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Ministro Fernando Bezerra Coelho anuncia criação de linha de crédito para comércio da região serrana do Rio de Janeiro
Brasília - O Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, anunciou na tarde desta terça-feira (18/01) em Nova Friburgo a criação de uma linha de crédito facilitada para que a indústria e o comércio da região serrana do Rio se recuperem. A região foi devastada pela chuva da semana passada.
A proposta, que deve ser anunciada oficialmente na quinta-feira (20/01), é de uma linha de financiamento com dois a quatro anos de carência, juros baixos e com prazo de pagamento de até dez anos. O objetivo é dar capital de giro ao comércio e reconstruir a infraestrutura.
A cidade de Nova Friburgo é um dos principais polos de produção de moda íntima do país, além de forte atuação no setor metal e mecânico e importante ponto turístico.
O anúncio foi feito depois de o ministro reunir-se na Prefeitura de Nova Friburgo com o governador Sérgio Cabral (PMDB), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, o ministra da Justiça, José Eduardo Cardozo, além de autoridades estaduais e municipais.
Cabral, por sua vez, reclamou do sistema de alerta do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). "A Defesa Civil do Estado repassou às cidades um alerta que ela recebe todos os dias de chuva moderada a forte. O que você interpreta de chuvas moderadas a forte, se toda vez você recebe o mesmo relatório?" questionou.
Segundo estimativas do governo do Estado, há 10 mil pessoas trabalhando nas sete cidades atingidas para resgatar vítimas, limpar e recuperar as vias. Cerca de 5.600 famílias estão desabrigadas nesses municípios. A estimativa da Secretaria de Assistência Social é de que a partir de fevereiro os desabrigados recebam a primeira parcela do aluguel-social, que deve durar por 12 meses.
O comitiva dos ministros e do governador saiu de Nova Friburgo às pressas, temendo que uma pancada de chuva que se aproximava a deixasse presa na cidade. O helicóptero decolou pouco depois das 15h, sob forte chuva. Alguns membros da comitiva não conseguiram chegar a tempo ao campo do Friburguense, local onde estava a aeronave, e foram deixados para trás.
CHUVAS
Uma semana depois da tragédia causada pela chuva em municípios da região serrana do Rio de Janeiro, o cenário ainda é de guerra em boa parte das áreas afetadas. As cidades, porém, vão se organizando diante da nova realidade. A avaliação é do chefe do Estado Maior e subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel José Paulo Miranda, que acompanha os trabalhos de buscas, resgate e salvamento das vítimas dos deslizamentos.
Ele afirma que, quando as primeiras equipes iniciaram o socorro, não se tinha a dimensão exata dos estragos. Ele diz acreditar que as horas iniciais dos resgates --quando ainda se tem esperança de encontrar vítimas com vida-- foram as mais difíceis.
"O primeiro momento sempre é mais difícil porque não tínhamos ideia do que realmente tinha acontecido. O acesso aos locais de deslizamento era muito difícil, o tempo, ainda chuvoso, também complicou. Mas estamos avançando e diante da dimensão do desastre, a resposta tem sido extremamente positiva", avaliou.
No domingo (16/01), o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), decretou estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal. Na segunda, ele anunciou a criação do Gabinete Executivo de Reconstrução da Região Serrana, que será chefiado pelo prefeito de Bom Jardim, Affonso Monnerat.
A prefeitura de Teresópolis desapropriou uma fazenda na área urbana da cidade para construção de casas para desabrigados. Serão construídas, em caráter de emergência, 500 unidades habitacionais no local.
Para ajudar na divulgação de informações sobre desaparecidos, Nova Friburgo deve colocar em funcionamento a partir de hoje uma central telefônica gratuita. O número 0800-0221011 deve começar a funcionar até o final do dia.
Pais com crianças desaparecidas após as chuvas na região serrana do Rio temem que os filhos possam ter sido entregues ilegalmente para outras famílias.
SAÚDE
Na região serrana do Rio, pacientes fazem fila por vacina que não existe. "Não tem vacina para hepatite. É só para tétano, para quem se feriu. E não existe vacina contra leptospirose", gritava a agente de saúde Soraya Babo para as cercas de 30 pessoas que aguardavam na fila da vacinação de um posto na manhã de segunda-feira (17/01) em Nova Friburgo.
Enquanto isso, o professor Igor Fonseca, 27, entrava na sala de vacinação sem ter sofrido nenhum ferimento. Os funcionários perguntaram seu nome e sua idade. Nenhuma menção a cortes ou machucados na pele. "É por precaução, porque eu tive contato com a água", afirmou Fonseca.
A Subsecretaria de Vigilância em Saúde pediu que moradores das localidades atingidas por enchentes na região serrana fiquem atentos quanto ao surgimento de sintomas de doenças comuns após inundações, entre elas a leptospirose. A doença é tratável, mas é importante que o diagnóstico seja feito o quanto antes.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria leptospira, presente na urina do rato. Em situações de enchentes e inundações, ela mistura-se à água e pode penetrar no corpo dos moradores pela pele, principalmente se houver algum ferimento ou arranhão.
Os primeiros sintomas podem aparecer de um a 30 dias depois do contato com a enchente. O mais comum, porém, é que apareçam entre uma e duas semanas após o contato. As queixas mais frequentes são de febre, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente na panturrilha. Também pode ocorrer icterícia, coloração amarelada da pele e das mucosas.
Fonte: Felipe Caruso, do Rio, da Agência Brasil de São Paulo