas no semiárido, acrescenta o coordenador do Nema, se dão com o agravamento da redução na quantidade de chuvas. Se o fenômeno se torna persistente, a vegetação pode sofrer alterações, como o desaparecimento de determinadas espécies e a expansão de outras. "A Universidade de Lisboa, há muito tempo, trabalha em análises nos semiáridos português e espanhol. Os pesquisadores possuem ferramentas e muito conhecimento", garante. Renato Garcia lembra que, em Portugal, um terço do país está no semiárido.
Os estudos em parceria entre o Núcleo e a universidade portuguesa utilizarão dados coletados em toda a área de influência direta do Projeto de Integração do Rio São Francisco, o que totaliza aproximadamente seis milhões de hectares no sertão brasileiro.
Ações ambientais
O Projeto São Francisco é a maior obra de infraestrutura hídrica do país, construído para abastecer 390 municípios no Nordeste Setentrional. Paralelamente à execução das obras, o Ministério da Integração Nacional possui 38 programas ambientais que ajudam a reduzir os impactos da implantação do empreendimento e aprofundam o conhecimento da fauna e da flora do bioma caatinga e de aspectos arqueológicos e socioeconômicos da região.
São exemplos desse trabalho o reassentamento de famílias em vilas produtivas rurais e a criação do Nema e do Centro de Manejo e Monitoramento da Fauna da Caatinga (Cemafauna), em Petrolina (PE) - ambos pertencem à Univasf.
O Nema é a instituição responsável pelos projetos ambientais relacionados à preservação e à recuperação da flora nas áreas impactadas pelo empreendimento. O Cemafauna é utilizado para conservação e o manejo da fauna silvestre da caatinga. Cerca de R$ 1 bilhão em investimentos, quase 12% do orçamento global do projeto, é destinado às ações ambientais